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Gato de Botas 2: O Último Pedido | A volta da Dreamworks nos sucessos cinematográficos

No dia 5 de janeiro, Gato de Botas 2: O Último Pedido chegará aos cinemas do Brasil. Sendo uma continuação do primeiro filme de 2011, a volta do herói felino implacável, que nos foi apresentado primeiramente lá em 2014, em Shrek 2″, é agora um pouco mais séria, levando alguns questionamentos muito importantes para o público, parecido com os momentos de tirar as lágrimas nos filmes da Pixar.

No começo do mês de dezembro, quando o maior evento de cultura pop da América Latina – a CCXP – finalmente saiu do hiato causado pela pandemia da COVID-19 para ser realizada na São Paulo Expo nos dias 1 a 4, o painel da Universal Pictures exibiu Gato de Botas 2: O Último Pedido no penúltimo dia de convenção, no sábado (3). Fora isso, uma cabine de imprensa, na qual o Nerds da Galáxia foi convidado, foi realizado na segunda-feira passada (12).

Confira a nossa crítica de Gato de Botas 2: O Último Pedido!

NotaEstá é uma crítica sem spoilers, a fim de não estragar sua experiência ao assistir ao filme. A crítica consiste em uma opinião do escritor e não deve ser considerada absoluta ou uma resposta definitiva para a dúvida de assistir ao filme ou não. Sempre priorize em ver para estimular o trabalho dos realizadores.

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Pôster de Gato de Botas 2: O Último Pedido. (Foto: Reprodução/ Universal Pictures)

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O que Gato de Botas 2 se trata?

A história de Gato de Botas 2: O Último Pedido conta sobre os longos anos que se passaram após os eventos de “Gato de Botas (2011)”, que ainda possui mais um pulo no tempo se comparar com os 11 anos de diferença temporal entre o primeiro e o segundo filme do spin-off. Nele, o famoso Gato de Botas continua com sua vida perfeita de combate ao crime nas cidades mais desfavorecidas, aliado à curtição das festanças, rodas de músicas e muita bebedeira (neste caso, de leite).

Acontece que após morrer durante o confronto – ou melhor, no final da batalha, por um descuidado do herói felino -, o Gato de Botas percebe que oito de suas nove vidas foram já gastadas, ficando apenas com uma só. Mantendo sua vida como foi durante a maioria de sua existência, é inviável que o Gato continue com seu trabalho heróico, tornando-se obrigatório sua aposentadoria das perigosas aventuras e de suas tradicionais botas.

O quadro só piora quando a própria Morte decide sair de seu casulo, querendo descontar toda sua raiva no Gato por estar cansada de ser ludibriada pelo herói, que sempre foge de suas almarras. Vendo que agora só lhe resta uma vida, a Morte não poupará esforços até puxar o Gato de Botas para seu verdadeiro destino.

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Cena de Gato de Botas 2: O Último Pedido. (Foto: Reprodução/ Universal Pictures)

Enquanto Gato de Botas terá que escapar da Morte, desta vez nos sentidos literais da frase, o herói entrará em uma aventura mais desafiante ainda, em busca da mística Estrela dos Desejos, situada na Floresta Negra, cujo poder é conceder um pedido qualquer ao sortudo (a) que achá-la.

A única forma do Gato voltar a ser o temido herói e voltar a usar seu manto de forma definitiva é pedindo à Estrela a restauração de suas nove vidas originais. Mesmo que tenha que travar constantes batalhas com a Morte e com outros aventureiros em busca da Estrela dos Desejos, como sua antiga companheira Kitty Pata Mansa, Cachinhos Dourados com os Três Ursos (uma releitura dos contos originais usada em Gato de Botas 2) e João Trombeta.

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Cena de Gato de Botas 2: O Último Pedido. (Foto: Reprodução/ Universal Pictures)

Gato de Botas 2: O Último Pedido é dirigido por Joel Crawford, com Mark Swift – produtor elogiado por “Os Croods 2: Uma Nova Era” – e Chris Meledandri – CEO e fundador da Illumination. O filme possui mais de 1 hora e 40 minutos de duração, trazendo todos os dubladores brasileiros de volta à ativa: Alexandre Moreno (Gato de Botas) e Miriam Ficher (Kitty Pata Mansa). E adições de peso, como de Giovanna Ewbank como a Cachinhos Dourados, Marcos Veras como o Perrito, Sérgio Malheiros como a Morte e Guilherme Brigss como João Trombeta.

