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A queda

A mais recente adição ao catálogo da Prime vídeo é o ótimo suspense “A Queda”, um filme que embora possua um elenco reduzido, baixo orçamento e pouquíssimos cenários a serem explorados, cativa o público com base na mais genuína criatividade, prendendo a atenção do expectador do início ao fim da projeção.

Logo no início do filme somos apresentados ao casal Becky (Grace Caroline Currey) e Dan (Mason Gooding), que juntamente com sua amiga Hunter (Vírginia Gardner) praticam escalada em uma íngreme montanha quando são surpreendidos por um trágico acidente que acaba ceifando a vida de Dan e sendo o gatilho para a profunda depressão que atinge Becky e que dominará a sua vida pelos próximos 12 meses.

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Hunter, ao saber do estágio depressivo em que se encontra sua amiga, retorna após um período sabático viajando pelo mundo e decide que a melhor forma de tirar Becky da fossa é fazê-la encarar seus medos de frente e com isso surge a (péssima) ideia de escalarem juntas a torre B67, uma antiga torre de TV abandonada com mais de 600 metros de altura no meio do deserto.

Ao chegarem ao local do desafio as amigas escalam a torre unidas por uma corda de 15 metros e equipadas com uma mochila, uma garrafa de água e um drone para filmagens, já que imaginavam que em pouco tempo estariam de volta ao solo, mas a aventura das amigas alpinistas estava apenas em seu início.

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O diretor Scott Mann conduz seu filme, durante a escalda da torre, com um clima de iminente perigo, reforçado pela trilha sonora de suspense e também pelo foco constante nas partes sensíveis da torre antiga, que a todo momento nos dá a impressão de que irá ceder no próximo passo das protagonistas. Essa sensação de angústia é partilhada entre o público e a protagonista Becky que tem a nítida impressão de que algo por ali não está muito certo, mas acaba sendo convencida a prosseguir por sua entusiasmada amiga Hunter até que, um passo de cada vez, consegue alcançar o topo da 4ª maior torre do mundo.

Uma das premissas básicas desse tipo de filme é que os protagonistas costumam aventurar-se num local totalmente isolado, de difícil acesso e em nenhum momento passa pelas suas cabeças avisar a um amigo, deixar um papel com o endereço na geladeira, ou tomar qualquer atitude minimamente inteligente como forma de resguardar sua integridade física. Mas mesmo um clichê batido como esse, quando bem aproveitado, torna a história interessante nas mãos de um cineasta habilidoso como Scott Mann.

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Depois que a dupla alcança o topo da monumental estrutura de metal o problema real aparece quando a escada que as levaria de volta ao solo de despedaça deixando as amigas Becky e Hunter ilhadas no topo de uma torre enferrujada, sem alimentos, sem qualquer sinal de celular e há dezenas de quilômetros de qualquer alma viva que não esteja aguardando sua morte para refastelar-se com seus restos mortais.

O drama das amigas que precisam lidar com uma angústia crescente a cada minuto no topo da torre é partilhado pelo público que torce pelas protagonistas se livrarem da enrascada que se meteram, mesmo sem ter a menor ideia de como tirá-las de lá com vida. O suspense consegue prender a atenção da audiência em todo o filme, que guarda um grande plot twist no início de sua parte final, deixando aquilo que já era ruim, pior ainda.

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O final do longa, embora não tenha a mesma intensidade do filme, é satisfatório na medida em que consegue dar uma conclusão minimamente coerente à aventura das amigas alpinistas, concluindo bem uma história muito bem contada, com uma ótima fotografia, mesmo com orçamento modesto.

Um filme com muita adrenalina, boas doses de suspense e que comprova que mesmo em uma mercado cinematográfico dominado por blockbusters de orçamento bilionário a receita para se fazer um bom filme está mais relacionada à qualidade do tempero da comida que do preço pago pelo prato e nesse contexto o filme “A queda” seria comparado a uma bela porção de arroz com feijão, mas daquelas bem quentinhas, com tempero caprichado e que dão vontade de repetir.

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