Os Banshees de Inisherin | Por que o filme é um dos favoritos ao Oscar 2023? [Artigo + Crítica]
Nesta terça-feira (24), o mundo soube dos indicados finais ao Oscar 2023, que será exibido no dia 12 de março – coincidentemente, a premiação disputará audiência com o último episódio de The Last of Us. Com 9 indicações nas dezenas de categorias do principal Prêmio de Hollywood, Os Banshees de Inisherin está empatado com o filme original da Netflix “Nada de Novo no Front” como o segundo mais lembrado pelos críticos da Academia.
O que você faria se seu amigo de longa data simplesmente não quisesse mais sua companhia, e passasse a te odiar, consequentemente? Essa é a trama catalisadora de Os Banshees de Inisherin, que conta com a dupla de atores Colin Farrell (The Batman, After Yang) e Brendan Gleeson (interpretando Alastor “Olho-Tonto” Moody na série de filmes Harry Potter, e ganhador do Emmy de Melhor Ator em Minissérie ou Filme Limitado com Into de Storm) como protagonistas. O filme foi exibido primeiramente no Festival de Veneza, que instantaneamente conquistou os corações dos títulos e faturou prêmios por lá mesmo.
Gato de Botas 2: O Último Pedido | A volta da Dreamworks nos sucessos cinematográficos
Sra Harris Vai a Paris | Um dos melhores filmes que a Sessão da Tarde passaria em toda sua história
Avatar 2: O Caminho da Água – Critica
ELVIS (2022)| Crítica e Análise com spoilers
Veja os indicados ao Oscar 2023 e os favoritos!
O que chega em fevereiro 2023 na Netflix no Brasil
Dirigido, produzido e roteirizado pelo cineasta Martin McDonagh, conhecido pelos seus trabalhos em ”Sete Psicopatas e um Shih Tzu” e “Três Anúncios para um Crime”, Os Banshees de Inisherin se passa em uma pequena ilha da Irlanda, chamada Inisherin, durante a Guerra Civil de 1923. Pádraic Súilleabháin (Colin Farrell) é um homem extremamente gentil que fica abalado depois de experimentar a crueldade de Colm Doherty (Brendan Gleeson), seu amigo de longa data, falando que quer cortar permanentemente a relação de amizade entre os dois. A trama então se torna um duelo de vontades que sai lentamente do controle.
O elenco de apoio têm nomes como Kerry Condon sendo a irmã de Pádaric, Siobhán Súilleabháin; Barry Keoghan como Dominic Kearney; Gary Lydon interpretando Peadar Kerarney, pai de Dominic; Patt Shortt sendo Jonjo Devine e Jon Kenny como Gerry.
Com quase 2 horas de filme – tendo duração de 1 hora e 54 minutos -, o filme multi-indicado ao Oscar 2023 – principalmente nas categorias de ‘Melhor Filme’, ‘Melhor Ator’ para Colin Farrell, ‘Melhor Ator Coadjuvante’ para tanto Brendan Gleeson quanto Barry Keoghan, ‘Melhor Direção’ e ‘Melhor Roteiro Original’ para Martin McDonagh – Os Banshees de Inisherin estreia nos cinemas no dia 2 de fevereiro.
Sendo produzido pela Searchlight Pictures, pertencente à 20th Century Studios da Walt Disney Pictures, em colaboração com a Blueprint Pictures, a Nerds da Galáxia teve o prazer de assistir o filme em uma cabine de imprensa exclusiva, realizada na última terça-feira (24).
Com Os Banshees de Inisherin ganhando mais destaque midiático pelas indicações ao Oscar, confira a nossa opinião sobre o motivo pelo qual a produção ganha muito protagonismo em suas disputas.
Nota: Está é uma crítica sem spoilers, a fim de não estragar sua experiência ao assistir ao filme. A crítica consiste em uma opinião do escritor e não deve ser considerada absoluta ou uma resposta definitiva para a dúvida de assistir ao filme ou não. Sempre priorize em ver para estimular o trabalho dos realizadores.
Por que Os Banshees de Inisherin chega forte ao Oscar?
