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Renfield – Dando Sangue Pelo Chefe (2023) | Crítica

Como seria uma história do Drácula com seu servo?

Renfield – Dando Sangue Pelo Chefe“, filme de terror cômico dirigido por Chris McKay (“Lego Batman – O Filme“) e escrito por Ryan Ridley (“Rick & Morty“) e Robert Kirkman (“The Walking Dead“), imagina os resultados: um caótico festival de sangue, promovido por um relacionamento abusivo entre um mestre e um servo. O filme será lançado nos cinemas brasileiros no dia 27 de abril de 2023 e em vez de recontar a história de Drácula, como já foi feito inúmeras vezes, o novo longa é um conceito novo que apresenta alguns nomes familiares escritos por Bram Stoker de forma reimaginadas.

Drácula” é um livro epistolar-romance de Stoker em 1897 do gênero terror gótico e é a mais famosa das obras do autor devido ao seu impacto na cultura popular e às muitas reproduções na literatura, televisão e no cinema. “Drácula” é uma típica história sobre a batalha entre as forças do bem e do mal, seguindo as narrativas de vários personagens, incluindo Jonathan Harker, Mina (Murray) Harker e Abraham Van Helsing, enquanto trabalham juntos para derrotar o conde Drácula, um vampiro centenário.

Mas cadê Renfield, o “fiel” servo do Drácula, nesta história? R.M. Renfield é um personagem relativamente menor no romance de Bram Stoker, sendo um paciente de um manicômio, uma vez que acreditavam que ele estava sofrendo de algum tipo de insanidade que o fazia comer criaturas vivas em busca da imortalidade e força. No final do romance, ele é manipulado por Drácula, deixando-o entrar no asilo onde Van Helsing, Mina e os outros estão escondidos, levando Mina a ser atacada. No filme, ele é obviamente muito mais significativo e você verá como, agora!.

Video: “Renfield: Dando Sangue Pelo Chefe | Trailer Final” – (Distribuição: Universal Pictures).

Quando a Uiniversal Pictures anunciou “Renfield – Dando Sangue Pelo Chefe“, muitos não sabiam no que daria, pois se acredita que o filme pode fazer parte da nova tentativa de retomar as franquias de monstros clássicos do estúdio, depois do fracasso comercial que o “DarkUniverse“, iniciado com “A Múmia” de 2017. Posteriormente o projeto mudou de foco, quando “O Homem Invisível” conquistou o sucesso ao apresentar uma trama mais contida e moderna, se afastando dos planos de criar um universo compartilhado e lucrando 143 milhões de dólares, tendo um orçamento de apenas $7 milhões.

Crítica:

NotaEstá é uma crítica sem spoilers, a fim de não estragar sua experiência em assistir ao filme. A crítica consiste em uma opinião do escritor e não deve ser considerada absoluta ou uma resposta definitiva para a sua dúvida de assistir ao filme ou não. Sempre priorize ver para estimular o trabalho dos realizadoresAs informações contidas na crítica já foram apresentadas em sinopses e trailers.

Imagem: Renfield - Dando Sangue Pelo Chefe - (Distribuição: Universal Pictures).
Imagem: “Renfield – Dando Sangue Pelo Chefe” – (Distribuição: Universal Pictures).

Estamos na Nova Orleans de hoje em dia, e Renfield (Nicholas Hoult) está farto. O sujeito foi para mansão de Drácula (Nicolas Cage) na Transilvânia para fazer alguns negócios imobiliários e acabou ficando por lá. Ele costumava ser um bom corretor com uma esposa, uma filha e grandes planos para o futuro. Mas isso foi há décadas, e o pobre Renfield passou a vida inteira escondido nas sombras, mordiscando insetos e entregando refeições para seu chefe horrível e no final, a vida do protagonista fica ainda mais complicada com a introdução de Rebecca (Awkwafina), uma guarda de trânsito, cujo objetivo é obter justiça contra uma família criminosa local chefiada por Bellafrancesca (Shoreh Aghdashloo) e seu filho, Tedward (Ben Schwartz).

A história de “Renfield – Dando Sangue Pelo Chefe” em si é um pouco curiosa. Abordar assuntos tão delicados e complexos quanto relacionamentos tóxicos e codependência torna a história de Renfield e Drácula interessante o suficiente para atrair um certo público, mas infelizmente para por aí.

Chris McKay e os roteiristas Ryan Ridley e Robert Kirkman receberam a tarefa de fazer uma história para “Renfield – Dando Sangue Pelo Chefe” e colocaram muita inspiração e homenagem no gênero do terror gótico dos antigos filmes de monstros das décadas 1930 e 1940, mas também com muita comédia e sanguinolência, para aproveitar todos os cenários possíveis de um embate entre tirania e liberdade de um mestre com seu servo.

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Imagem: “Renfield – Dando Sangue Pelo Chefe” – (Reprodução: Universal Pictures).

