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O Assassino | Filme de Fincher com Sophie Charlotte traz realismo aos filmes de espionagem

Depois de 2 anos completos sem uma produção nos circuitos exibidores ou nos streamings, David Fincher sairá do hiato à moda antiga, com seu novo suspenseO Assassino“, estrelado por Michael Fassbender (franquia X-Men) e que conta com a presença da brasileira Sophie Charlotte (Todas as Flores, Meu Nome é Gal) no elenco. O prestigiado cineasta de “Seven: Os Sete Pecados Capitais“, “Clube da Luta” e “Zodíaco” volta às origens num gênero cinematográfico bastante usado por cineastas – consequentemente em alta em Hollywood. Ainda por cima desenterrando um projeto de 16 anos de existência.

Sim, “O Assassino” já atingiu a maioridade (pelo menos nos Estados Unidos)… David Fincher já tinha anunciado, em 2007, o desenvolvimento de um filme live-action baseado na história de quadrinho francesa homônima de Alexis Nolent e Luc Jacamon. Na época, a produtora de Brad Pitt, a Plan B Entertainment, faria a produção da obra, com o próprio ator desempenhando o papel do assassino sem nome e com a Paramount distribuindo. Com décadas de incertezas e engavetamentos, a Netflix formou uma parceria com Fincher e adquiriu os direitos do filme com a Paranount – com “O Assassino” chegando aos cinemas na próxima semana e posteriormente à plataforma de streaming.

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Cartaz do filme. (Foto: Reprodução/ Netflix)

O Assassino” chega aos cinemas no dia 26 de outubro e permanecerá uma semana em exibição nas telonas, chegando depois ao catálogo da Netflix no dia 10 de novembro. Andrew Kevin Walker, mesmo roteirista de “Seven”, assume a função da escrita. No filme, Michael Fassbender é um assassino frio, solitário e extremamente metódico que comete um erro catastrófico no seu serviço, suficiente para colocá-lo como alvo pelos seus contratantes. Em uma caçada que passa por muitos países, o assassino também terá si mesmo como inimigo, aos poucos perdendo o controle em seus pensamentos.

Sendo esta sua terceira colaboração com a Netflix, será que “O Assassino” cumprirá os mesmos sucessos que “Mindhunter” e “Mank”? – com o último dominando as indicações no Oscar de 2020 e faturando o carequinha dourado de “Melhor Fotografia” e “Melhor Direção de Arte”. Leia nossa crítica sem spoilers abaixo. Agradeçemos à Netflix e à Lema pelo convite da cabine de imprensa.

NotaEstá é uma crítica sem spoilers, a fim de não estragar sua experiência ao assistir ao filme. A crítica consiste em uma opinião do escritor e não deve ser considerada absoluta e/ou uma resposta definitiva para a sua dúvida sobre assistir ou não à obra. Sempre priorize ver para estimular o trabalho dos realizadores e desenvolver sua formação de opinião. As informações contidas na crítica já foram apresentadas em sinopses e trailers.

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Cenas de O Assassino. (Foto: Reprodução/ Netflix)

‘O Assassino’ é bom? – Crítica sem Spoiler

O retorno de Fincher às produções cinematográficas não poderia ser mais simbólico. O diretor, que praticamente ditou os filmes de suspense crimonsos e ensanguetados com protagonistas obssessivos e cruéis, volta ao mesmo mundo em que ganhou relevância na Indústria. Desta vez, com uma proposta mais “amena”, longe da contínua investigação e ação, que até pode se tratar sobre um filme do gênero mais realístico e minuncioso.

David Fincher demonstra uma preocupação rica em detalhes, com diálogos mais introspectivos carregados de importância e ações gestuais que conversam muito com o Assassino, mostrando um personagem genial no que faz e que está à beira de sucumbir-se. Inclusive, muitas assinaturas de Fincher podem ser encontradas pelos fãs do cineasta: desde a paleta de cores às cenas com poucos diálogos falados entre os personagens. Chega a ser magentizante enxergar todo o plano bem executado do protagonista e o seus cuidados absolutos com seu entorno. Um puro suco dos filmes de suspense.

Com um pouco mais de 1h50 minutos de duração, “O Assassino” não chega a ser pesado e consegue se desenvolver muito bem, não só com a ajuda do roteiro bem desenhado e com os pés no chão, mas também com a utilização de capítulos e epílogos, dividindo o contexto temporal das cenas e facilitando o telespectador a continuar na mesma linha do filme. Cada capítulo, felizmente, propõe uma encrenca diferente e uma pegada distinta entre eles, com um envolvendo mais cenas de ação, outro mais investigação; e alguns caracterizados por monólogos e cenas mais intimistas do Assassino de Fassbender.

No campo da atuação, Michael Fassbender mostra toda a peversidade, frieza e sarcasmo do Assassino que complementam significativamente. É um trabalho que cumpre com o que deveria, assim como a performance de todos os envolvidos, com destaque a Tilda Swinton – a grandiosa atriz marca um monólogo cheio de aflições -, Charles Parnell – mostrando um advogado rígido e intimidador – e a nosso orgulho nacional Sophie Charlotte – interpretando a namorada de Fassbender, a Magdala, uma dominicana que se coloca em apuros pelos erros do personagem de Michael Fassbender, sendo o aporte emocional do protagonista, logo, concentrando muito peso nas cenas… simplesmente um arraso!

Com um desenrolar mais ágil, o novo filme de David Fincher para a Netflix pode amargurar um sentimento imcompleto. A proposta mais firme e sem enrolações não permitiu que novos desdobramentos entre Assassino e os personagens secundários fosse mais nítido ou desse às caras, mesmo que seja puramente para entender quais são as relações mais precisas de relacionamento entre eles. Além disso, a proposta de um matador de aluguel que aos poucos perde seu controle mental, embora muito rico idealmente, poderia ter sido mais testada no desenrolar da obra, algo que foi explorado em cenas mais irrelevantes de campo e mais preocupada nas narrações do personagem.

Bem, “O Assassino” ainda não foi o suficiente do que esperaríamos de um enredo com este trato e com esta produção. No geral, é uma boa pedida para os fãs de suspense, fãs de Fincher e cinéfiles que buscam um filme curto para passar o tempo.

O Assassino (2023) - 1h53 - Cinemas e Netflix

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