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Wandinha (1ª Temporada) – Critica

Antes de começar, eu sei que parece tarde para uma crítica de uma série que estreou há quase um mês, mas eu acredito cada visão sobre um projeto é única. Portanto, vocês conferem agora a minha visão sobre o derivado da Família Addams: Wandinha!

O artista Charles Addams é mais conhecido pela sua icônica criação “A Família Addams“, exibida em tirinhas no jornal The New Yorker em 1932, que se tornou ainda mais popular graças à série de televisão feita pela ABC, que durou somente duas temporadas entre 1964 e 1966. Mesmo que não seja da minha época, afinal eu sou de 1996, eu experimentei o seriado estrelado por John Astin e Carolyn Jones, os dois filmes dos anos 1990, protagonizados por Anjelica Huston e Raul Julia e consecutivamente todas as outras produções da Família Addams. Ou seja, eu sei da imensa importância e fama (ou infama) dessa grande família… macabra, excêntrica, misteriosa e assustadora. 

Agora, imagine minha surpresa e alegria quando a Netflix anunciou que o diretor Tim Burton estava envolvido em uma produção da Família Addams, especialmente em uma série focada na personagem Wandinha. Um par tão óbvio e belo que chega ser surpreendente que tenha demorado tanto – mas será que valeu a pena toda essa expectativa para Wandinha?

Vídeo: “Trailer oficial de Wandinha” – Divulgação/Netflix.

Nota: Esta matéria é uma crítica que contém leves spoilers, a fim de não estragar sua experiência, recomendemos que assista à série antes de consumir o texto, que consiste em uma opinião do escritor e não deve ser considerada absoluta ou uma resposta definitiva para a dúvida de assistir à série ou não.

Primeiramente, tenho que dizer que é difícil não comparar Wandinha da Netflix com os excelentes filmes live-action dos anos 1990. Mas sendo uma série de oito episódios é, por necessidade, algo diferente, fazendo de Wandinha (a melhor Addams?) a personagem central de uma história sobrenatural no estilo de detetive.

Como a rainha do assustador e excêntrico, Wandinha (Jenna Ortega) se envolve em todos os tipos de situações. Mas depois que uma encrenca quase mortal em sua escola normal a coloca em apuros, os pais Morticia (Catherine Zeta-Jones) e Gomez (Luis Guzmán) a matriculam na Academia Nunca Mais, uma escola para jovens “excluídos“.

Perto está a cidade de Jericho, cheia de moradores “padrões” que estão cansados ​​dos alunos de Nunca Mais. Mas depois que uma série de assassinatos brutais atingiu um novo nível de medo na comunidade, sua única esperança pode ser a pessoa de quem mais julgam, Wandinha.

Wandinha.
Imagem: “Wandinha” – Reprodução/Netflix.

Criada por Alfred Gough Miles Millar, Wandinha é uma releitura original da personagem de Charles Addams, com foco em seu tempo na escola em que seus pais se destacaram. Explorar esse tipo de dinâmica familiar foi uma escolha interessante, já que ela, agora, é uma adolescente angustiada que está cansada de viver na sombra deles, especialmente na de sua mãe. É relacionável e quase dá a ela problemas mal-humorados, criando algum realismo dentro de todo o sobrenatural.

A adaptação mais amada por muitos, inclusive eu, foi A Família Addams (1991) e A Família Addams 2 ​​(1993), então eu estava igualmente animado e nervoso com uma nova encarnação. Mas fiquei agradavelmente surpreendido. Embora eu sentisse falta de toda a família como foco principal, gostei de ver Wandinha como uma protagonista firme.

Falando dos membros da Família Addams, Jenna Ortega faz um excelente trabalho ao oferecer humor, seriedade e um carisma perturbador a um ser estranho como a Wandinha. A personagem será sempre relacionada a Ortega, assim como Christina Ricci antes dela ou Tony Stark com Robert Downey Jr. e Jack Sparrow com Johnny Depp. Outro membro da família que se destaca (por mais estranho que seja) é o Mãozinha, que mesmo não tendo rosto é muito expressivo e carismático.