Roteiro simples, que não precisa de exageros para brilhar ou criticar
Em uma era com um público muito mais apto e disponível em consumir produções audiovisuais, altamente proporcional ao mercado avassalador das plataformas de streaming e sua acessibilidade, muito se idealizava que o cinema é uma cultura que tinha que ser irretocável e de profunda crítica à sociedade, com roteiros cheio de desdobramentos, rico em elementos narrativos e arcos de seus personagens e etc. Mas, na verdade, o maior público que assiste o filme são pessoas descompromissadas com esse requesito, muita das vezes querendo vê-lo somente para passar o tempo ou curtir com alguém especial.
Os Banshees de Inisherin é uma harmoniosa mistura de um filme comédia dramática que prova a setença de não ser necesssário enredos totalmente interligados ou minunciosamente articulados dentro de um começo, meio e fim; ou temas mais específicos para ser digno de Oscar.
A produção de Martin McDonagh consegue mostrar um trabalho consistente em todos seus sentidos – no campo cênico, fotográfico e narrativo – usando uma trama simples e bem comum em nossas vidas, infelizmente, que é a dissolução de uma amizade pelos caminhos que a vida proporciona. Ainda inovando com a proposta da amizade entre dois homens adultos beirando aos 50 anos.
Mesmo que, em certas vezes, a trama parece estar prendida e não levar a lugar nenhum. Certamente, uma dinâmica um pouco mais agitada e um filme com duração entre 1 hora e 30 à 1 hora e 40 minutos resolveriam a probemática aqui.
Seus importantes recados
A expertise de Os Banshees de Inisherin está concentrada na parte emotiva que toma as rédeas das ações dos personagens, e que são muito fáceis de compreensão pelo público, não só por ser frequentemente vista em performaces e diálogos, mas também por usar uma reflexão muito ampla e que todo mundo já deve ter pensado: eu tenho orgulho de tudo que passei? estou contente com o que fiz e com que eu me tornei?
Novamente ressaltando: uma reflexão pesada e rica sem ter que precisar de um background dos personagens mais elaborativo ou ‘fora da casinha’. Outro ponto que deve ser mencionado é o uso da Guerra Civil Irlandesa na obra.
Por mais que a participação deste elemento tenha sido somente em segundo plano, ela não deve ser descartada. Para os fãs de filmes de guerras e desastres – como um todo -, a medida pode deixá-los decepcionados, porém a trama de Os Banshees de Inisherin se ambientalizar durante a Guerra Civil reforça a medida muito surpreendente de Colm (Brendan Gleeson), a motivação por trás de Siobhán (Kerry Condon) de sair do pacato lugar e de Dominic (Barry Keoghan) em arranjar uma companhia, e a peversão militar de Peadar (Gary Lydon); sem ter que precisar verbalizar, tornando nítido pelas grandes atuações e sacadas de direção e roteiro de Martin.
A Guerra Civil também pode fazer um paralelo de comparação com a “guerra” entre Pádraic (Colin Farrell) e Colm, com ambas, na verdade, sendo oriundas sem motivo algum.
A forma de lidar com a passagem rápida do tempo, em um cenário de guerra que automaticamente já instaura medo e angústias e com uma idade já praticamente avançada em um vilarejo muito pequeno e isolado do mundo, é muito diferente entre Pádraic e Colm. Enquanto Pádraic quer ser lembrado no pós-morte pelas conversas e pelas companhias no bar, Colm já quer que sua paixão e vocação pela música clássica sobreviva pela eternidade, fazendo com que ele não queira mais “perder tempo” com as prosas moles de Pádraic.
Em paralelo, outra mensagem que deixa Os Banshees de Inisherin é a acusação errônea da frase: “Decisões difíceis requerem determinação forte”. A junção da ignorância (simbolizada pelo personagem de Colin Farrell) e da soberba cega (representado pelo papel de Brendan Gleeson) causam estragos que impactam diretamente a vida de todos os presentes e não leva a lugar nenhum.
Como uma boa comédia dramática, ambos os lados estão certos na história de Os Banshees de Inisherin, fazendo com que os momentos de melancolia e tensão pela falta de paciência que Colm tem de Pádraic, por sua insistência, estrelem a pegada dramática e o humor ácido, com as atitudes surpreendentes que o personagem de Brendan Gleeson toma ao decorrer do filme.
