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Gran Turismo 7 | REVIEW

O nome Gran Turismo tem um peso muito forte e isso se deve a grandiosidade que a franquia possui no cenário dos jogos digitais. Hoje em dia existem alguns concorrentes de peso que entregam jogos de qualidade, porém, o que torna Gran Turismo especial é a sua tradição. A PlayStation possui muito jogos conhecidos em seu leque de franquias, mas nenhum deles possui uma história tão longeva quanto a franquia GT tem. E na minha opinião, Gran Turismo não é apenas mais um jogo de corrida, mais um simulador, e sim uma expressão de toda uma cultura que envolve o ramo automobilístico.

Gran Turismo 7 foi desenvolvido pelo tradicional estúdio japonês Polyphony Digital, estúdio que desde seu princípio ficou responsável por entregar jogos de corrida, iniciando sua jornada com Motor Toon Grand Prix em 1994 e desenvolvendo todos os Gran Turismo que temos até hoje. O jogo, obviamente, é publicado pela PlayStation e está disponível para as duas gerações mais recentes de console da gigante japonesa. O jogo foi dirigido pelo próprio presidente do estúdio, Kazunori Yamauchi e chega aos consoles no dia 04 de março.

Apesar de ser uma franquia muito tradicional, ela não é inapta a ter alguns deslizes e o último jogo lançado é um desses casos. Gran Turismo Sport é um bom jogo, porém, abaixo de toda a qualidade esperada para um jogo de uma franquia tão importante para o gênero de jogos de corrida. E por isso, Gran Turismo 7 não chega apenas como mais um jogo numerado da franquia, como tem a responsabilidade de corrigir todos os erros que o jogo anterior possui. Será que ele consegue? É o que vamos descobrir mais à frente.

O resgate da franquia

Jogos de corrida possuem uma separação bem definida, é um daqueles gêneros de jogos que possuem alguns subgêneros e no caso desses jogos de corrida, a divisão mais óbvia são os jogos com estilo mais arcade e os jogos de simulação. Geralmente, as franquias de jogos de corrida buscam caminhar por ambos os estilos, como ocorre com a franquia Forza por exemplo, ou a franquia Dirt, e o Gran Turismo Sport foi uma tentativa de tornar o jogo mais acessível visando esse público mais arcade. Como já foi dito, essa tentativa não deu muito certo.

Os jogos de simulação, gênero que o GT se encaixa, costumam ser jogos mais nichados, pois o fator videogame é meio que excluído da equação, focando em deixar tudo o mais semelhante possível com a realidade. Nem todos gostam disso né, afinal, jogos são o lugar onde fugimos um pouco da nossa realidade. Porém, os jogos de simulação nos proporcionam experiências que dificilmente teríamos na realidade, sensações únicas, principalmente se utilizar os acessórios adequados, como volantes.

Este que vos fala é um desses que prefere jogos arcade, pois nunca foi muito a minha praia jogos de simulação por envolverem outros aspectos no jogo além de apertar um botão para acelerar e controlar o carro apenas. Mas nesse jogo, senti algo que não havia sentido antes em outros jogos simuladores. Não é algo que consiga explicar, mas com esse jogo eu consegui me divertir de uma maneira que não havia conseguido antes em jogos do gênero. E não é o primeiro GT que jogo, pois tive experiências com a franquia desde a era do PlayStation 2.

Ao início, podemos escolher o tipo de experiência que desejamos ter. Podemos escolher em uma experiência focada em jogadores “veteranos” ou em uma para iniciantes. E bom, eu escolhi uma focada na segunda opção e foi uma escolha acertada na minha opinião pois me foi ensinado de forma gradual a todas as questões de jogabilidade do jogo, de uma forma muito satisfatória.

Assim que iniciamos o jogo, já somos levados para um novo modo de corrida que chega a franquia: o Music Rally. Neste modo, corremos com uma música ao fundo onde nosso objetivo é chegar ao fim dessa música. Existe um contador que vai descendo, com um tempo bem menor que o da duração da música. Temos que ultrapassar alguns arcos na pista para acrescer alguns segundos no tempo para conseguirmos a maior distância possível ou terminar a música.

gran turismo 7

Após concluirmos essa parte, que serve como uma introdução a jogabilidade do jogo, somos levados ao mapa-múndi, local onde passaremos a maior parte do jogo e onde praticamente todas as interações ocorrem. Nele, temos diversos locais que possuem funções específicas, as quais citaremos abaixo:

