“Não! Não Olhe!” – Mais um filme com a cara de Jordan Peele
No dia 25 de agosto, mais um filme da Universal Pictures estará em cartaz nos cinemas brasileiros – “Não! Não Olhe!”. E não é qualquer produção: trata-se do mais novo filme escrito, produzido e dirigido pelo aclamado e queridinho de Hollywood Jordan Peele. A mente brilhante por trás de “Corra!”, ganhador do Oscar de ‘Melhor Roteiro Original’, novamente trás uma obra de terror/suspense, agora com uma pegada mais fantasiosa.
Falando da volta de Jordan Peele aos cinemas, o filme “Não! Não Olhe!” também conta com Daniel Kaluuya, depois de 5 anos da produção de “Corra!”. Parceria esta que promete ser duradoura, como Robert de Niro e Scorcese e Spielberg e Tom Hanks são. “Não! Não Olhe” conta com Keke Palmer, Steven Yeun, Brandon Perea, Michael Wincott e Barbie Ferrera. O filme possui 2 horas e 15 segundos de duração e já arrecadou US$ 100 milhões em bilheterias nos EUA. Desta vez, “Não! Não Olhe!” teve o maior orçamento dentre as produções de Peele, com um pouco mais de US$ 60 milhões gastos.
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Sobre “Não! Não Olhe!”
Não! Não Olhe! acompanha a história dos irmãos OJ (Daniel Kaluuya) e Emerald Haywood (Keke Palmer), que administram um rancho especializado em treinar cavalos para participações em filmes. Os negócios eram originalmente comandados pelo pai dos dois, que teve uma morte trágica e em circunstâncias estranhas, causada pela queda de destroços de uma aeronave. Agora, os irmãos precisam batalhar para manter as contas em dia, enquanto lidam com acontecimentos enigmáticos, que envolvem o desaparecimento de alguns de seus animais e o surgimento de algo estranho que parece estar sobrevoando a casa deles.
Sinopse do filme “Não! Não Olhe” – Créditos: Adoro Cinema
“Não! Não Olhe!” é uma proposta audaciosa de Jordan Peele, que ao contrário das estimativas de sempre as vindouras produções terem ideias e orçamento maiores, Peele acaba fazendo o mesmo de sempre: enfoque total em roteiro. Não é à toa que mesmo tendo lançado apenas 3 filmes, Jordan Peele inovou o jeito de fazer filmes de terror e marcou seu nome dentro da categoria de terror psicológico.
Muito se deve por elementos reais inseridos dentro da trama. Quando digo ‘elementos’, não se trata de referências à cultura ou similares, e sim pautas sociais, criando uma relação não somente de denúncia ou problematização, mas também um enriquecimento da trama – com uma perfeita exploração das mesmas, criando camadas para suas personagens – e uma sensação mais verídica de inserção por parte dos telespectadores. Trabalhos como “Corra!” e “Nós” são aclamados pela pauta do racismo, que teve papel crucial no plot twist e enredo, fazendo uma simples ideia se tornar algo genial e inédito.
A pauta racial e a cultura do espetáculo são bons exemplos do que foi falado acima. Como já realizou em seus projetos, Jordan Peele não deixaria de lado o racismo em “Não! Não Olhe!”, em cenas qu foram vistas no trailer.
Otis Júnior Haywood e Emerald Haywood – papéis de Daniel Kaluuya e Keka Palmer, respectivamente – são descendentes do homem anônimo que aparece na primeira imagem feita com captura de movimentos, pelo fotógrafo inglês Eadweard Muybridge, no século 19, uma história verídica. O contexto que Peele nos mostra na cena é de apagamento dos negros na história cinematográfica, pelo fato do fotógrafo inglês ser mais lembrado que o protagonista da película, que se tratava de um homem preto em seu cavalo. Apesar da crítica estar em segundo plano em “Não! Não Olhe!”, foi uma mensagem muito importante e de até uma espécie de ‘grito’ que Peele quis expressar em meio à indústria, que ainda é desigual e injusta .
