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FOBIA: St. Dinfna Hotel | REVIEW

FOBIA se encaixa em um daqueles raros momentos, daqueles raros jogos que prometem muito e que nos entregam aquilo que foi esperado. Mas não apenas isso, o novo jogo da Pulsatrix Studios vai além da expectativa e nos entrega um jogo muito maior e mais maduro do que o esperado, sendo, para mim, uma das maiores surpresas do ano.

Fui surpreendido pelo escopo do jogo, que não deve em nada para jogos com orçamentos maiores e que nos dá orgulho, pois é um jogo desenvolvido por uma equipe brasileira. A Pulsatrix Studios foi fundada em 2018 com a proposta elevar o padrão dos jogos produzidos no Brasil, tarefa esta que foi realizada com sucesso. A equipe possui cerca de 14 funcionário e se revela um estúdio de muita qualidade e muito promissor.

Fobia – St. Dinfna Hotel, um thriller de terror/ ficção científica

Com a perspectiva predominantemente em primeira pessoa, com uma jogabilidade cadenciada e um gunplay muito satisfatório. A primeira coisa que me surpreendeu no jogo foi a sua narrativa que explora os mais diversos temas, como seitas ciência, fantasia e até mesmo ciclos temporais, de forma concisa, mas que pode causar um pouco de confusão, como ocorre com quase tudo que tem relações temporais.

Ao contrário do que imaginava, o jogo não iniciava do mesmo ponto que iniciamos a demo disponibilizada anteriormente, da qual você pode ver nossas primeiras impressões clicando aqui. Temos antes um prólogo, que é o principal ponto de partida para o protagonista, chamado Roberto Leite.

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Fiquei muito entusiasmado ao ver que cada um dos elementos que vimos no decorrer do jogo não estava ali gratuitamente, que tudo teve um desenvolvimento, e por mais que inicialmente nada pareça fazer sentido, com o decorrer do jogo, todas as peças começam a se encaixar, explicitando o bom trabalho feito no desenvolvimento da lore do jogo.

Se tratando da jogabilidade

Como já dito, o jogo se pass totalmente em primeira pessoa, bem semelhante com o que vimos em Resident Evil Village. É perceptível a inspiração que o jogo tem de franquias como Resident Evil e Sillent Hill, não apenas se tratando da citada gunplay como também na exploração dos cenários e resolução de puzzles.

Como costuma ser com jogos com essas inspirações, temos um jogo completo que se baseia muito na resolução de puzzles do início ao fim de suas 7-9 horas. Mas FOBIA lida com esse fator de forma impecável, criando enigmas e puzzles com dificuldade adequada, que não te dá tudo na cara, te faz pensar e analisar as situações, testa sua memória. Além disso, nem todos os puzzles fazem parte da história, tendo muitas resoluções secundárias que liberam até mesmo itens que não interferem na história, mas que podem tornar a sua vida mais fácil.

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É aquele bom e velho leva e traz de itens que estamos acostumados, divididos em três grandes cenários, que estão cheios de segredos e ameaças. O primeiro cenário, e o que mais passamos o tempo, é o hotel cujo nome está no subtítulo do jogo. Temos alguns andares do hotel para explorar, mas temos que descobrir como fazer isso, pois, inicialmente, temos acesso a poucas partes dele. E conforme vamos encontrando itens liberamos mais áreas dos cenários e mais temos o que explorar. Caso esteja curioso sobre os outros dois tipos de ambiente, recomento fazer a pré-venda do jogo.

O jogo não segue totalmente aquilo que vimos na demo, tendo algumas pequenas diferenças como itens localizados em locais diferentes, mas que no cerne, segue a mesma lógica. Ao iniciar o jogo, nos é apresentado uma das ferramentas que usaremos do início ao fim do jogo, uma câmera. Mas não é uma câmera comum, além de poder ser utilizada como visão noturna, a câmera nos possibilita transitar entre “mundos” ou “tempos” diferentes. Um exemplo disso é que, em alguns locais, a passagem está bloqueada por alguma parede ou objetos, mas que, ao ativar a câmera, desaparecem e nos permitem avançar.

É uma ideia muito boa e funciona muito bem, mas fica um pouco cansativo pois a sua ativação é bem lenta, tendo sempre uma pequena animação. Porém, o jogo é tão bom que isso não te atrapalha em nenhum momento. Outro item importante que encontramos é uma lanterna, que é meio obvio imaginar a sua função.

