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Elementos (2023) – Vale a pena ou não?

Pixar Animation Studios é conhecida por uma gama de animações que marcaram e continuam marcando gerações, mas nos últimos anos as pessoas alegam que o estúdio tem se tornado inconsistente e que não tenta se inovar.

Na verdade, é uma ocasião rara quando a Pixar lança projetos – especialmente longas-metragens – que não tentam elevar os seus próprios limites nas animações, transformando-as em narrativas simples criadas com tópicos importantes (e talvez delicados), sejam elas envolvendo a vida secreta dos brinquedos e o que eles fazem quando os humanos não estão por perto, como o testemunho emocionante dos anos dourados da vida de um viúvo ou até a forma de como as nossas emoções pensam. Tudo isso para atingir os nossos mais profundos pensamentos com reflexões sobre a vida e sobre como superamos os múltiplos obstáculos colocados em nosso caminho. Sempre houve algo em comum em todos os longas do estúdio.

“Elementos”, a nova animação em longa metragem da Pixar com a direção de Peter Sohn (“O Bom Dinossauro”), que estreia nesta quinta-feira (22 de junho), brinca com esses mesmos conceitos, diluindo-os ao mais básico dos básicos: os quatro elementos da natureza que compõem toda a matéria, – Terra, Ar, Fogo e Água.

O mundo precisa de todos eles para sobreviver, mas, como todos sabemos, eles não se misturam. Claro, isso torna a história de “Elementos” um tanto interessante, principalmente quando se passa em um lugar extraordinário chamado Cidade Elemento, onde a água, o ar e a terra vivem felizes lado a lado em sociedade, e o fogo vive entre si do outro lado da cidade, na periferia, para que, de algum modo, um acaba não destruindo o outro mesmo que sem querer, só pela mera coexistência. É este o pano de fundo dessa nova animação, que em si é muito atraente, pois conta uma história de amor com subtextos sobre a imigração, a desigualdade social, a diversidade, o racismo e tolerância.

NotaEstá é uma crítica sem spoilers, a fim de não estragar sua experiência em assistir ao filme. A crítica consiste em uma opinião do escritor e não deve ser considerada absoluta ou uma resposta definitiva para a sua dúvida de assistir ao filme ou não. Sempre priorize ver para estimular o trabalho dos realizadoresAs informações contidas na crítica já foram apresentadas em sinopses e trailers.

Imagem: Elementos - (Divulgação: Walt Disney Pictures e Pixar Animation Studios).
Imagem: “Elementos” – (Divulgação: Walt Disney Pictures e Pixar Animation Studios).

Uma das primeiras informações liberadas a respeito de “Elementos” foi a de que o longa seria a primeira comédia romântica declarada da Pixar. Ótima decisão para criar uma expectativa e uma ligação mais profunda e familiar com o público, sendo acompanhada pelos grandes desafios para se superar e trazer algo novo. Afinal de contas, essa história soa muito como um romance proibido shakespeariano e o público já conhece esse tipo de história, da dinâmica entre os personagens e os espectadores merecem ver coisas diferentes deste conto milenar, certo?

Conforme a sinopse de “Elementos”: após uma semana corrida, Brasa permite que sua filha, Faísca, abra a loja sozinha na manhã da Liquidação do Fogo. No entanto, quando ela sente que pode ter uma crise de explosão, Faísca corre para o porão da loja e acidentalmente estoura alguns canos de água, que suga o inspetor de construção Gota para a loja onde ele encontra e anota várias violações, efetivamente fechando o local. Para salvar o negócio da família e salvar a Terra do Fogo, os dois elementos devem se unir e conseguir encontrar um caminho.

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Imagem: “Elementos” – (Reprodução: Walt Disney Pictures e Pixar Animation Studios).

O diretor, Peter Sohn, e os roteiristas, John Hoberg (“The Neighbors”), Kat Likkel (“The Neighbors”) e Brenda Hsueh (“How I Met Your Mother”) tiveram a difícil tarefa de criar uma história romântica que dialoga com todas as idades e escreveram o roteiro de “Elementos” através da ideia de “e se o fogo e a água pudessem se conectar?” com muita inspiração em comédias românticas com casais no estilo os opostos se atraem, além de momentos da vida de seu próprio idealizador, Peter Sohn, para contar uma aventura cheia de coraçãohumor e momentos de autoconhecimento, com o propósito de aproveitar todos os cenários possíveis em que o amor e a carga emocional se tornem o centro das atenções.