Inclusive, um dos três excelentes pontos de “Renfield – Dando Sangue Pelo Chefe” é esse embate, nos permitindo ver, precisamente, o que os personagens estão pensando diante aos acontecimentos de sua história, que começa de argumentos de moral – como quando Renfield diz para Drácula o que sente enquanto o conde ridiculariza e zomba das queixas de seu servo, deixando o espectador querendo ver mais dessas trocas de filosofias – até chegar em algo mais físico em momentos de ação do filme, especialmente quando combinada com o apelo de uma coreografia bem montada e divertida sendo o até então, segundo dos três excelentes pontos de “Renfield – Dando Sangue Pelo Chefe“.

A composição artística idealizada para “Renfield – Dando Sangue Pelo Chefe” pelo diretor Chris McKay e sua equipe técnica, infelizmente não brilha, só que também não atrapalha. há poucas cenas inventivas e criativas, a maioria utiliza uma série de ângulos e movimentos de câmera básicos. Close-ups invasivos nos rostos dos personagens, um bom uso de câmera lenta, do escuro e do desfoque. O design de produção pinta uma estética típica de filme de terror moderno ao mesmo tempo que homenageia os clássicos concentrando-se em características góticas, sombrias e uma mescla de cores vivas e despotadas

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Imagem: “Renfield – Dando Sangue Pelo Chefe” – (Reprodução: Universal Pictures).

Acontece que “Renfield – Dando Sangue Pelo Chefe” é uma versão contemporânea que brinca com a obra de Bram Stoker e tenta criar algo novo, mas para imaginar uma história circunstancial em torno de Renfield e seu desejo de ser livre do Drácula, o filme não consegue uma boa coesão, bom ritmo, as batidas do enredo costumam tomar rumos facilitados com um humor totalmente falho e coisas ocorrem sem explicação, exemplo: como Renfield e Drácula acabaram em Nova Orleans? O que importa é que a) o “Lorde das Trevas” está passando mal (foi pego no sol) e b) Renfield se juntou a um grupo de apoio para pessoas com relacionamentos abusivos.

Embora cada personagem e cada história sejam moderadamente “interessantes“, “Renfield – Dando Sangue Pelo Chefe” se esforça demais para dar a cada um, o seu lugar e acaba não dando a nenhum deles. Renfield desejando se libertar do relacionamento tóxico com seu mestre; Drácula querendo se vingar do servo por abandoná-lo; uma guarda de trânsito em busca de justiça por um parente morto ou uma família criminosa está atrás do responsável por atrapalhar suas operações. Pareceu uma tarefa exaustiva para a edição encontrar um ritmo adequado para conduzir as linhas narrativas e fazê-las colidir organicamente, pois é um filme que não sabe o que quer entregar.

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Imagem: “Renfield – Dando Sangue Pelo Chefe” – (Reprodução: Universal Pictures).

Mas existe uma coisa que “Renfield – Dando Sangue Pelo Chefe” realmente quer entregar: Nicolas Cage como o conde Drácula! O homem não brinca. Seja qual for o papel e onde quer que a estrada o leve, Cage está com tudo, e o ator consegue trabalhar e aproveitar cada momento, enquanto retrata um dos maiores vilões do terror nesta versão mais descontraída e aterrorizante, sendo esse o terceiro (e último) dos três excelentes pontos do filme.

Infelizmente, os demais atores do elenco não estão tão operantes assim, alguns não conseguem transmitir carisma ou empatia e outros estão no piloto automático, como Nicholas Hoult que está entregando um personagem que, na verdade, é uma mistura de Jonathan Harker com o Renfield original em uma atuação bem semelhante a que o próprio ator fez em “Meu Namorado é um Zumbi” e a Awkwafina que está fazendo a Awkwafina de sempre.

Conclusão Em Um Parágrafo:
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Imagem: “Renfield – Dando Sangue Pelo Chefe” – (Distribuição: Universal Pictures).

Renfield – Dando Sangue Pelo Chefecertamente não é perfeito e também não se beneficia com muita coisa a não ser o divertidíssimo Drácula de Nícolas Cage. Quando desmontadas como peças de um quebra-cabeça criado pelos roteiristas Ryan Ridley e Robert Kirkman chefiados por Chris McKay, na verdade há ideias decentes mas que não conseguem se comunicar. O filme não é ruim ao nível de ferir a sua inteligência, mas sim incrivelmente esquecível, quase inútil. Ele perde a chance de cativar o público e a crítica especializada com sua trama muito subdesenvolvida, sem coesão, ritmo e personagens apáticos. Pense em O que Fazemos Nas Sombras de Taika Waititi, só que com menos a inteligência, charme e a diversão brilhante. 

Renfield – Dando O Sangue Pelo Chefe será lançado nos cinemas brasileiros no dia 27 de abril de 2023.

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4.5

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