O elenco original americano contém o brazuca Wagner Moura no papel da Morte, o grande antagonista. Além do ator, Antonio Bandeiras (Zorro) e Salma Hayek (Eternos) voltam aos seus respectivos papéis de Gato de Botas e Kitty; Florence Pugh (Viúva Negra) é a Cachinhos Dourados, Olivia Colman (Meu Pai) interpreta a Mãe Urso, Harvey Guillén (What We Do in the Shadows) é Perrito, John Mulaney (Saturday Night Live) no papel de João Trombeta, Samson Kayo (Falamom) como Bebê Urso, e Ray Winstone (Viúva Negra) como Pai Urso.

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Cena de Gato de Botas 2: O Último Pedido. (Foto: Reprodução/ Universal Pictures)

Crítica Sem Spoilers Gato de Botas 2

Gato de Botas 2: O Último Pedido funciona no que propõe ao telespectador, com uma trama já alinhada e clara no começo. O roteiro é, somado com o estilo de animação, um ponto forte e bem pensando nas proporções corretas: seus plots e desenvolvimentos acontecem justamente no momento chave que tem que acontecer, sem nada empurrado/jogado de maneira fácil ao cinéfilo. Por conta disso, Gato de Botas 2 torna-se um filme imersivo e nada cansativo.

O primeiro filme, lançado em 2011, parecia notavelmente uma manobra da Dreamworks de lucrar cada vez mais usando a maior franquia do estúdio – Shrek . Mesmo apresentando uma boa aventura, sua história se desprendia totalmente, não parecia se tratar do mesmo vasto universo – claro que outros elementos narrativos também fazem parte de sua polarização.

O que vemos em Gato de Botas 2: O Último Pedido é totalmente diferente. Não há uma tentativa de desvinculação com o universo de Shrek ou, tampouco, elementos incessantes do background do herói, ficando aquelas cenas extensas monótonas que não fazem a aventura rodar. As referências de Shrek ao longo da história e mais ênfase no desenrolar do plot parecem ser coisas básicas, mas que por serem xulas, muitos roteiristas e cineastas esquecem de aderir à versão final. E contribuíram positivamente ao enredo e enriqueceram a trama, ainda tirando sorrisos dos fãs mais antigos.

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Cena de Gato de Botas 2: O Último Pedido. (Foto: Reprodução/ Universal Pictures)

As decisões narrativas movimentaram de fato sua história e seguiram uma coerência aceitável e plausível de acordo com que a história pedia. A escolha do Gato de Botas lidar com a Morte é um contraste muito interessante que já te instiga, uma vez que é da personalidade do herói ser um herói destemido e corajoso. Sem contar que segue a risca os filmes de sua concorrente, a Pixar, em exaltar uma bela mensagem ao público sobre viver uma vida sem arrependimentos.

Outras reflexões que podemos tirar de Gato de Botas 2: O Último Pedido é sobre sempre agarrar as oportunidades que a vida lhe oferece, seguindo suas ideologias e sua própria personalidade. Não se deixar por vencido e se desprender do passado e das imposições antigas são essenciais para o seu próprio progresso, afinal nossa vida é repleta de nuânces. Mudar de pensamento, atitude e visão é algo natural e necessário, corriqueiramente se manifestando em nossa jornada. Gato de Botas 2: O Último Pedido exemplifica muito bem o valor dito acima, muito expresso em seu final emocionante.

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Cena de Gato de Botas 2: O Último Pedido. (Foto: Reprodução/ Universal Pictures)

A narrativa pesada e complexa da morte é outro bom tema que Gato de Botas 2: O Último Pedido traz nas telonas. Seu mistério – envolvendo muitas vertentes culturais e religiosas – e o próprio medo do fim da vida faz com que a conversa seja difícil até para os adultos, imagina para as crianças. Se você fosse lembrado que sua vida é limitada ou que está prestes de morrer, como que seria sua reação? O que faria se algo que você tanto gosta, seja um objeto ou sua profissão, fosse tirada de você? Estes são alguns questionamentos presentes, que até Antonio Bandeiras ressaltou ao Comic Book.