A composição de Catherine Zeta-Jones para a sua Morticia é curiosa, ela não cria nenhuma novidade para a personagem, apenas pega as inúmeras versões conhecidas da Morticia e as mistura e unifica em uma só. Luis Guzmán consegue dar vida a uma versão intrigante do Gomez, com um passado sombrio e uma personalidade calorosa. O Tio Chico de Fred Armisen, é sem dúvida, o personagem mais estranho e misterioso da Família Addams apresentado na série. Uma excelente decisão e acabou sendo a melhor participação especial de um membro da família. O mesmo eu não posso falar do Feioso, que, infelizmente, não tem muito tempo de tela e o ator, Isaac Ordonez, não consegue mostrar sua capacidade como o personagem.

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Imagem: “Wandinha” – Reprodução/Netflix.

Como todo introvertido tem um amigo extrovertido, isso não seria diferente para Wandinha. Quando ela entra em Nunca Mais, ela conhece Enid, sua colega de quarto, interpretada por Emma Myers. Myers consegue criar aquela típica personagem alegre e acaba se destacando junto com Jenna Ortega, quem ela teve uma bela dinâmica.

A diretora de Nunca Mais, Larissa Weens, vivida por Gwendoline Christie, tem um história interessante, que poderia ter sido explorada melhor e ela tem uma ótima motivação para suas ações, assim como o garoto “padrão”, Tyler, vivido por Hunter Doohan, que também é o interesse amoroso da Wandinha e os demais personagens de Nunca Mais, infelizmente, mesmo com boas atuações, são encarnações de esteriótipos. Xavier de Percy Hynes White é o artista popular da escola, mesmo sendo reservado e apaixonado pela protagonista. Bianca interpretada por Joy Sunday é garota mais popular da escola, mas quando Wandinha chega, sua posição é ameaçada e também tem o Eugene, interpretado por Moosa Mostafa, que é o excluído dos “excluídos

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Imagem: “Wandinha” – Divulgação/Netflix.

Embora a maior parte do que a série apresenta resquícios de outras obras, ela se destaca graças aos seus aspectos próprios e únicos. A protagonista, Wandinha Addams, e a maneira como o enredo se move e se desenvolve a partir do olhar dela sobre o mistério, os ocorridos e o mundo, isso mantém a sua curiosidade sobre o que está acontecendo e fora isso, se tiramos esse filtro da Wandinha (como acontece em alguns momentos), a série perde o seu brilho e a sua força, se tornando mais uma história de adolescente clichê.

Outro ponto positivo é a ambientação, a Academia Nunca Mais – uma instituição macabra no estilo Hogwarts, repleta de gárgulas no quadrilátero e a cidade de Jericho, que aos olhares superficiais é apenas uma cidade pequena normal, mas para aqueles que gostam detalhes verão coisas incríveis.

Eu não fiquei impressionado com alguns dos aspectos mais fortemente comercializados do programa. Ter Christina Ricci, que iconicamente interpretou a Wandinha nos filmes dos anos 1990, foi uma ideia espetacular, além de ela ser fantástica em seu papel. No entanto, no final, eu senti que ela foi um pouco subutilizada.

E mais proeminente foi o nome de Tim Burton, embora ele tenha dirigido apenas os primeiros quatro episódios e foi um dos produtores executivos. Não tem totalmente a sua assinatura, na minha opinião. Mas sou grato por ele trazer  Colleen Atwood  como figurinista, com quem ele colaborou em filmes como  Edward Mãos de Tesoura, A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça,  Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet  e muito mais.

Vídeo: “Wandinha” – Divulgação/Netflix.

Wandinha é maravilhosamente realizada e um clássico conto de adolescente “peixe fora d’água” no estilo Burton; mesmo em uma escola para excluídos místicos, Wandinha ainda é uma estranha. A série leva você a uma aventura macabra para resolver um mistério perverso que manchou o nome da Família Addams. Em alguns momentos é previsível e raso e em outros é genial e espirituoso, mas acima de tudo, é sempre divertido

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Wandinha (1ª Temporada)

7

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2 Comments

  1. Eu adorei essa crítica!
    O Fabrizio consegue desenvolver cada ponto com eloquência, se aprofundando sem se enrolar nas palavras.
    Se aprofunda mesmo sendo direto.

  2. 7???
    Cara… que?!
    Wandinha é no mínimo 9,5!!
    Você só pode ter um coração de pedra.

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