Existem uma infinidade de outros objetos que liberamos no decorrer do jogo, que podem ter um uso único ou podem ser usados mais vezes. Cada objeto desses ocupa um ou dois espaços do inventário do jogo, que funciona de forma semelhantes ao inventário apresentado em Resident Evil 4. São espaços limitados, então é necessário organizar bem e gerenciar os itens que devemos carregar. Temos também um baú, onde podemos guardar os itens que não utilizaremos no momento, o que libera um espaço no inventário. Ah, e podemos encontrar também bolsas, que aumentam o espaço, possibilitando carregar mais itens.

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Se tem algo que não pode faltar no seu inventário, são as armas e os itens de cura. Os itens de cura são divididos em curativos fracos e forte, sendo possível cria-los ao encontrar os materiais que o compõem. Quando possuímos mais de um curativo, eles são somados e gastam apenas um slot do inventário, o que facilita bastante a gerar mais espaços.

Por sua vez, as armas vão ocupar um espaço considerável do inventário, pois além de poderem ocupar até dois slots, ainda é necessário armazenar as munições, o que ocupa mais um slot. E temos mais de um tipo de arma no jogo, e cada tipo utiliza uma munição diferente, ou seja, mais espaço para ser ocupado. E é bom gerenciar também o uso da arma, pois as munições são bem escassas, então é bom evitar gastar muitas balas nos inimigos.

Os diferentes tipos de armas, assim como a câmera, podem ser melhorados no decorrer do jogo ao utilizar alguns itens que recolhemos no jogo. São ao todo três melhorias para cada arma, com três subdivisões, e que gastam uma quantidade de itens de melhoria variável. Por exemplo, uma melhoria pode utilizar 2 itens de melhoria, enquanto outra pode utilizar 8, e esse valor vai aumentando conforme melhoramos.

Cada tipo de arma tem sua própria maneira de ser utilizada, conforme tem que ser, sendo diferentes na taxa de tiros, tempo de carregamento, recuo, tipo de munição, dano etc. Mas, conforme dito, todos esses elementos podem ser melhorados. Na minha opinião, a melhor arma é a pistola, pois sua munição não é tão escassa quanto as outras, e, caso acerte o ponto fraco do inimigo, o derrota com facilidade. Costumava utilizar a pistola para os inimigos comuns, enquanto as outras armas, utilizava com os chefes.

Vemos na maior parte do jogo, pelo menos dois inimigos mais frequentemente. Um tipo de aranha que geralmente anda em bando e morrem com um simples tiro, e os inimigos padrão, que se assemelham a zumbis. Esses inimigos se movem lentamente, mas tem um ataque que dão uma arrancada muito rápida, o que pode nos surpreender em muitos momentos. Temos também um terceiro inimigo, do tipo perseguidor, mas que aparece apenas em momentos chave do jogo, tendo esse uma participação muito importante na complexa história do jogo.

A variedade de inimigos é um ponto que o jogo peca bastante, pois praticamente encontramos apenas esses dois tipos de inimigos ao longo do jogo, sem contar os bosses. E a maneira de derrotá-los é bem simples, não sendo necessário criar estratégias diferentes para eles. É só atirar e pronto, e isso vale também para os chefes.

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É muito importante prestar muita atenção ao entrar em combate com os inimigos e chefes pois o jogo possui apenas o sistema de salvamento manual. Ou seja, se você salvou o jogo, jogou mais duas horas sem salvar, e morrer, todo o progresso feito nessas duas horas será perdido. Para evitar esse problema, recomendo salvar o jogo sempre que possível, para evitar certas frustrações.

Não é um jogo difícil, e é possível salvar quantas vezes forem necessárias e em uma grande quantidade de saves, porém, a quantidade de salvamentos altera na pontuação final do jogo. Então caso seja um jogador mais hardcore, recomendo moderar os salvamentos.

Falando nas questões técnicas do jogo

Fui novamente surpreendido pela quantidade de diferentes cenários, distintos entre si e com uma boa quantidade de detalhes. Fiquei surpreso com o escopo do jogo, que possui muitos objetos nos cenários, sendo quase todos eles interativos. E outra coisa legal é que esses objetos possuem física própria, por exemplo, ao abrir uma gaveta onde possuem canetas, elas se movem corretamente ou ao pegar um porta canetas e girá-lo de ponta cabeça, as canetas caem. Não é nada revolucionário, mas é um detalhe que faz diferença.

Além de termos vários cenários diferentes, que se conectam entre si de diversas formas diferentes, temos cenários que se alteram parcial ou completamente ao ativar as câmeras, e isso sem loading ou coisas do tipo, pelo menos no PlayStation 5 que foi onde testamos. Alguns acontecimentos da história também afetam os cenários, nos fazendo procurar novas alternativas para atravessá-lo.

