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Duna: Parte 2 | O “Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei” da atualidade [Crítica Sem Spoilers]

Em 2024, os cinéfilos voltarão a Arrakis para mais uma aventura épica. Duna: Parte 2 chega aos cinemas nesta quinta-feira (29), dando sequência ao destino da Casa Atreides após o ataque brutal liderado pelos Harnokken em conjunto com os Sardaukar, com a emboscada tendo apoio do próprio Imperador do Imperium; e ao plot do Paul Atreides (Timothée Chalamet) como o possível Predestinado e se juntando aos Fremen na luta contra a dominação Harnokken.

Duna: Parte 2 elevou grande hype da comunidade após aparecer com altas notas nos maiores sites de crítica de cinema da Indústria e ser chamado por muitos críticos como o “maior sci-fi já visto”. No IMDB, a sequência conseguiu uma avaliação de 9,4, a mais alta da plataforma, desbancando os clássicos “Um Sonho de Liberdade” – que tem 9,3 -, “O Poderoso Chefão” – 9,2 – e “Batman: o cavaleiro das trevas” – 9,0 -; enquanto no Rotten Tomatoes, Duna: Parte 2 atingiu 97% de aprovação, acima de “Star Wars: o Império Contra-Ataca” (95%), “Alien” (93%), “2001: Uma Odisseia no Espaço” (92%), “Blade Runner” (89%) e “Matrix” (83%).

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Duna: Parte 2 | O “Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei” da atualidade. (Foto: Reprodução/Warner Bros. Discovery)

Diante do favorável restrospecto, será que Duna: Parte 2 chega atingindo esse alto nível de maior filme de ficção científica de todos os tempos? A Nerds da Galáxia foi convidada pela Warner Bros. Discovery a assistir ao filme na cabine de imprensa, realizada na última terça-feira (27), e conta sua crítica sem spoilers da aguardada continuação comandada por Denis Villeneuve.

NotaA crítica consiste em uma opinião do escritor e não deve ser considerada absoluta e/ou uma resposta definitiva para a sua dúvida sobre assistir ou não à obra. Sempre priorize ver para estimular o trabalho dos realizadores e desenvolver sua formação de opiniãoAs informações contidas foram apresentadas em sinopses e trailers.

Cena de Duna: Parte 2. (Foto: Reprodução/Warner Bros. Discovery)
Cena de Duna: Parte 2. (Foto: Reprodução/Warner Bros. Discovery)

Crítica sem spoilers – Duna: Parte 2

Duna de 2021 chegou dividindo opiniões entre os fãs por apresentar muita densidade e informações cada vez mais específicas, sobretudo sobre a lenda por trás do Messias que regiria todo a galáxia para um futuro melhor, as divisões de poder entre as Casas Maiores, o papel do Imperium e a importância da especiaria de Arrakis. Como se não bastasse o peso de 2h30 de duração, mesmo com grandes cenas de fotografia, efeitos, maquiagem e direção de arte – o que permitiu Duna ganhar 6 estatuetas nas categorias técnicas e menções nas prinicipais categorias do Oscar de 2022.

Vendo a partir deste recorte, Duna 1 serviu como uma ótima preparação para o que Duna: Parte 2 se propôs a fazer. Com uma duração um pouco maior, a sequência, de fato, supera irretocavelmente seu antecessor, com um dos motivos deste grande sucesso graças ao “sacrifício” que o primeiro filme teve que carregar para o segundo se abrilhantar pelo seu maior ritmo e desenvolvimento, sem a necessidade de explicações e contextualizações sobre o universo de Duna.

Cena de Duna: Parte 2. (Foto: Reprodução/Warner Bros. Discovery)
Cena de Duna: Parte 2. (Foto: Reprodução/Warner Bros. Discovery)

Partindo em sequência dos acontecimentos finais mostrados em Duna 1, Duna: Parte 2 apresentou um ótimo ritmo e mostrou mais a cara a tapa e a ousadia inédita de Denis Villeneuve com mais cenas de ação. É impressionante como o filme conseguiu render, dando uma sensação de background completa da história e muitos avanços nos personagens principais e no universo em si, sem pontas soltas – claro, sem contar o gancho para o terceiro filme provocado no ato final.

A sensação de infodemia ainda esteve presente como no primeiro, o que pode até ser entendido se lembrarmos a quantidade de páginas que o livro possui, porém em Duna: Parte 2 é muito mais suavizado pela composição das cenas. Mensagens importantes para a trama quando são somente jogados numa cena sem sal como diálogos entre as personagens passam um senso de entendimento, mas também um peso devido ao caráter da cena. Agora quando são bem pensandos usando ações e o ambiente fictício, além da fala, são mais aliviadores e mais conectivos com o público, portanto mais fáceis de compreender e mais atrativos – o que Duna: Parte 2 esbanjou, despertando 100% da nossa atenção em todos os atos.

Cena de Duna: Parte 2. (Foto: Reprodução/Warner Bros. Discovery)
Cena de Duna: Parte 2. (Foto: Reprodução/Warner Bros. Discovery)

Outro grande ponto envolvendo o roteiro de Duna: Parte 2 é – de novo – a evolução de Paul Atreides e Jessica Atreides (Rebecca Fergunson), com a mãe de Paul ganhando um protagonismo muito relevante. As duas personagens iniciam e terminam o filme totalmente diferentes, com os telespectadores presenciando a todo instante esses clímax individuais.

