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Kena: Bridge of Spirits | REVIEW

Kena: Bridge of Spirits é uma grata surpresa, um primeiro projeto de um estúdio muito promissor e um deslumbre visual

No dia 11 de junho de 2020, o mundo inteiro estava olhando para o evento da Sony PlayStation, sonhando com a tão esperada revelação dos consoles de nova geração. O console foi revelado, assim como muitos jogos AAA e alguns mais simples, porém, naquele dia, um jogo específico chamou uma grande atenção por seu visual impressionante e por se tratar do primeiro jogo daquele estúdio até então desconhecido.

Kena: Bridge of Spirits foi desenvolvido e publicado pela Ember Labs, disponível inicialmente para PlayStation 4, PlayStation 5 e PC via Epic Games. Se trata de um jogo de ação e aventura, com elementos de plataforma e RPG e com um visualmente cartoonesco, muito inspirados nas animações da Disney e Pixar. E não só seu visual tem uma inspiração bem definida como a sua jogabilidade também, como falaremos mais para frente.

Audiovisual

Para início de conversa, quero falar da parte do jogo que é visivelmente aquela que mais impressiona, que é o seu visual. E já adianto que o jogo é simplesmente lindo. Não tem outra definição, mas vou tentar explicar um pouco toda essa beleza, por que só falar que é lindo ficou muito vago, não é?

Esse se trata do primeiro jogo feito pela Ember Labs de fato, mas toda essa beleza na parte visual não surgiu simplesmente do nada. Por trás desse estúdio de games, existe uma empresa com um bom backlog em animações. Eles não fizeram apenas animações, para deixar claro, também já trabalharam com live-action, mas são as animações que realmente impressionam independente do tipo de conteúdo.

Eles têm em seu currículo uma grande quantidade de curtas e propagandas, mas o fator que colocou eles nesse mundo dos games foi um curta que fizeram inspirado em The Legend of Zelda: Majora’s Mask. A notoriedade do estúdio em relação a games não foi apenas por ter feito algo relacionado a algum jogo, mas sim a qualidade. E essa qualidade os levou até a PlayStation, que ofereceu uma ajuda financeira para terminarem o jogo, obviamente, em troca de um período de exclusividade.

Kena

Voltando a questão visual, é clara uma inspiração nos filmes da Disney e da Pixar em questão de traços, mas não foi apenas isso que os inspirou. Eles entraram de cabeça na cultura do povo retratado ali. E essa inspiração não veio apenas no visual, como também na trilha sonora, outro ponto mais que positivo do jogo, e nas atuações, que foram realizadas por pessoas de lá, digo pessoas pois nem todos eram atores.

Todos os movimentos dos personagens foram muito bem animados, nada é simples, flat, existe sempre uma animação para cada coisa no jogo. É tudo muito mágico, e tudo funciona bem, apesar de alguns bugs, mas afinal, que jogo não tem bugs? Se tratando de ser o primeiro jogo desse estúdio, foi feito um trabalho primoroso por eles, a ponto de parecer se tratar de um jogo AAA e não um indie como de fato ele é.

Se tratando de visual in-game, o jogo é incrível, mas quando se fala em CG, que existem no jogo, a qualidade sobe de nível de maneira impressionante. Cada cena é tão bem-feita que beira a perfeição. É tão bonito que em alguns momentos destoa do visual “geral” do jogo, não apenas pelo visual.

O jogo possui dois modos que priorizam o desempenho e a qualidade gráfica. No modo desempenho, o jogo roda em 4K checkerboard a 60 frames por segundos (FPS) enquanto o outro modo roda em 4K nativo a 30FPS. A CG destoa um pouco do visual in-game justamente no modo desempenho. Por serem um estúdio com um foco em animações, eles tomaram a decisão de renderizar as animações a 30 FPS, como é comum em filmes. Quando o jogador está jogando em 60 FPS e abruptamente a cena entra em 30 FPS, pode causar um pouco de estranhamento, mas depois de um tempo, ele se acostuma. Novamente reitero que isso foi uma escolha artística e não uma deficiência do estúdio.

kena

Agora, falando sobre a trilha sonora, novamente posso dizer que ela é linda. A trilha sonora é uma parte muito importante em todas as mídias, geralmente ela é responsável por dar o tom da cena e é justamente esse o papel dela nesse jogo. Assim como a parte visual, que foi muito inspirado na cultura que o jogo retrata, a trilha sonora é igualmente inspirada por ela, criada por aqueles que são retratados no jogo.

Falando em dar tom nas cenas, ela se encaixa perfeitamente em todos os momentos que ela está presente, e não se engane por esse comentário, pois ela está muito presente. E não é uma música estática, ela muda de acordo com os cenários e coisas que acontecem no jogo, pode-se dizer que de certa forma ela está viva.

Os personagens encontrados no jogo também são muito bem interpretados, inclusive a Kena é interpretada por uma pessoa que não é atriz e olha… Ela fez um trabalho muito bom, melhor do que muitos atores que se encontram por aí. Resumindo, todos os personagens no jogo foram muito bem interpretados.

Enredo

Que o jogo tem visuais e trilha sonora muito bem-feitos, já deu para entender. Mas isso tudo seria em vão se não tivesse um plano de fundo interessante o suficiente para nos prender ali. E esse papel é justamente da história, papel que novamente, é muito bem representado em Kena: Bridge of Spirits.

