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Duas Bruxas: A Herança Diabólica (2023) – Crítica

Duas Bruxas: A Herança Diabólica vale ou não a pena?

Bruxa, feiticeira, maga, mandingueira e sacerdotisa do Diabo são alguns dos termos associados a mulheres que sempre foram um elo entre mito e razão ou entre ficção e realidade, pois elas se encontram no campo do imaginário popular, disseminado pela cultura e pelos costumes de um povo e que, sobretudo, estabeleceu relação e consequências nas ações na história da humanidade, principalmente com o advento do Cristianismo e sua disseminação pelo mundo.

O poder simbólico de muitas crenças, rituais ou costumes passaram a ser perseguidos e rotulados como heréticos e pecaminosos, fazendo com que as mulheres durante a Idade Média que possuíam domínio de habilidades “incomuns” para a Igreja Católica, fossem julgadas como hereges e pecadoras, pois, na concepção católica, elas tentavam enganar as leis divinas com rituais que iam contra os preceitos da Fé de Deus. Por isso, várias mulheres foram perseguidas e acusadas de feitiçaria ou bruxaria e, consequentemente, foram assassinadas pela prática de suas crenças e suas culturas se tornaram “ações do Demônio“, por elas fazerem pactos com o Diabo e realizarem coisas sobrenaturais e horrendas.

Com isso, vem uma pergunta em mente: será que Duas Bruxas: A Herança Diabólica, um filme de terror com baixo orçamento e uma equipe de produção talentosa, mas inexperiente, consegue abordar esse lado “diabólico” das bruxas? Bom, graças ao convite da Synapse Distribution, nós da Nerds da Galáxia temos uma resposta. Confira na crítica abaixo.

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Imagem: “Pôster oficial de Duas Bruxas: A Herança Diabólica” – (Divulgação/Synapse Distribution).

NotaEsta é uma crítica sem spoilers, a fim de não estragar sua experiência em assistir ao filme. A crítica consiste em uma opinião do escritor e não deve ser considerada absoluta ou uma resposta definitiva para a dúvida de assistir ao filme ou não, tampouco um achismo do portal Nerds da Galáxia. Sempre priorize ver para estimular o trabalho dos realizadores.

Há uma disposição em Duas Bruxas: A Herança Diabólica de jogar tudo na tela e, embora não funcione para todos, é louvável. As bruxas no horror passaram por vários estágios de representação, desde a ambiguidade ‘ela é ou não é‘ de filmes como A Bruxa (2015), experimentação adolescente em Jovens Bruxas de 1996 (ou The Craft) até o abertamente sinistro em Suspiria (1977 e 2018). Duas Bruxas: A Herança Diabólica sem dúvida parece mais próximo de algo como Arraste-Me para o Inferno, com o gore assumindo um papel principal e isso é, curiosamente, um ponto positivo aqui.

A estrutura de Duas Bruxas: A Herança Diabólica é interessante, construindo-se como uma antologia (contada em capítulos) composta por duas histórias que se interligam (não muito bem) e também provocam novas entradas naquele mundo. É uma jogada ambiciosa, mas o manejo de cada seção não permitiu que o diretor Pierre Tsigaridis (compartilhando as funções de roteirista com Maxime Rancon e Kristina Klebeto) mostrasse suas capacidades em estabelecer personagens e situações com total eficiência.

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Imagem: “Duas Bruxas: A Herança Diabólica” – (Reprodução/Synapse Distribution).

A primeira seção de, Duas Bruxas: A Herança Diabólica e a mais problemática, apresenta Sarah (Belle Adams) como uma mulher cuja recente descoberta de gravidez chegou com uma ordem paralela de extrema ansiedade. O namorado Simon (Ian Michaels) descarta suas preocupações na maior parte do tempo, optando por levar sua parceira claramente assustada para visitar os amigos Dustin (Tim Fox) e Melissa (Dina Silva). Continuando com sua sequência de más decisões, o quarteto se entrega a algumas perseguições e coisas que deveriam ser assustadoras, a lá Evil Dead de Sam Raimi (mas sem o seu brilhantismo de composição de cena).

O primeiro capítulo realmente não me agradou e, admito, minha paciência foi testada. Para mim, a parte que brilha é a seção dois de Duas Bruxas: A Herança Diabólica, com Masha. Personagem estrelada por Rebekah Kennedy em um desempenho muito forte e com um ar de Sissy Spacek em Carrie, A Estranha (1976), permitindo que ela efetivamente jogue com as nuances do personagem, passando de vulnerável a perigoso em um instante. Este segmento aborda uma exploração muito mais interessante das bruxas como um legado, com o poder desejado em vez de contestado.

Imagem: Duas Bruxas: A Herança Diabólica - (Reprodução/Synapse Distribution).
Imagem: “Duas Bruxas: A Herança Diabólica” – (Reprodução/Synapse Distribution).

O longa dirigido por Pierre Tsigaridis não sabe equilibrar os excelentes momentos de tensão e uma atmosfera genuinamente opressiva e desagradável com as muitas tentativas de sustos que falham miseravelmente. A dependência excessiva de Duas Bruxas: A Herança Diabólica em cenas aéreas do ambiente e de mulheres em vários estágios de contorção facial torna-se cansativa, mesmo quando intercalados com imagens mais sangrentas. Este filme é praticamente decadente com uma narrativa de terror e ela provavelmente testará até mesmo espectadores mais maleáveis.

Quando desmontadas como peças de um quebra-cabeça criado pelos roteiristas Maxime Rancon e Kristina Klebeto chefiados por Pierre Tsigaridis, na verdade há ideias decentes em Duas Bruxas: A Herança Diabólica, mas que não conseguem se comunicar de forma efetiva. Se você está procurando algo barulhento, sutil, com uma história simplória e abordagem interessante, recomendo assistir qualquer outro filme, menos este, que definitivamente não vale seu tempo e atenção.

Duas Bruxas: A Herança Diabólica estreia nos cinemas nacionais no dia 2 de março de 2023.
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1 Comment

  1. Esse filme parece ser BEM genérico e eu nem sabia da existência dele, então, de qualquer forma, não verei.

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