  • Concessionária de carros usados: Ao iniciarmos o jogo, não possuímos nenhum carro em nossa coleção, e por isso temos que comprar um carro. A concessionária de carros usados serve justamente para adquirirmos um carro que pode ter um valor mais acessível do que comprando um novo. Porém, não é só para isso que ela serve. Em alguns momentos, podemos encontrar alguns carros raros, e se tiver uma oportunidade, faça ela valer a pena pois o catálogo de carros é rotativo;
  • Garagem: Após adquirirmos o carro, para acessá-lo, temos que ir a garagem. Nela podemos trocar de carro, alterar as configurações do carro ou simplesmente acessar a nossa coleção de carros, que inclui todos os carros que já possuímos em algum momento, basicamente um histórico dos carros.

A quantidade de carros que o jogo possui é imensa, beirando os 400, e por isso, temos algumas divisões que auxiliam na visualização. Podemos ver os carros de acordo com o país, fabricante, o ano do modelo e a classe do carro. E não apenas isso, ao selecionar um carro, temos uma vastidão de informações sobre o carro selecionado, incluindo histórias de sua criação e a sua evolução ao longo dos anos, além de suas características.

Outra coisa que acessamos na garagem são aos presentes. Ao terminarmos algumas corridas ou realizarmos alguns cardápios ou missões (que falaremos mais a frente), ganhamos alguns ingressos que nos dão acesso a umas roletas de prêmios. Os prêmios vão desde algumas quantias de dinheiro, peças de carros e carros em si, e é classificada por estrelas. Quanto mais estrelas, melhor serão os prêmios;

  • Café: esse é o local que provavelmente mais iremos entrar no decorrer do jogo. O Café é o local aonde diversos colecionadores vão e lá são oferecidas comidas, bebidas (esses que não fazem diferença no nosso caso) e cardápios especiais para explorar o mundo.

Esses cardápios são parte importante do jogo, pois eles nos dão dicas e objetivos a cumprir, é como se fosse o local onde realizamos a campanha do jogo. Existem diversos tipos de cardápios, como por exemplo, colecionar uma certa quantidade de carros de uma determinada fabricante, tipo, nacionalidade etc., ou ganhar alguma corrida ou campeonato, entre outros tipos.

Ao completar esses cardápios, liberamos novos locais no mapa-múndi, alguns prêmios variados, novas pistas e conhecemos um pouco mais da história dos carros que coletamos, quando coletamos. Esse local é basicamente o motor do jogo, tudo o que ocorre e o que temos acesso no decorrer do jogo vem de acordo com o nosso avanço no café.

  • Circuitos Mundiais: O que seria um jogo de corrida sem as corridas? Em Circuitos mundiais é onde temos acesso a uma grande quantidade de corridas ao redor do mundo, focadas no modo single-player do jogo. Nele, selecionamos o local da corrida, que é dividido em Américas, Europa e Ásia-Oceania e após isso, selecionamos a pista.

Cada uma das pistas possui algumas variações de eventos e tipos de corrida, por exemplo, é possível encontrar pistas que dão acesso a eventos de corrida arcade, experiência de circuito, prova de tempo, prova de drift e circuito personalizado. Não é sempre que uma pista ou layout vai ter disponível todos esses tipos de modos diferentes.

Ao terminar uma corrida, ganhamos alguns prêmios, como por exemplo, carros para completar as coleções solicitadas nos cardápios, dinheiro que varia de acordo com a posição final na classificação e alguns pontos que aumentam o nível de colecionador. O jogo estipula uma certa quilometragem para ser rodada diariamente pelo jogador, e ela é completada de acordo com a pista corrida, pois existem algumas pistas maiores que outras, que consequentemente, geram quilometragem maiores.

gran turismo 7

Os circuitos vão desde pistas que existem no mundo real até algumas criações feitas para o próprio jogo. Algumas delas ficaram até famosas por ser uma franquia tradicional, voltam de tempos em tempos. Ao entrar em corridas, temos uma diversa gama de configurações que vão desde:

    • Configurações de Assistência: onde podemos configurar o tipo de marcha, predefinições de assistência, controle de tração, entre outros;
    • Configurações de controle: onde podemos fazer atribuição de botão, alterar a sensibilidade do controle e a resposta da força de direção;
    • Configurações de exibição: onde ajustamos o HUD da corrida, as informações disponíveis durante elas e até mesmo ajuste da câmera de acordo com o tipo de visão, que pode ser a visão de cockpit (primeira pessoa) e a visão por trás do carro (terceira pessoa).

