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Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023) – Vale a pena ou não?

Nem é preciso dizer que “Indiana Jones” é uma das franquia mais amadas de todos os tempos, com um dos personagens mais icônicos do cinema. Gerado da mente criativa de George Lucas (“Star Wars”) e comandado na tela por Steven Spielberg (“Jurassic Park – Parque do Dinossauros”), um arqueólogo e professor universitário chamado Henry Jones Jr., vulgo Indiana Jones, protagoniza essas histórias em busca de artefatos históricos e de emoção. E podemos afirmar que essa franquia é de ouro aos olhos dos cinéfilos (menos o quarto filme… talvez), e que ficam ao lado de outras sagas muito amadas, como “007”“Harry Potter” e “Universo Cinematográfico da Marvel” (“UCM”).

A concretização da franquia “Indiana Jones” surgiu em maio de 1977, quando Lucas estava de férias no Havaí, fugindo do estrondoso sucesso causado pelo primeiro filme da franquia “Star Wars”, assim como Steven Spielberg que acabara de lançar “Contatos Imediatos do Terceiro Grau”. Durante uma conversa, Spielberg disse sobre seu interesse em dirigir e produzir um filme de James Bond, porém Lucas apresentou-lhe o que seria uma ideia que o próprio estava desenvolvendo há anos e que se referiu como “algo muito melhor do que Bond“: o enredo prévio de “Os Caçadores da Arca Perdida”. Spielberg aprovou a ideia logo de início, alcunhando o projeto de “Bond sem equipamentos” e em 1979 a produção do filme se deu início.

Eu poderia sentar aqui e entregar a uma análise requentada de todos os filmes da franquia e o porquê esse personagem tão conhecido durou tanto tempo, mas isso levaria muito tempo. O que posso fazer agora é falar sobre “Indiana Jones e a Relíquia do Destino”, o novo filme da LucasFilm com a direção de James Mangold (“Logan”), que estreia nesta quinta-feira (29 de junho) e pretende nos mostrar a última aventura de Harrison Ford como Indiana Jones. Segue a crítica abaixo:

NotaEstá é uma crítica sem spoilers, a fim de não estragar sua experiência em assistir ao filme. A crítica consiste em uma opinião do escritor e não deve ser considerada absoluta ou uma resposta definitiva para a sua dúvida de assistir ao filme ou não. Sempre priorize ver para estimular o trabalho dos realizadoresAs informações contidas na crítica já foram apresentadas em sinopses e trailers.

Conforme a sinopse divulgada de “A Relíquia do Destino”: neste retorno o famoso arqueólogo, professor e aventureiro conhecido como Indiana Jones encontra-se em uma nova era. Aproximando-se da aposentadoria, ele luta para se encaixar em um mundo que parece tê-lo superado. Mas quando o mal muito familiar ressurge, Jones, acompanhado de sua afilhada, Helena Shaw, deve colocar seu chapéu e pegar seu chicote mais uma vez para recuperar das mãos erradas do vilão, Jürgen Voller, um item que pode mudar o curso da história.

Imagem: Indiana Jones e a Relíquia do Destino - (Divulgação: Disney/LucasFilm/Paramount).
Imagem: “Indiana Jones e a Relíquia do Destino” – (Divulgação: Disney/LucasFilm/Paramount).

Uma das primeiras informações liberadas a respeito de “Indiana Jones e a Relíquia do Destino” foi a de que o longa marcaria o adeus de Harrison Ford a essa franquia. Ótima decisão para criar uma expectativa e uma ligação mais emocional com o público, sendo acompanhada por grandes desafios. Afinal de contas, se essa é a última vez que o público verá esse personagem tão querido na pele de Ford, a experiência precisa ser memorável ao ponto de compensar o gosto amargo da partida, além da necessidade se superar em uma franquia que durou décadas.

O diretor James Mangold e roteirista David Koepp (“Jurassic Park – Parque do Dinossauros”), ao lado de Jez Butterworth e John-Henry Butterworth (“Ford vs.Ferrari”) recebeu humildemente a difícil tarefa de criar um adeus para o Indiana Jones de Ford e escreveu o roteiro “Indiana Jones e a Relíquia do Destino” com muita inspiração na ação, na aventura e nos inúmeros elementos que já existem na franquia para contar uma história com o propósito de aproveitar todos os cenários possíveis em que a carga emocional do encerramento se torne o centro das atenções.

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Imagem: “Indiana Jones e a Relíquia do Destino” – (Reprodução: Disney/LucasFilm/Paramount).

Inclusive, um dos melhores pontos de “A Relíquia do Destino” é o tratamento que os personagens principais receberam nas mãos dos roteiristas e dos atores, que conseguem transmitir, seja individualmente ou em conjunto, carisma ao entenderem o que os personagens precisam ser para essa história, tornando-os incríveis e únicos.