Sintonia das atuações
Como já dito anteriormente, toda sensação de realidade teve grandes créditos da sintonia entre os atores, principalmente a dupla Colin Farrell e Brendan Gleeson. Já conhecidos no ramo, a atuação de cada um complementa e enriquece a outra, algo que foi muito bem tocado e observado pelo diretor e roteirista Martin McDonagh nas cenas dramáticas cheio de tensão e na química dos dois atores, com grande parte do humor vindo da incredulidade do público diante do embate da autonegação e do orgulho.
Não seria à toa que Colin Farrell, mais uma vez – tendo acontecido tanto no Globo de Ouro 2023 quanto no Festival de Veneza -, está concorrendo a categoria que envolve a melhor atuação pelo seu papel do camponês Pádraic em Os Banshees de Inisherin. Seu trabalho cênico usando o sotaque arrastado e as sobrancelhas sempre curvadas de maneira tristonha e mal-humorada, Farrell passa muita fidelidade em tela sendo um rapaz simples, de pouco conhecimento, mas com um coração enorme.
Se não fosse pelo desempenho de Colin Farrell, a performance de Brendan como um homem de mais de meia-idade seria ordinária e não se sustentaria sozinha, embora que Gleeson tenha saído bem, no final das contas. Por isso, foi merecido um mérito do ator na categoria de ‘Melhor Ator Coadjuvante’ ao lado de Barry Keoghan, que também entregou, assim como seu colega de DC Farrell, uma atuação de gala e provando sua versatilidade.
Barry acrescenta muitos recursos em sua atuação por interpretar um personagem com deficiência mental, que vão de tiques em sua postura que variam no andamento do filme e alterações na sua voz. O background de Dominic chama muita atenção e emociona o público por simplesmente buscar companhia, após ser alvo de piadas e menosprezo pela condição que tem.
Se Barry Keoghan é o coração/emoção de Os Banshees de Inisherin, o papel de Karry Condon como a irmã de Pátriac, Siobhán Súilleabháin, que atua mais como o lado racional para todos os personagens masculinos relevantes – Pátriac, Colm e Dominic. Seu trabalho na atuação também complementa com o de Colin, mas diferentemente de Gleeson, Karry não é dependente e brilha sozinha, sendo um grande peso principalmente na parte da comédia.
O interessante de se analisar que ao contrário de Pátriac e Colm que pensam sobre como que podem ser lembrados depois de suas respectivas mortes, Dominic e Siobhán são a antítese e buscam em Os Banshees de Inisherin a realização de seus sonhos e um recomeço de vida.
Composição cenográfica
Por último, não posso deixar de citar a beleza dislumbrante de Os Banshees de Inisherin. Apesar de Inisherin ser uma ilha fictícia, as gravações realmente aconteceram na Irlanda, com diversas cenas paradisíacas que demonstram um ar mais vivo do filme. Além do campo estético, a magnitude de áreas recheadas por natureza colaboram com a solidão que a ilha provoca em seus habitantes, até com a Guerra acontecendo em uma considerável distância de Inisherin. O lado mais simplório das pessoas que moram no pequeno vilarejo também é enaltecido com o visual de fotografia brilhante e de esgotar o ar do diretor de fotografia Ben Davis.
A trilha sonora de Os Banshees de Inisherin é outra parte crucial, já que Colm é musicista e necessita desse auxílio. A captação do som ambiente da ilha e as composições musicais com a forte presença do violino são bem encaixadas, principalmente envolvendo o instrumento musical, que com seus acordes mais finos e intensos, simbolizam um clima de instabilidade que reina mais categoricamente no próprio personagem de Brendan Gleeson e em Insherin, com a vida pacata e monótona dos habitantes da ilha e dos temores da Guerra Civil Irlandesa.
O que achou de Os Banshees de Inisherin? Deixa nos comentários!
Olá, Nerds da Galáxia! Sou Enzo Sapio, vida longa e próspera! Sou um estudante de jornalismo (até dezembro de 2023) completamente enlouquecido por cinema, sempre tentando ver alguma coisa nova por aí. Sim, sou marvete assumido, pai de gatos, gamer de Playstation e jogador de RPG nas horas vagas. Além disso, gosto de ler quadrinhos e falar sobre games, tecnologia, música (sou mais do rock) e de crushs pesados em famosas nas quais nunca conhecerei. Não tenho nenhum dinheiro no bolso, devido a periféricos gamers, funko pop’s e baldes/copos temáticos de alguma coisa nerdola. Ajude um necessitado e mete um pix… ou simplesmente compartilha minhas matérias! Obrigado!