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Quantumania não inova e coloca as cartas na mesa com a presença forte de Kang

Adeus, Fase 4. Seja bem-vinda, Fase 5. Homem Formiga e a Vespa: Quantumania inaugura a nova fase da Marvel Studios, a penúltima antes da grande conclusão dividida em duas partes: Vingadores: Dinastia Kang e Vingadores: Guerras Secretas. Seguindo a mesma linha de trilogia para seus heróis mais famosos, o novo título de Scott Lang e companhia se assemelha com a de Capitão América, com seus terceiros filmes fugindo da ameaça local e do comodismo de seus “próprios mundos” e tomando grandes proporções que serão muito importantes daqui para frente.

Mesmo com a responsabilidade de apresentar os primeiros indícios do plano malévico de Kang, interpretado por Jonathan Majors, Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania não se diferencia dos demais títulos da Marvel Studios, ao mesmo tempo que traz grandes planos e feitos.

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Cartaz de Homem Formiga e a Vespa: Quantumania. (Foto: Reprodução/ Marvel)

Com previsão de Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania de estrear nos cinemas no dia 16 de fevereiro, faltam poucos dias para o público poder acompanhar as novas aventuras de Homem-Formiga e a Vespa, desta vez totalmente ambientada no Reino Quântico, micro-universo embaixo do nosso universo, em que o espaço e o tempo não alcançam, tão vasto quanto o nosso. O filme marca a volta da Marvel na China e se trata do segundo filme da Marvel com selo tomate podre do Rotten Tomatoes, com 55%.

A Nerds da Galáxia foi convidada pela Walt Disney Brasil para uma cabine de imprensa realizada na segunda-feira (13). Fica registrado nosso agradecimento à Marvel Brasil e a Walt Disney Brasil pelo convite.

NotaEstá é uma crítica sem spoilers, a fim de não estragar sua experiência em assistir ao filme. A crítica consiste em uma opinião do escritor e não deve ser considerada absoluta ou uma resposta definitiva para a dúvida de assistir ao filme ou não, tampouco um achismo do portal Nerds da Galáxia. Sempre priorize ver para estimular o trabalho dos realizadores.

Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania – Crítica sem Spoilers

Elenco

Mantendo o mesmo quarteto de sucesso – Paul Rudd, Evangeline Lilly, Michael Douglas e Michelle Pfeiffer – Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania continua com o maior foco no carismático Homem-Formiga, enquanto sua parceria de título Vespa acaba tendo um rumo totalmente oposto, sendo quase que uma participação especial.

Sua falta de presença e sua falta de importância para o filme – claro que com a exceção das partes de ação em equipe – podem ter um lado positivo, uma vez que Michael Douglas e Michelle Pfeiffer, grandes ícones do cinema hollywoodiano, ganharam muito mais tempo de tela e destaque que em relação aos outros filmes do Homem-Formiga. Tempo de tela que serviu para conhecermos melhor a personalidade menos ranzinza de Hank Pym e a figura Janet Van Dyne por completo, aliado com um mistério sobre sua vida radical e não tão motivadora de orgulho.

Sem dúvidas, os destaques cênicos, em questão, são atribuídos à Kathryn Newton e ao Jonathan Majors. Ambos exalam uma química muito bem trabalhada com o restante do elenco e cativam seu brilho nos espaços que aparecem. Principalmente Majors, que passa perfeitamente a visão e o perigo de Kang até mesmo nas pequenas coisas, até com o roteiro não ajudando nessa construção (explico nos tópicos a seguir).

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Cena de Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania. (Foto: Reprodução/ Marvel Studios)

Participações Especiais

Vamos falar das participações especiais de Quantumania, que, no geral, foram abaixo do esperado sobre seus rendimentos no filme. Bill Murray como Krylar serviu apenas para enriquecer o elenco no papel, com uma relevância muito mínima para a história, apesar de estar muito bem no papel do Lorde e provocar um suspense muito rápido e pouco atrativo sobre sua relação com Janet no passado.

Corey Stoll como M.O.D.O.K. está incrível visualmente, porém também decepciona em não levar o lado mais sociopata do vilão. Sua conclusão foi muito previsível, brochante (com o potencial que tinha), e, claramente, deixa os espectadores com a certeza que foi uma interferência da Disney para um “conto perfeito”. Se isso vale como algo positivo, suas cenas cômicas (por conta de seu formato) funcionam perfeitamente e não é jogado ao filme Homem-Formiga 3: Quantumania.