É uma história que de forma resumida pode-se dizer que é emocionante e tocante. A história te toca de uma forma que você não está esperando, não fica cansativa em nenhum momento, e a cada parte que passa, fica ainda mais cativante.

É possível dizer que, assim como ocorre em filmes, o jogo ocorre em quatro partes ou atos distintos. O primeiro ato, que seria a introdução dos personagens e do universo que o jogo se passa, os segundo e terceiro desenvolve cada um desses personagens e o mundo, ao mesmo tempo que insere outros, e o quarto e último ato é quando tudo se converge no grande final.

Kena

O jogo não mostra ter nenhuma dificuldade na questão da apresentação dos personagens pois todos eles são muito carismáticos, alguns deles não precisando nem falar para fazer com que o jogador se importe com eles. E todos eles possuem uma história, um background que é igualmente muito bem explorado no decorrer do jogo.

Não é um jogo muito longo, o jogador mais casual vai levar de 9 a 12 horas para concluir a história principal do jogo, e esse tempo pode dobrar para aqueles que gostam de uma platina. Considero esse tempo ideal, pois não é muito curto e nem muito longo a ponto de ficar cansativo.

Jogabilidade

Agora, vamos falar um pouco da jogabilidade, que citamos lá no início que possui inspirações bem definidas. No jogo, nós podemos andar de forma lenta e normal, correr, dar saltos e saltos duplos, bater forte e fraco, atirar com o arco, desviar de ataques, se defender, além de algumas habilidades com os rots, que são essenciais no jogo.

Esses rots são pequenas criaturas que nos acompanham do início ao fim do jogo, e tem uma grande importância narrativa e na gameplay, como por exemplo, eles podem mover itens no mapa que a personagem não poderia fazer. Eles também podem destruir a “podridão” encontrada nos mapas, ela que é responsável por limitar onde o jogador pode acessar.

Falando em limites, o jogo tem um mapa surpreendentemente grande, não é um jogo linear em questão de estrutura. São vários “setores” de mapas ligados por um HUB, onde o jogador pode transitar por cada um deles e usar a viagem rápida para uma locomoção mais imediata. Conforme o jogador avança na história, mais partes ficam disponíveis para acesso.

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Um fator importante no mapa é que ele é muito explorável. Existem diversos puzzles, itens e segredos escondidos no mapa, e cada um deles é bem recompensador. Além disso, os rots que te auxiliam no jogo podem ser encontrados no mapa, estão sempre escondidos, então será necessário explorar bastante para encontrar todos os 100.

O jogo também possui uma boa progressão, a Kena evolui bastante no decorrer do jogo, ganhando muitas novas habilidades e a aquisição delas está ligada diretamente com os rots. É por meio deles que conseguimos os pontos necessários para a evolução da personagem e por meio deles também conseguimos o dinheiro do jogo, que serve para comprar itens cosméticos.

O jogo possui algumas inspirações bem grandes em dois jogos específicos, uma inspiração muito clara. Esses jogos são Zelda e Dark Souls, sendo o primeiro em relação ao visual e o segundo em relação ao gameplay. Não se trata de um jogo souls-like, mas os combates, principalmente contra os bosses é bem semelhante.

Kena

Os golpes fracos e fortes são desferidos utilizando os botões R1 e R2, assim como ocorre em Dark Souls. E apesar de o jogo ser visualmente bem atrativo para todas as idades, em alguns momentos ele se torna muito desafiador. Os golpes da Kena causam um dano razoável, mas os golpes dos inimigos são devastadores, acabando com a vida da protagonista em 2 ou 3 golpes.

Mas calma, se a sua vida estiver baixa, é possível enchê-la com a ajuda dos rots, mas essa habilidade não é passiva, pelo menos não nas dificuldades acima da normal. Os rots inicialmente estão apavorados no início das batalhas, e conforme o jogador desfere golpes nos inimigos, a barra de coragem deles enche, permitindo utilizar as suas habilidades.

Entretanto, nenhum jogo é perfeito, e esse é justamente o caso de Kena: Bridge os Spirits. Tudo o que tem nele é bem agradável, porém, não existe uma grande variedade de coisas a se fazer, de mecânicas diferenciadas. Apesar disso, em nenhum momento ele se torna cansativo e essas coisas que faltam podem ser implementadas em uma futura sequência ou novo jogo do estúdio.

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Conclusão

Kena: Bridge of Spirits não é um jogo perfeito e ele está longe disso, mas tudo o que ele faz é bem concreto e satisfatório. A história é muito bem escrita e desenvolvida, tendo momentos de tensão e descontração, que é capaz de tocar de forma profunda aos jogadores. Além disso, a questão audiovisual é simplesmente maravilhosa, capaz de deixar todos que verem o jogo sem palavras.

A Ember Labs é um estúdio a se ficar de olho, com certeza eles terão um futuro brilhante pela frente pois a primeira impressão que eles passaram é a melhor possível. Existem rumores de que a PlayStation pode estar planejando uma futura aquisição. Agora pensa comigo, com um orçamente limitados, eles fizeram um jogo nesse nível, imagina com um orçamento ainda maior, o que poderá sair. Resta apenas esperar e desejar o melhor para o estúdio nessa difícil jornada que é o mundo dos games. O primeiro passo já foi dado.

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