Outra problemática é a cultura do espetáculo, trazida brilhantemente pelo artista Steven Yeun – indicado ao Oscar de ‘Melhor Ator’ em “Minari”. Associado à origem de Jupe, personagem de Yeun, o filme explicita o quanto que nós vamos longe demais pelo sucesso, fama e dinheiro. Em “Não! Não Olhe”, Jupe era uma ex-estrela mirim de uma sitcom, quando algo bárbaro aconteceu, que, através de flashbakcks, traumatizou a personagem, com sequelas ainda existentes – novamente, elogiando a capacidade de Jordan Peele em contar novas camadas e destrechos da narrativa sem ser de uma forma direta, fazendo-nos aguçar nossa atenção ao filme, aliando ao timing certo que essas cenas aparecem.
Mesmo com esses traumas, Jupe acaba fazendo um santuário com peças em exposição da sitcom. O seriado, que já era bem-sucedido na época, multiplicou os fãs após o desastre. Dessa forma, a personagem lucrou com um acontecimento devastador, sendo um ótimo exemplo de como que empreendedores atuam. Não contente em ter feito isso, Jupe faz a mesma coisa quando a cidade principal de “Não! Não Olhe!” fica famosa por desaparecimentos misteriosos, que logo foram associados a aliens, promovendo um evento com temática de invasão alienígena.
Ou nas cenas em que a irmã de OJ, interpretada por Keke Palmer, como uma tentativa de sair do endividamento, decide comunicar a ideia de instalar câmeras e tentar fotografar o monstro, pois os preços que portais cobram pelos arquivos são altos – o que acaba sendo realizado -; e o desfecho do personagem de Michael Wincott.
Mais um ponto excelente em “Não! Não Olhe!” é o uso do medo de forma mais retilínea, sem exageros. O ponto crucial do filme é o medo de desconhecido – padrão nesses tipos de narrativas envolvendo extraterrestres, e sugestivo pelo título do longa, que interliga o fato de não olhar diretamente pro antagonista – sendo acrescentado com o medo de amplitude, explorada tanto no local quanto no vilão, passando um clima de fraqueza e desvantagem. Que, de certa forma, contribui a nossa torcida pelos protagonistas e sentir na pele o quão desagradável essa situação é.
Nesse quesito, Peele consegue, com êxito, criar momentos de tensão e desespero – parecendo ser um veterano em filmes de terror -, graças à noção ótima do diretor em captar quais momentos são oportunos para jumpscares e afins, e pelo enquadramento da câmera em muitas cenas, como se estivéssemos no ambiente de “Não! Não Olhe!”. Um adendo que também vale ser lembrado é a homenagem a vários tipos de medo que são usados em filmes de terror, como a Nictofobia (medo do escuro/noite) e a claustrofobia (medo de lugares apertados).
Conclusão de “Não! Não Olhe!”
“Não! Não Olhe!” é um filme imprevisível e assustador, adjetivos clássicos que devem remeter a todos os filmes de Jordan Peele. Muito indicado para aqueles que priorizam o suspense, mistério e terror em todo o arco do filme, e não muito aprovado para cinéfilos que esperavam que “Não! Não Olhe!” fosse um novo “Corra!”. Apesar de várias características iguais a de suas produções, de praxe, o filme é o mais diferente dentre todos, incluindo uma menor importância em conexão com temática social, e em ideias, arriscando muito em uma temática mais surreal e sem reviravoltas de cair o queixo.
Muitos podem dizer que seria um “arroz com feijão”, afirmação que discordo. “Não! Não Olhe!” cumpre o que promete, sendo um ótimo filme de terror psicológico que consegue te prender na tela em todo o minuto, aumentando o nosso suspense e desejo em querer saber como que será o desfecho da história, que por si só, considero aberta para o público decidir o que acontece e um pouco acelerado pela proposta que o longa vinha construindo em termos de descubrimento de informações da história. O pequeno plot envolvendo o caráter do alien também foi um ponto inesperado que mudou o teor do filme.
Assim como a fotografia e a qualidade técnica em figurinos e decoração, o elenco foi impressionante, principalmente a dupla Keke Palmer e Brandon Perea, que foram belíssimos alívios cômicos. Infelizmente, o papel do ganhador do Oscar Daniel Kaluuya acaba se tornando um ‘copia e cola’ de seu trabalho em “Corra!”, em quesitos de personalidade; e a aparição minúscula de Barbie Ferrera, atriz de “Euphoria”, e Donna Mils na obra.
“Não! Não Olhe!” estreia no dia 25 de agosto nos cinemas brasileiros.
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