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Cena de Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania. (Foto: Reprodução/ Marvel Studios)

William Jackson Harper tinha sido confirmado no elenco de Quantumania através de furos da imprensa norte-americana, especializada em Hollywood, cujo seu papel é do telepata Quaz. Seu desempenho é igualmente pequeno, mas ao contrário de M.O.D.O.K, era previsto esse tempo de tela ao personagem. Também, Quaz poderia ser mais explorado e colocar o destemido poder da telepatia como algo funcional para a trama de Quantumania, e não apenas como um recurso de tirar algumas gargalhadas do público. Entendo que o filme é do Homem-Formiga (e de seu bloco) e de Kang, acima de tudo, mas um roteiro melhor pensado nas dinâmicas entre os eventos e personagens poderia ajudar nessa melhor distribuição, nem que sejam poucos minutos de tela.

Por último, o povo marginalizado do Reino Quântico conseguiram cumprir o que foram designados: mostrar uma faceta da tirania de Kang e a diversidade de povos no microverso, incluindo tecnologias, ciência e seres poderosos.

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Cena de Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania. (Foto: Reprodução/ Marvel Studios)

Tem cenas pós-créditos?

Sim! Tem duas cenas pós-créditos em Quantumania, que são duas cerejas em um bolo ‘bonitinho’. Ambas envolvem Kang e realmente comprovam como que Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania será o passo incial para Dinastia Kang, com um ótimo fã-service e reprodução de cenas clássicas dos quadrinhos, além de algumas respostas para uma outra produção da Marvel na Disney Plus. Vocês vão entender na hora!

História de Quantumania

Agora, entramos em um assunto delicado. Para este caro redator, é o maior ponto negativo de Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania. A Marvel Studios atirou em seu próprio pé com a sequência numerosa de títulos em sua Fase 4 cinematográfica, que refletiu diretamente na qualidade de suas produções, vamos combinar. Um dos grandes elogios dessa confusão toda era a tentativa da Marvel de explorar novos gêneros, novos tipos de cortes e histórias. Decisão louvável para diferenciar uma obra e outra.

Ainda quando o assunto é apresentar o maior vilão da Saga do Multiverso, Quantumania deveria ter trazido uma grande calamidade para o Universo Cinematográfico da Marvel, inovar em seu storytelling. Contudo, o terceiro filme do Homem-Formiga não trouxe ineditismo ao velho modo “Marvel de fazer filmes”, sendo um prato cheio aos cineastas e ao público que reclama da monoticidade e da história genérica de suas obras.

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Cena de Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania. (Foto: Reprodução/ Marvel Studios)

Um dos grandes pontos negativos do roteiro foi a desnecessária tensão a respeito de Kang, o Conquistador. A escrita de Jeff Loveness, que também será roteirista dos próximos filmes dos Vingadores e ficou conhecido pela série animada Rick & Morty, tentou, durante praticamente toda a primeira metade do filme, deixar um mistério sobre quem que seria a tal figura autoritária e imperial do Reino Quântico, como se não fosse óbvio que o personagem de Jonathan Majors estaria em Quantumania e seria o tal antagonista.

Por falar no vilão, mesmo com o trailer da Super Bowl mostrando o traje altamente tecnológico, uma prévia de seus poderes e uma grande visualização de seu arsenal; muito da ameaça e da figura assustadora do antagonista ficou nas linhas de diálogo. Poucas cenas da sua capacidade destrutiva e disponibilidade de uma gama de tecnologias avançadas foram mostradas em Homem-Formiga 3: Quantumania. Ainda mais crítico o problema quando lembramos da fala de Majors citando essa versão de Kang como a “mais guerreira” – de fato, o Aquele que Permanece apareceu pouco e não teve nenhuma cena de ação em Loki… Não mentiu.

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Cena de Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania. (Foto: Reprodução/ Marvel Studios)

Ainda bem que Jonatham Majors é um ator de primeira linha e que vem ganhando grande destaque em Hollywood. Ele soube captar a essência de Kang e toda sua personalidade autoritária e tirana. Caso contrário, o vilão não se sustentaria, pois nem mesmo o porquê de representar uma grande ameaça ao multiverso não seria clara o suficiente. O problema geral entrelaçado a isso é a dificuldade de Loveness de lidar com tanto personagem em tela, sacrificando alguns – como a Vespa e M.O.D.O.K. – e enaltecendo outros – Janet Van Dyne e Cassie, principalmente -, conforme foi dito acima.