Suponho que os anos de pandemia tenham algo a ver com colocar na mesa a possibilidade de refletir diante de um público muito jovem sobre a vida e a morte e acho que acabou sendo muito positivo da maneira que fizemos porque, na realidade, o que podemos tirar disso não é exatamente a morte, mas quão belo é o valor da própria vida.

Isso é o mais importante que temos, nossa existência e depois da pandemia em que as crianças foram confinadas com suas famílias e eles estão assistindo televisão e vendo todos os noticiários e vivenciando algo que até para nós adultos foi forte, mas para as crianças que estão na época de relacionamento, de ir para a escola, brincar juntos, todas essas coisas elas foram cortadas, sabe, de repente todo mundo entrou numa caixa.

A possibilidade de falar sobre isso de uma forma, e através de um personagem, que eles amam, eu acho que é importante. Acho que é feito com delicadeza e elegância.

Antonio Bandeiras ao Comic Book
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Cena de Gato de Botas 2: O Último Pedido. (Foto: Reprodução/ Universal Pictures)

O recado da união faz a força é verbalizada e animada no filme, com os backgrounds de Cachinhos Dourados e os Três Ursos, e a equipe de Gato de Botas composto pelo próprio, sua antiga companheira Kitty Pata Mansa e Perrito. A adaptação da Cachinhos se encaixando no conto dos Três Ursos foi bem sacado e estabelece o ‘oposto’ – uma mulher humana com três animais ferozes – como algo somente no papel; mesmo caso com a dupla mais fofa da Dreamworks Perrito – um engraçado cachorro – e Gato de Botas, em que o Perrito constantemente levanta o herói-título com seu otimismo louvável, decorrente de uma triste história que segue moldes realistas, infelizmente.

Assim como a releitura de Cachinhos e os Três Ursos, o planejamento do Lobo Mau ser a Morte, no maior estilo Caçador de Recompensas, faz muito sentido pelo que o personagem já é conhecido como antagonista nos contos da Chapéuzinho Vermelho e dos Três Porquinhos. Melhor ainda é escutar a voz do brilhante ator Wagner Moura ganhando mais protagonismo no mercado Hollywoodiano, em um elenco cujo os protagonistas também são estrangeiros – Antonio Bandeiras é espanhol e Salma Hayek é mexicana. Em cada cena da Morte, é perceptível sua ameaça e a tensão que Gato de Botas sente em vê-lo, muito graças ao estilo de animação.

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Cena de Gato de Botas 2: O Último Pedido. (Foto: Reprodução/ Universal Pictures)

João Trombeta em Gato de Botas 2: O Último Pedido, apesar de ser um vilão muito coadjuvante, cumpre seu papel de tornar mais desafioso a caçada em busca da Estrela dos Desejos, sendo o vilão típico de qualquer filme de ação que é verdadeiramente repulsivo. É com ele que várias alusões dos contos de fantasia são mencionados em Gato de Botas 2: O Último Pedido.

O elo entre Gato de Botas e Kitty Pata Mansa é mais verdadeiro e é maior que no último filme. Apesar de Kitty ser a personagem mais deixada de lado em Gato de Botas 2: O Último Pedido, somente sendo uma peça dentro da narrativa, muito dos acontecimentos depois de “Gato de Botas” de 2011 foram mostrados, dando mais camadas aos dois.

Concluindo os pontos presentes no belo roteiro de Gato de Botas 2: O Último Pedido, a adoção de uma diferente proposta envolvendo os tradicionais contos de fadas foi diferencial. Shrek e sua franquia foi muito famosa por usar os contos como sátiras, aqui em Gato de Botas 2 os contos serviram como uma bela homenagem às histórias. Sendo Gato de Botas 2 um filme fantasioso incrível no que conta, a fantasia dos contos já manjadas pelo público mais jovem ganha mais seriedade e vida.