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Os modelos dos objetos são muito detalhados, assim como suas animações, e possuem traços que todo brasileiro vai conhecer, o que torna a experiência incrivelmente melhor e mais familiar para nós. Se observarmos bem os cenários, vamos encontrar diversos easter eggs de personalidades da internet ou memes, o que é muito maneiro, além de que esse jogo é TOTALMENTE localizado em nosso idioma.

Os modelos dos inimigos e outros personagens, assim como suas animações, são bem simples, mas essa simplicidade não atrapalha a experiência, sendo apenas um ponto que está bom, mas que pode ser melhorado. O mesmo pode ser dito da trilha sonora do jogo, que é também bem simples, mas que funcionam bem e que cumprem o seu papel no jogo.

Falando da dublagem do jogo, é possível identificar de primeira algumas vozes bem conhecidas do entretenimento brasileiro, o que novamente, nos traz uma familiaridade muito grande. Porém, isso torna um pouco perceptível a diferença entre os dubladores do jogo, pois os mais experientes e conhecidos são perceptivelmente mais experientes né, e isso destoa um pouco, mas novamente, não atrapalha a experiência. O jogo também possui dublagem em inglês caso tenha essa preferência.

Em relação a performance do jogo, temos dois modos disponíveis, que são alterados ao ativar e desativar o traçado de raio, mais conhecido como ray-tracing. O jogo roda em 4K, mas com o ray-tracing ativa, fica travado nos 30 fps enquanto atinge 60 quando a função está desativada.

Os comandos funcionam bem na maior parte do tempo, mas em alguns momentos foi necessário apertar os botões mais de uma vez para realizar ações simples. O delay de pressionar o botão e a ação ser executada é um pouco grande, mas talvez seja uma escolha do próprio estúdio.

Uma coisa que me incomodou um pouco e que fez a minha gameplay se alongar bastante foi que os itens interativos não estão bem identificados. Muitos itens são importantes para prosseguirmos no jogo, impossibilitanto sua continuidade caso não sejam encontrados.

Porém, mesmo que estejamos na frente de alguns desses itens, eles não ficam destacados, o que pode gerar mais um bom tempo explorando o cenário atrás de algum item que estava na sua cara inicialmente. Isso acabou sendo um pouco frustante, pois me fez passar um bom tempo atrás de um item que não localizei por não estar destacado, apenas andando de um lado para o outro do mapa.

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FOBIA é um jogo muito bom

E o meu veredito não poderia ser diferente. Ele entregou tudo o que eu esperava e me trouxe várias camadas de surpresa. Fiquei surpreendido principalmente pela qualidade e pelo escopo do jogo, que na minha opinião, não deve muito para outros jogos do gênero e que tiveram um orçamento muito maior.

Ele está até bem polido, não encontrei muitos bugs no decorrer do jogo, apenas em um momento tive um problema, quando não conseguia abrir o inventário por mais que eu apertasse o botão várias vezes. Nesse caso, tive que reiniciar o jogo pois o inventário é importantíssimo. Fora isso, tive alguns problemas de texturas mas nada que tenha me atrapalhado.

É um jogo que te diverte, te faz pensar, é desafiador em alguns momentos, mas sem ser frustrante, que possui uma história que explode cabeças, personagens bem desenvolvidos, desde os mais secundários até os principais. A lore que o jogo criou é bem interessante e pode dar pano para várias histórias nesse universo, e eu com certeza cairia de cabeça nelas.

Mas é claro que não é um jogo perfeito, ele deve bastante em relação aos inimigos dos jogos principalmente pois são não se tem uma variedade deles e nem é necessário nenhum tipo de estratégia para derrotá-los, apenas atirar e atirar. E o mesmo vale para os chefes, que se movimentam e atacam de formas diferentes mas que ainda assim são derrotados utilizando a mesma metodologia.

Esse jogo nos mostrou o quão promissor é a Pulsatrix Studios e me deixa ansioso por seus próximos trabalhos, pois eles entregaram um jogo excelente com aquilo que foi possível, pois sejamos sinceros, nosso governo não incentiva nem um pouco a evolução do cenário de games em nosso país. FOBIA é um ótimo jogo do início ao fim, que possui um bom ritmo, sabe a hora certa de encerrar, assim como eu encerro essa análise recomendando fortemente este jogo.

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Fobia: St Dinfna Hotel

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