Muito por essa tensão sobre um vilão óbvio e declarado em pôster, cartazes e em entrevistas fazem de Quantumania um filme com ritmo desfavorável, lento e desinteressante, às vezes, com uma sensação de enrolação sem fim para o grande ponto da trama, também sendo notado uma medida totalmente desesperada de Jeff Loveness de tornar uma obra engraçada como foi Homem-Formiga, de 2015, e superar os gostos humorísticos de Homem-Formiga e a Vespa, de 2018 – na época, muito criticada.

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Cena de Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania. (Foto: Reprodução/ Marvel Studios)

É realmente bem triste saber que uma figura tão exótica e interessante como representa M.O.D.O.K. e um excelente ator como Bil Murray tiveram participações relevantes reduzidas à zero, somente para funcionarem como momentos engraçados. Repito: até para M.O.D.O.K. funcionou em partes, agora, para Murray, não posso escrever o mesmo.

Um ponto positivo que tenho que colocar aqui é a interação envolvendo Kang no Reino Quântico, mostrando sua história interessante ao lado de Janet e destacando uma grande importância sobre o polo de Kang que não foi mostrado em Loki, por exemplo. Sem contar o visual deslumbrante e totalmente fiel dos lugares mais inexplorados do Reino Quântico.

Outro elogio foi de uma bela apresentação de drama familiar da família Lang e de mostrar a personalidade altruísta de Cassie, a filha do Homem-Formiga. Sua participação foi muito bem escrita, tal como a atuação da atriz, que pode muito bem ser uma líder dos Jovens Vingadores – e como deve ser, dada a sua inteligência e senso de justiça.

Para finalizar essa extensa matéria, as conclusões de Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania foram muito previsíveis e uma forma muito fácil de finalizar uma trama, reinando o classudo “final feliz” estereotipado e algumas manias chatas que a Marvel têm em seus filmes. Realmente, foi bem difícil entender a pouca inspiração e ambição com tanto material disponível.

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Cena de Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania. (Foto: Reprodução/ Marvel Studios)

Ok, Enzo, falou demais. Qual é a sua conclusão?

No geral, Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania é bom. Tem seus momentos de humor, drama e chega a apresentar um vilão e seu interesse e o que isso põe de frente contra o Homem-Formiga e sua equipe. O filme cumpre o que pede, porém o filme poderia se arriscar muito mais e com muito mais facilidade sobre o elenco que tem e sobre o rico material que possui dos quadrinhos, sem levar em conta que se trata da primeira produção que apresenta o Kang vilanesco, ou seja, muito importante para ditar as regras do jogo daqui para frente.

As atuações do elenco e o cenário/ ambiente do filme são muito bons. O que peca mesmo é a falta de originalidade e inspiração do roteiro de Quantumania, que parece ter sido muito limitado desde a sua pré-produção. Graças a isso, o ritmo dos eventos parece desgastante com a lentidão e não apresenta camadas mais desenvolvidas. É o puro trabalho mediano de um filme de super-herói, que não poupou coreografias, CGI e efeitos especiais; e não fez nenhuma questão de se preocupar com o lado narrativo.

Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania vai agradar os fãs que estão satisfeitos com as produções da Marvel, enquanto o terceiro filme do herói vai desapontar outros que esperavam algo mais diferente.

Já viu? O que achou? Deixe nos comentários!

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Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania

5.5

Scott Lang (Paul Rudd) e Hope van Dyne (Evangeline Lilly) retornam para continuar suas aventuras como Homem-Formiga e a Vespa. Juntos, com os pais de Hope, Janet van Dyne (Michelle Pfeiffer) e Hank Pym (Michael Douglas), e a filha de Scott, Cassie Lang (Kathryn Newton), a família se vê explorando o Reino Quântico, interagindo com novas e estranhas criaturas e embarcando em uma aventura que os levará além dos limites do que eles pensavam ser possível. Dirigido por Peyton Reed e produzido por Kevin Feige e Stephen Broussard, ‘Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania‘ também conta com Jonathan Majors como Kang, David Dastmalchian como Veb, Katy O’Brian como Jentorra, William Jackson Harper como Quaz e Bill Murray como Lord Krylar

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3 Comments

  1. Porra, Enzo! Caralho mano… Que crítica foda!
    Completinha, aborda tudo que é importante e tudo mais.
    Nota 10, parceiro!

  2. Mais um capítulo de Marvel e seu desejo de fazer jogos de PS2 com CGI ridículo.

  3. Aparentemente, esse é filme muito típico da Marvel. Não inova em nada, com personagens água com açúcar e história superficial.
    Adorei sua crítica!

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