Ao terminar uma corrida, temos acesso ao replay de cada uma delas, replay esse que sempre foi referência em jogos de simulação, e não podia ter sido diferente no sétimo jogo da franquia. Neste jogo, o replay alcança um nível ainda maior de qualidade ao sincronizar os movimentos e cortes das câmeras de acordo com a batida das músicas, chamada de replay de música. Mas caso queira uma experiência de replay mais tradicional, também é possível.

Além das corridas tradicionais, também temos acesso a campeonatos, que são formados por duas ou mais corridas. Estes campeonatos são classificados de acordo com o total de pontos obtidos em cada corrida, somados ao final delas. Ao que é bom ficar de olho é que ao iniciar um campeonato, não é possível trocar de carro.

Outra coisa importante a se tocar é que algumas corridas possuem certos requisitos para serem acessadas, por exemplo, utilizar carros de determinadas marcas, países, tipos, ou se é necessária alguma licença específica;

gran turismo 7

  • Central de Licença: outra marca registrada da franquia são as licenças, e na central de licenças é onde podemos aprimorar nossas habilidades na direção. Sendo um dos pontos chave da franquia atualmente, as licenças são conhecidas principalmente pela sua elevada dificuldade para atingir o troféu de ouro.

As licenças são divididas entre Nacional B, Nacional A, Internacional B, Internacional A e Superlicença, e nem é preciso dizer que quanto mais avançar nas licenças, mais difícil (ou quase impossível) fica;

  • Showcase e Scapes: o modo Scape é o famoso modo foto dos jogos. Porém, em GT7, esse modo é elevado a um outro nível pois as possibilidades são quase infinitas e o resultado final dificilmente fica abaixo do incrível. Para aqueles que possuem algum conhecimento de fotografia, o modo Scapes vai ser um prato cheio.

O modo Showcase é onde os jogadores podem compartilhar suas criações, seja as fotos criadas, replays, visuais criados, entre outros. É basicamente uma rede social dentro do jogo;

  • Oficina de Tuning: é o local responsável por melhorar o desempenho dos carros. São diversas peças que podem ser instaladas no carro e são divididas em 5 níveis: Esportivo, Esportivo de Clube, Semi competitivo, Corrida e Extremo. Quanto maior o nível, mais caro são as peças, mas os efeitos no desempenho do carro são maiores;
  • GT Auto: enquanto a oficina é responsável por melhorar o desempenho dos carros, na GT Auto é onde podemos personalizar a aparência deles, além de realizarmos alguns serviços de manutenção dos carros.
  • Brand Central: é o local onde podemos comprar carros novos, produções do século 21 além de carros de corrida. O jogo possui mais de 50 marcas, algumas delas possuindo um próprio museu, que serve para aprendermos mais sobre a história delas, mostrando a sua evolução cronológica desde o início e ainda comparando com diversos acontecimentos históricos que ocorrem na mesma época. É um acervo de informações muito valiosos na minha opinião, e ainda temos acesso aos sites oficiais de cada uma das fabricantes;
  • Sport: é o local onde enfrentamos pilotos de todo o mundo em corridas oficiais e provas de tempo. As partidas são ranqueadas de acordo com o CP, que é o indicador de velocidade do jogador e está dividida em E, D, C, A, A+ e S. As classificações vão melhorando de acordo com o desempenho no modo Sport.

Existe também a classificação CE, que indica o comportamento do piloto nas corridas. Quanto mais justo o modo de correr, evitando ações perigosas, melhor será a classificação CE. No modo Sport também possui corridas diárias e é claro, um sistema de classificação em tabela.

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  • Missão: temos o modo missão, onde enfrentamos diversas missões desafiadoras, como missões com climas mais perigosos. Novas missões são liberadas conforme se aumenta o nível de colecionador.
  • Multijogador: o jogo possui um modo multijogador que é dividido em lobby e tela dividida. O lobby é um local onde temos contato com outros jogadores ao redor do mundo e temos a chance de correr com eles. E o modo tela dividida é autoexplicativo, mas só por ter a presença desse modo, já é algo a ser louvado.

São uma infinidade de conteúdos que possuímos em Gran Turismo 7 que vão além de apenas corridas, nos trazendo conhecimento sobre diversas questões históricas sobre os carros e sobre a cultura na qual eles estão envolvidos.

Jogabilidade e audiovisual

A jogabilidade em jogos de carro é algo que não possui muito mistério, não é mesmo? Podemos acelerar o carro, frear, dar ré, entre outros. Mas sendo um jogo de simulação, temos outros fatores importantes como o controle de câmbio, que pode ser tanto manual como automático, entre outras coisas.

