A segunda temporada de Sweet Tooth veio com muita polarização da crítica e do público, que estranhou as longas durações dos episódios e insertos narrativos que atrapalharam a fluidez dos telespectadores. Porém, uma decisão acertada pela produção de Sweet Tooth – para, pelo menos, a maioria das recepções – é a proximidade com o material original, o quadrinho homônimo de Jeff Lemire e selo DC Comics, explorando o tom mais dramático e brutal do mundo apocalíptico.
Entre essa dramatacidade e aspectos muito sombrios presentes na segunda temporada de Sweet Tooth, uma pauta importante mostrou força entre os acadêmicos: a longevidade, visto que, infelizmente, vimos muitas mortes brutais de crianças híbridas na 2º temporada de Sweet Tooth, original da Netflix, tanto de maneira violenta causado por terceiros, quanto naturalmente; o que desperta ainda mais a problemática.
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Longevidade, ou esperança de vida, é um fator analítico cientificamente que calcula até quando um número de indivíduos de mesma idade irá sobreviver. Para isso, diversos emaranhados fazem parte da conjuntura, como o avanço da tecnologia, renda estável, condições de trabalho e moradia etc. Claramente, se formos jogar a realidade à série Sweet Tooth, a longevidade dos sobreviventes não seria alta, dadas as condições de precaridade de medicamentos e alimentos para todos e a selvageria.
Mas não é sobre esse recorte que estamos nos aprofundando: como dito inicialmente, personagens infato-juvenis morreram com muito mais demasia, ao contrário da primeira que somente ficou no campo abstrato e imaginativo. Sendo uma série de grande magnitude, Antonio Leitão, Gerente Institucional do Instituto de Longevidade, em entrevista ao Nerds da Galáxia, comentou a importância da segunda temporada de Sweet Tooth na disseminação da pauta, uma vez que não esperamos normalizar pessoas com pouca idade falecerem, independente da causa da morte.
A arte, independentemente da sua forma – se filmes, séries, livros, canções etc. – pode contribuir muito com o avanço de pautas importantes, pela capacidade de explorar cenários imaginários com liberdade, expondo assim problemas reais, e pela capacidade de sensibilizar. Um exemplo bom disso, no caso da questão do envelhecimento, é a animação ‘Up – Altas Aventuras’.
Antônio Leitão, Gerente Institucional do Instituto de Longevidade, ao Nerds da Galáxia
Segundo Antônio, o Brasil está trilhando uma melhora dos padrões de vida quanto à expectativa de vida ao nascer e à esperança de vida à terceira idade, afinal a média de idade dos brasileiros aumentou, com base no recente relatório do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O estudo mostra que, em 2021, a média de vida dos brasileiros é de 77 anos, 2 meses e 26 dias a mais que a média de 2020 – 76,8 anos. Em 10 anos, a população brasileira ganhou mais 2,4 anos a mais de vida, com a taxa média de brasileiros homens definida sendo de 73,6 anos, enquanto das mulheres é de 80,5 anos.
Apesar das notícias positivas e o ar de esperança, a média dos brasileiros está longe de ser ocupar o top 10, pelo menos, de lugares mais longeivos do mundo. Só para efeitos de comparação, Singapura ultrapassa os 86 anos, Suiça atinge a média de vida de 85 anos e o Japão registra 88 anos de expectativa de vida, conforme estudos.
Enquanto milhões de desempregados e pessoas em situação de miséria – fora os problemas um pouco mais micros, comparados ao o que foi citado acima, tais quais os percentuais de falta de saneamento básico e acesso a postos de saúde e entidades educacionais -, no Brasil, há muito que melhorar, com a compreensão da pauta da longevidade sendo um bom caminho para a percepção das enumerosas problemáticas sociais que o povo brasileiro enfrenta: “Mesmo que seja de forma incidental, quando uma obra cultural toca num assunto de forma a fazer quem a consome refletir, penso que seu papel se está cumprindo”, disse Antônio Leitão sobre a importância de outras obras culturais, como o Sweet Tooth, retratarem tal tema.
Os jovens devem se inteirar da questão da longevidade por várias razões: quem é jovem hoje será, com sorte, velho daqui algum tempo. A alternativa a isso é morrer antes de ficar velho, a qual, presume-se, ninguém quer. Assim, também é em seu próprio interesse que as gerações mais jovens devem se envolver no combate ao etarismo (preconceito em razão da idade), ainda que esse interesse só vá se materializar de forma mais tangível futuramente.
Além disso, a falta de condições adequadas para envelhecer ativamente hoje pode afetar profundamente a vida de pessoas jovens, por exemplo ao tornar o exercício do cuidado de familiares idosos muito mais difícil. Enfim, há várias razões para quem não é idoso se envolver com o tema.
Antônio Leitão, Gerente Institucional do Instituto de Longevidade, ao Nerds da Galáxia
Mais sobre Sweet Tooth
Sweet Tooth conta a história de Gus (Christian Convery), um menino-cervo que vive em um futuro pós-apocalíptico e faz parte de uma nova raça híbrida de humanos e animais. Isso é resultado de uma série de mutações que aconteceram depois do “Grande Colapso”, quando um misterioso e mortal vírus espalhou o caos pelo mundo.
Devido à pandemia, Gus cresceu isolado por uma década, até que decide deixar sua casa na floresta para explorar o que restou lá fora e encontrar sua mãe desaparecida. Mas, contra todas as probabilidades, ele se torna amigo do ex-jogador de futebol Tommy Jepperd (Nonso Anozie), agora viajante solitário e um dos sobreviventes da catástrofe. Juntos, eles embarcam em uma aventura extraordinária por um planeta devastado – e perigoso. Ao descobrir que existem outros como ele, Gus acaba ingressando em uma família de híbridos enquanto busca por respostas acerca dessa nova realidade e o mistério por trás da origem de sua espécie.
A Netflix comunicou que Sweet Tooth se encerrará na terceira temporada: “É difícil dizer adeus. Ainda virá mais uma última temporada de Sweet Tooth vindo para Netflix”, dizia o comunicado, que estampou uma bela arte. Toda a primeira e segunda temporada, com ao todo 24 episódios, estão disponíveis no catálogo da plataforma de streaming.
Olá, Nerds da Galáxia! Sou Enzo Sapio, vida longa e próspera! Sou um estudante de jornalismo (até dezembro de 2023) completamente enlouquecido por cinema, sempre tentando ver alguma coisa nova por aí. Sim, sou marvete assumido, pai de gatos, gamer de Playstation e jogador de RPG nas horas vagas. Além disso, gosto de ler quadrinhos e falar sobre games, tecnologia, música (sou mais do rock) e de crushs pesados em famosas nas quais nunca conhecerei. Não tenho nenhum dinheiro no bolso, devido a periféricos gamers, funko pop’s e baldes/copos temáticos de alguma coisa nerdola. Ajude um necessitado e mete um pix… ou simplesmente compartilha minhas matérias! Obrigado!