No geral, o roteiro de Duna: Parte 2 inicia e se desenvolve praticamente nos mesmos moldes que o primeiro, porém se eleva em dimensão e ritmo e finaliza de forma mais estreita, ao contrário do filme de 2021 que simplesmente jogou toda a ansiedade para o segundo e nem chega a apresentar um final de fato. Há um plot no final do filme que foi muito bem apresentado e movimenta o longa. Toda a série de eventos mostrados no segundo filme apresentaram uma coerência e uma evolução, e geraram um interesse no que está por vir.

Cena de Duna: Parte 2. (Foto: Reprodução/Warner Bros. Discovery)
Cena de Duna: Parte 2. (Foto: Reprodução/Warner Bros. Discovery)

Por falar nos personagens, o elenco de Duna: Parte 2 continua excepcional. Timothée Chalamet apresenta uma atuação rica e detalhista a medida que Paul desempenha mais protagonismo no filme, com certeza sendo o melhor cênicamente. Seus takes com um Paul numa posição mais de liderança sobre os Fremen são os pontos altos do filme, juntamente com as cenas de combates brilhantemente bem coreografadas e editadas graficamente. Austin Butler também se equipara a Chalamet como uma figura que rouba as cenas em que está envolvido, sendo um bom antagonista estilo sociopata, com técnicas muito parecidas como a de Heath Ledger em “Cavaleiro das Trevas”.

Outro artista que desempenhou muito bem seu papel foi Javier Bardem como Stillgar, o líder dos Fremen. O ator mexicano foi uma grata surpresa protagonizando todas as cenas cômicas, além de apresentar uma ótima sintonia com Timothée decorrente da adoração de Stillgar pela crença sobre o Predestinado, resultando em muitas cenas fraternas que deixa o coração quentinho. Os demais, incluindo a Zendaya, fazem um bom trabalho, sem muita alternativa, espaço ou oportunidade para um detalhe cênico mais fora da curva. Assim como Javier teve uma grande sintonia com Chalamet, Zendaya exala química com o ator franco-americano, com suas cenas como parceiros e casal bem fortes emocionalmente.

Cena de Duna: Parte 2. (Foto: Reprodução/Warner Bros. Discovery)
Cena de Duna: Parte 2. (Foto: Reprodução/Warner Bros. Discovery)

Todavia, como já explicitei no começo da crítica, o ponto forte de Duna: Parte 2 é sua imersão em suas cenas épicas, que chegam a sufocar positivamente o telespectador. Tanto o CGI quanto a fotografia e a direção de arte melhoraram, com mais jogadas de câmeras/ângulos e apostas em novos figurinos, paleta de cores e cenários deslumbrantes. Denis com certeza sabe apresentar mundos e torná-os imersivos. A direção das cenas de ação com seus elementos, coreografia, ordem e importância da cena perante a trama foram bem executadas, com cada uma despertando uma sensação diferente no telespectador e arrancando sorrisos e olhares esbugalhados.

Grande parte disso igualmente veio pelo excelente trabalho – como de costume – de Hans Zimer, compositor alemão mestre em ficção científica. Seus trabalhos em “Interestelar”, “Blade Runner 2049”, “A Origem” e a trilogia Batman de Nolan não deixando mentir.

Cena de Duna: Parte 2. (Foto: Reprodução/Warner Bros. Discovery)
Cena de Duna: Parte 2. (Foto: Reprodução/Warner Bros. Discovery)

Se fosse para definir algumas críticas negativas de Duna: Parte 2, seriam mais o descarte da especiaria e justamente voltada mais pro seu lado entorpecente – uma vez que esta matéria-prima também é um alucinógeno e sempre desconversam sobre este “poder” -, a extrema necessidade de ver Duna 1 antes de Duna: Parte 2 – pois narrativamente é uma sequência direta dos eventos do primeiro filme -, o esquecimento de alguns plots – como o de Paul usando A Voz – e a falta de maior atenção e tempo de tela sobre a rivalidade entre Paul Atreides e Feyd-Rautha (Austin Butler), priorizando muito mais, sem necessidade de muita extensão, o comando de Rabban (Dave Bautista) frente aos Harnokken.

Além também da falta de mais presença de outros elementos do universo, como a representação das outras Casas Maiores fora Atreides e Harnokken – algo que deixaram mais para o terceiro filme, mas que pelo menos serviria de introdução – e o desempenho do Imperium em si na diplomacia – o papel da Florence Pugh, no final, acaba não acrescentando, sendo irrelevante -, faltando mais um senso de como é a governança por trás. Por incrível que pareça, foi mostrado mais as articulações das Bene Gesserit do que do próprio Imperador.

Cena de Duna: Parte 2. (Foto: Reprodução/Warner Bros. Discovery)
Cena de Duna: Parte 2. (Foto: Reprodução/Warner Bros. Discovery)

Conclusão

Duna: Parte 2 é um grande filme épico que faz jus aos elogios espalhados pela crítica. Dificil que tenha outro filme que supere este, o que afirmo que Duna: Parte 2 tem tudo para gabaritar o Oscar 2025 e igualar o feito de “Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei” e levar 11 estatuetas para casa – o que não seria nada impossível, uma vez que o primeiro filme levou 6. Trazendo mais grandeza e dinamicidade, Duna: Parte 2 é imprenscindível e com certeza supera o filme de 2021, mas muito graças ao fardo que seu antecessor teve que protagonizar. Para isso, assista Duna 1 antes de ver este.

Se gostou de Duna 1, você vai amar Duna: Parte 2; se amou o primeiro, vai louvar e se emocionar com o segundo. Podemos dizer que a era dos filmes épicos novamente ganhou sua força em Hollywood, com Duna sendo o catalisador máximo da vertente.

Duna: Parte 2 2024 | 2h50 | Ficção, Drama

9.5

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