Principalmente o Indiana Jones, interpretado pela quinta vez por Harrison Ford, devido ao seu magistral ciclo de desenvolvimento construído desde o primeiro filme e agora concluído em “Indiana Jones e a Relíquia do Destino”. Jones está cheio de ressentimentos e fardos, que o tornaram cansado, abatido e resignado a desistir. Assim como Helena Shaw de Phoebe Waller-Bridge, que está no início de carreira e remonta a seus dias em busca de fortuna e glória, e sua relação com Jones como seu padrinho e mentor é bem interessante e os dois têm uma ótima química juntos. E o Jürgen Voller vivido por Mads Mikkelsen é um vilão tradicional, sendo mau e caricato com toque de cavalheiresco em seus esquemas particularmente insidiosos.

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Imagem: “Indiana Jones e a Relíquia do Destino” – (Reprodução: Disney/LucasFilm/Paramount).

A composição artística idealizada para “A Relíquia do Destino” por Mangold ao lado de seu diretor de fotografia, Phedon Papamichael (“Ford vs.Ferrari”), é operante, pois não conseguem compor totalmente sequências de tirar o fôlego e a iconografia luminescente que caracterizam os outros longas da franquia, graças a falta de ousadia na câmera que se harmoniza com a narrativa; ainda assim, utilizam uma série de ângulos e movimentos de câmeras sólidos de forma que as cenas aqui se mostram minimamente divertidas e funcionais em conjunto com a trilha sonora excepcional de John Williams. Parte do que torna os filmes anteriores tão “reassistíveis” é a pura ousadia de Steven Spielberg ao lado de seus diretores de fotografia, Douglas Slocombe e Janusz Kamiński

Apesar da falta de harmonia com a composição artística, James Mangold e os roteiristas utilizam em “Indiana Jones e a Relíquia do Destino” de um “MacGuffin” e da gratificação pela construção da aventura com personagens interessantes em momentos eletrizantes, engraçados e comoventes, para conduzir uma história circunstancial em torno da nova e última aventura de Indiana Jones, principalmente quando combinada com o apelo da despedida do personagem que precisa fazer um balanço de sua vida em relação com a história – sua visão acadêmica, sua família e suas aventuras – e decidindo qual delas é a mais importante, permitindo uma aventura digna com uma poderosa e emocional temática para o final.

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Imagem: “Indiana Jones e a Relíquia do Destino” – (Reprodução: Disney/LucasFilm/Paramount).

Embora as qualidades e defeitos já mencionadas, o roteiro de “A Relíquia do Destino” costuma ser conveniente e tomar rumos facilitados detectáveis a quilômetros de distância com sequências que aparentam ser gratuitas e longas demais, que servem apenas para preencher espaço com embromação e podem tornar a história previsível, desinteressante e cansativa para alguns, e também tem o grande rejuvenescimento facial de Harrison Ford por CG, que há momentos que funciona e outros que não.

Mas maioria dessas queixas em “Indiana Jones e a Relíquia do Destino” deixam de ser relevantes, pois mesmo com uma história um pouco clichê e uma composição artística cansativa, os espectadores se conectam com história, na verdade, a partir da construção dos personagens, do bom trabalho ao tratar dos dilemas internos e as relações entre eles – é como acontece, e não o que acontece, que impulsiona o filme.

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Imagem: “Indiana Jones e a Relíquia do Destino” – (Divulgação: Disney/LucasFilm/Paramount).

Não tem como negar que “Indiana Jones e a Relíquia do Destino”, novo filme da LucasFilm é um bom filme tanto para os admiradores da franquia quanto para aqueles que vão assisti-lo somente por puro entretenimento.

E por mais que não seja perfeito, – falha ao ficar na conveniência do roteiro e ter uma composição artística cansativa, ele se beneficia com uma aventura digna do nosso velho amigo Henry Jones Jr., vulgo Indiana Jones, com momentos eletrizantes, engraçados e comoventes que ajuda a tornar o filme em uma linda história de despedida.

Teria sido melhor deixar o personagem em paz? Talvez. Porém, após fracassar ao tentar continuar uma trilogia realmente forte em 2008, com uma produção de natureza descontroladamente desigual, fazia sentido corrigir o curso da franquia e agora foi bem-sucedido mesmo que raspando, e também é mais satisfatório e melhor que “Reino da Caveira de Cristal”.

“Indiana Jones e a Relíquia do Destino” estreia nesta quinta-feira, 29 de junho, nos cinemas brasileiros e caso você já tenha assistido, comente a sua opinião sobre o filme.
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Indiana Jones e a Relíquia do Destino

7.5

Neste retorno o famoso arqueólogo, professor e aventureiro conhecido como Indiana Jones encontra-se em uma nova era. Aproximando-se da aposentadoria, ele luta para se encaixar em um mundo que parece tê-lo superado. Mas quando o mal muito familiar ressurge, Jones, acompanhado de sua afilhada, Helena Shaw, deve colocar seu chapéu e pegar seu chicote mais uma vez para recuperar das mãos erradas do vilão, Jürgen Voller, um item que pode mudar o curso da história.

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