Inclusive, um dos melhores pontos de “Elementos” é como a dinâmica entre os personagens principais é incrível e os seus magistrais ciclos de desenvolvimentos construídos e os aspectos únicos permitem uma verdadeira e legitima conexão entre eles. Faísca Luz e Gota D’água são um belo casal com química e tentam encontrar suas próprias identidades em um vasto mundo de possibilidades. Faísca é filha única e tem crises de explosões com o propósito dado a ela mesmo não queira aceitar por inteiro, como assumir a loja de seu pai, Brasa. Enquanto Gota, seu interesse amoroso, é muito mais bem resolvido, mesmo que às vezes tenha dúvidas sobre quem ele gostaria de ser por falta de confiança em si próprio.

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Imagem: “Elementos” – (Reprodução: Walt Disney Pictures e Pixar Animation Studios).

Os atores do elenco da dublagem brasileira estão excelentes em seus respectivos papeis. Todos conseguem transmitir, seja individualmente ou em conjunto, carismaafetoempatia e realmente entendem o que os personagens precisam ser para essa história e se entregarem de uma forma impecável, principalmente Luiza Porto (“Elite”) como Faísca e Dláigelles Silva (“Pantera Negra: Wakanda para Sempre”) como Gota. Eles têm uma ressonância única em suas vozes que embalam o público em uma sensação de calma e paz, mesmo quando estão agitados ou chateados. Eles dão aos seus personagens personalidades que complementam a maneira conforme são desenhados na animação.

A composição artística e a animação idealizadas para “Elementos” pelo diretor junto com a equipe da Pixar Animation Studios brilha ao apresentar várias cenas impressionantes com uma bela animação 3D, que até pode parecer simplista e pouco inspiradora, mas as movimentações fluidas e as explosões de cores vivas tornam tudo muito admirável e a utilização de uma série de ângulos e movimentos de câmeras inventivos certamente ficarão na memória dos espectadores e transmitem as emoções necessárias para cada cena. Seja o momento em que Faísca começa a dançar e correr em cima de cristais coloridos ou o primeiro abraço de Gota e Faísca que altera suas moléculas.

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Imagem: “Elementos” – (Reprodução: Walt Disney Pictures e Pixar Animation Studios).

Para imaginar uma história circunstancial em torno desse romance proibido em “Elementos”, Sohn e os roteiristas utilizam-se da manipulação de emoções para permitir o filme saber o que devemos sentir diante ao que vemos na tela. Uma grande história de amor cheia de momentos engraçados e comoventes feita com a gratificação pela construção do romance muito bem conduzido pela narrativa que enchem os olhos e deixam o espectador à vontade, especialmente quando combinado com a simplicidade que só a Pixar consegue fazer com uma história cheia de metáforas e mensagens difíceis sobre a imigração, a desigualdade social, o racismo, a diversidade, a tolerância e também o autoconhecimento.

Apesar das qualidades mencionadas, o roteiro tem várias batidas de enredo que costumam tomar rumos facilitados detectáveis a quilômetros de distância com sequências isoladas que aparentam ser gratuitas, subdesenvolvidas e longas demais, que podem tornar a história previsível e desinteressante para alguns. Mas essas queixas deixam de ser relevantes, pois mesmo com uma história clichê, os espectadores se conectam com história, na verdade, a partir da construção do romance fofinho entre os personagens, do bom trabalho ao tratar dos dilemas internos e as relações com suas famílias – é como acontece, e não o que acontece, que impulsiona “Elementos”.

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Imagem: “Elementos” – (Divulgação: Walt Disney Pictures e Pixar Animation Studios).

Não tem como negar que “Elementos”, a nova animação em longa metragem da Pixar, é um bom filme tanto para os admiradores de animações quanto para aqueles que vão assisti-lo somente por puro entretenimento. E por mais que não seja perfeito, – falha ao ficar no comodismo do clichê shakespeariano, ele se beneficia com uma verdadeira e legitima conexão entre os personagens principais e da construção de um romance bem fofinho que ajuda a tornar o filme em uma linda história de amor, divertida e familiar que as crianças vão adorar e os pais ficarão surpresos ao descobrir que eles também vão gostar.

O Encontro de Carl:

Quem já chorou, prepare-se para chorar mais. A Disney vai lançar um curta-metragem do universo de “Up -Altas Aventuras” que será exibido antes das sessões de “Elementos”.

Escrito e dirigido pelo vencedor do Emmy Bob Peterson (“Up -Altas Aventuras”) e produzido por Kim Collins (“Toy Story 4”), o intitulado “O Encontro de Carl” nos entrega uma emocionante, brilhante e divertida história de Carl Fredricksen se preparando para o seu primeiro encontro desde a morte de sua esposa, Ellie. Sem ter ideia de como um encontro funciona hoje em dia, ele recebe a ajuda de Dug, seu fiel escudeiro, que intervém para acalmar o nervosismo pré-encontro de Carl e oferece algumas dicas testadas e comprovadas para fazer amigos (se você for um cachorro).

“Elementos” estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 22 de junho.

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