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Cena de Gato de Botas 2: O Último Pedido. (Foto: Reprodução/ Universal Pictures)

Se você assistiu o filme de 2011 e viu o trailer de Gato de Botas 2, você deve certamente ter estranhado o estilo de animação. Pois é, em Gato de Botas 2: O Último Pedido há uma diferente abordagem animalesca: saindo do 3D comum e migrando para uma mescla unificada de 2D e 3D com detalhes mais cartunescos, lembrando visualmente muito o filme “Homem-Aranha no Aranhaverso”, grande sucesso de 2019 que até faturou o Oscar de ‘Melhor Animação’. A semelhança não é coincidência, afinal o diretor de “Homem-Aranha no Aranhaverso” dirige Gato de Botas 2: Bob Persichetti.

A escolha foi necessária e certeira. A maioria das reclamações de “Gato de Botas” deriva-se pela qualidade da animação, que não correspondeu com as cenas de ação que o filme propôs. Agora, em Gato de Botas 2: O Último Pedido, a animação permitiu que Gato de Botas pudesse brilhar e corresponder com cenas grandiosas de lutas dignas do herói – falo disto pelas suas habilidades que tornaram-o um herói destemido, envolvendo muita rapidez e acrobacias, não só pela sua grandeza e adoração com o público.

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Cena de Gato de Botas 2: O Último Pedido. (Foto: Reprodução/ Universal Pictures)

Além disso, a unificação do 2D com o 3D se encaixa mais ao universo de Shrek, que engloba um mundo cheio de fantasias. Uma animação mais limpa e com muito realce de cor combina com o ambiente da obra, favorecendo o filme e sua visualização pela união harmônica de seus elementos que, consequentemente, faz com que os telespectadores fiquem mais propensos em emergir na história. A economia de gastos pode também ser pautada aqui, deixando para que grandes títulos, como as possíveis continuações de um Kung Fu Panda ou até mesmo Shrek, possam ter o investimento que merecem.

Conclusão

Gato de Botas 2: O Último Pedido é um excelente filme que prende a atenção do telespectador a todo instante, com sua movimentação ideal de cenas e acontecimentos – não sendo muito acelerado e nem lento e entediante.

Apesar de ser o segundo filme da franquia, outro ponto bem colocado é a despretensão de ser uma sequência de “Gato de Botas”, não sendo estritamente necessário ter visto o primeiro de 2011. Se o filme não tivesse a inserção de Kitty Pata Mansa, “Gato de Botas” com certeza seria esquecido de vez.

Muitas pessoas julgaram antecipadamente – incluindo minha pessoa – o estilo muito diferente de animação, porém a escolha foi mais que certa, beneficiando toda a conjuntura da obra, como já supracitado minunciosamente nos parágrafos acima.

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Seu roteiro não dialoga explicidamente com o público mais infantil, mas sim absolutamente com os mais crescidinhos e com os adultos, pelas belas mensagens que Gato de Botas 2: O Último Pedido aborda e a homenagem constante com o universo de Shrek. O mais crucial que relações com o universo de Shrek é uma trama coesa que apresente definidamente um começo, meio e fim; algo feito aqui. Para quem ama o personagem, ama animações e ama animações com bastante cenas grandiosas como foi “Homem-Aranha no Aranhaverso”; Gato de Botas 2: O Último Pedido é uma excelente pedida.

Tanto Gato de Botas quanto os outros personagens do filme tiveram seu momento para brilhar e sua apresentação formal, entendemos suas convicções e motivos, não deixando nenhuma ponta solta. Claro que o Gato de Botas teve mais camadas, desta vez menos cronológicas e mais internas, mostrando a fragilidade do herói, ponto este que não presenciamos por sua máscara de corajoso.

A conclusão de Gato de Botas 2: O Último Pedido é previsível, tendo em vista que essas mesmas aventuras já são de praxe em qualquer aventura de filmes hollywoodianos. Porém, não deixa de ser muito boa. A cena pós-crédito é muito emocionante, preparando um terreno muito favorável para Sherek 5 – a repercussão de Gato de Botas 2: O Último Pedido é satisfatória na internet, registrando uma pontuação de 96% de aprovação da crítica especializada no Rotten Tomatoes e 94% de aceitação popular.

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