Cada um dos carros e cada um dos diferentes tipos possui suas particularidades na hora de correr. Os carros não são diferenciados apenas pela sua aparência, toda a sua estrutura interna, sua tração, posição do motor, aerodinâmica, fazem diferença na hora da corrida. Isso é algo que eu, que costumava jogar jogos em sua maioria arcade, fico impressionado com o nível de detalhamento.

Na minha opinião, o jogo é bem acessível, até mesmo para aqueles que não estão acostumados com jogos do gênero. É possível selecionar entre três níveis de dificuldade: o fácil, normal e difícil. A diferença entre eles está na IA, que viram de velocidade de acordo com o nível selecionado.

No PlayStation 5, que foi onde testamos o jogo, é possível selecionar entre dois diferentes modos gráficos, um que prioriza a taxa de quadros e outro onde se prioriza o Ray Tracing. Independente do modo que for selecionado, o jogo continua lindo da mesma forma.

gran turismo 7

O gráfico desse jogo, em especial aos modelos dos carros, é impressionante. Eu nunca tinha visto tantos detalhes em carros, tão bem modelados, com texturas de tanta qualidade como vi em Gran Turismo 7. Isso é algo positivo, mas que ao mesmo tempo pode ser negativo também. Pois o gráfico é tão bom, tão real, que tira um pouco aquela sensação de estarmos vendo um videogame, mas sendo um simulador, o ponto que eles queriam alcançar é feito com sucesso.

As pistas também são bem realistas e reagem de forma magnífica tanto aos carros quanto aos diferentes climas. Assim como as pistas são afetadas, os carros também são, e isso mudo muito a corrida pois, mesmo no modo em terceira pessoa, a nossa visão pode ficar um pouco prejudicada, como ocorre na realidade, então é mais um ponto positivo.

Porém, nem tudo são flores, pois existem algumas coisas que podem melhorar, o que é normal em todos os jogos. O gráfico da natureza que cerca as pistas poderiam ser um pouco mais detalhadas, pois vemos outros jogos semelhantes fazerem um trabalho melhor. Mas isso não é algo que vá atrapalhar a experiência em momento nenhum.

Partindo para a parte do som, foi introduzido o 3D Sound conforme tem ocorrido com os jogos mais recentes da PlayStation e o resultado não poderia ser melhor. Jogando com um fone principalmente, temos um som espacial muito competente e agradável, que auxilia ainda mais na imersão que o jogo propõe.

A trilha sonora é outra atração a parte, possui uma imensa quantidade de músicas de diferentes gêneros e ritmos, incluindo músicas originais licenciadas para o próprio jogo. Uma coisa interessante é que ao iniciarmos uma música no Spotify, o jogo identifica a música e automaticamente muta a música de background do jogo, utilizando a música do Spotify com os efeitos sonoros do jogo.

Um outro ponto a se tocar em relação ao GT7 é a física dos carros. Esse novo jogo lança no aniversário de 25 anos da franquia, e assim como o jogo evoluiu nesses 25 anos, a física dos carros também evoluiu. Nesse jogo, foram consultados especialistas, como Lewis Hamilton, entre outros pilotos da FIA. Com esse feedback, os tempos de voltas no jogo são muito fiéis aos tempos na realidade, fornecendo uma representação mais precisa das sensações de direção.

E outra coisa importante, que aumenta e muito a experiência imersiva no jogo são os recursos do Dualsense. Os gatilhos adaptáveis permitem que o jogador sinta as vibrações de um pneu que trava durante a frenagem. Em conjunto com o feedback tátil, é possível sentir o estado do pneu da mesma maneira na forma de vibrações. É possível sentir as diferenças de terreno de forma muito clara.

Conclusão

Após jogar algumas horas de Gran Turismo 7, tive a impressão de estar jogando o simulador de corridas definitivo. E não digo isso apenas pela sua jogabilidade ser muito boa, mas por todos os conteúdos que o jogo possui, toda a expressão da cultura automobilística e todo o conhecimento que nos é transmitido ao jogá-lo. Se você é um jogador que curte esse tipo de jogo, recomendo jogá-lo o quanto antes.

*Key cedida para análise.

  • Desenvolvedor: Polyphony Digital
  • Plataformas: PlayStation 4 e PlayStation 5
  • Plataforma de teste: PlayStation 5
  • Data de Lançamento: 04 de Março de 2022
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Gran Turismo 7

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