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A Morte do Demônio: A Ascensão (2023) – Crítica

O que aconteceria se alguém pronunciasse um ritual bizarro de um livro feito com carne humana e escrito com sangue?

A Morte do Demônio: A Ascensão, filme de terror dirigido por Lee Cronin, imagina os resultados: um caótico festival de tripas, promovido por amantes de leitura. O quinto longa-metragem da franquia criada pelo diretor Sam Raimi em 1981 já foi exibido para críticos e alguns espectadores, e está sendo chamado de “puro gore”, “perturbador” e “horrorizante”.

Video: “A MORTE DO DEMÔNIO: A ASCENSÃO | Trailer Restrito Oficial” – (Distribuição: Warner Bros. Pictures).

História Por Trás de A Morte do Demônio:

No final dos anos 1970, o produtor de cinema Robert Tapert queria fazer um longa-metragem para os seus amigos Sam Raimi e Bruce Campbell, os três eram grandes fãs do gênero comédia, embora tenham decidido não focar as energias no gênero, pois acreditavam que, naquela época, um filme de comédia não seria benéfico para eles e colocaram os esforços no gênero de terror depois que eles foram inspirados por uma cena do projeto de faculdade de Sam Raimi: It’s Murder. Isso representou uma nova direção que o filme do trio poderia tomar.

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Imagem: “Uma Noite Alucinante – A Morte do Demônio” – (Distribuição: New Line Cinema).

Durante sua pesquisa sobre filmes de terror de baixo orçamento, Sam Raimi ficou muito impressionado com Necronomicon de HP Lovecraft. A partir desses conceitos básicos, ele inventou uma história em que um grupo de quatro amigos involuntariamente desenterrou um antigo cemitério indígena e desencadeou espíritos e demônios horríveis para um filme chamado Within the Woods, que além de servir como um protótipo, foi uma estratégia para arrecadar US$150.000 para o que seria A Morte do Demônio/Uma Noite Alucinante/Evil Dead.

Logo depois, uma procura por um investidor foi organizada, mas sem uma resposta positiva até que um homem chamado Andy Grainger, amigo de Tapert e proprietário de uma série de cinemas, se tornou o investidor principal para o filme, dando um orçamento de US$90.000. Iniciando a franquia que a maioria das obras foca na luta eterna de Ashley “Ash” J. Williams (Bruce Campbell) contra os mortos-vivos endemoniados criados pelo Naturon Demonto (ou se preferirem, Necronomicon Ex-Mortis). Então depois, a franquia se expandiu para outros formatos e além de Ash, como um remake lançado em 2013, uma série de TV, videogames e histórias em quadrinhos que exploram ainda mais esse universo.

Critica:

Imagem: Pôster de A Morte do Demônio: A Ascensão - (Distribuição: Warner Bros. Pictures).
Imagem: “Pôster de A Morte do Demônio: A Ascensão” – (Distribuição: Warner Bros. Pictures).

Quando Sam Raimi anunciou na New York Comic Con de 2019 que um novo filme de A Morte do Demônio estava em desenvolvimento, todo mundo ficou confuso, pois não se tratava de uma continuação dos filmes (e série) estrelados por Bruce Campbell e nem do remake de 2013 com Jane Levy, mas sim uma reinterpretação da franquia com uma história totalmente nova.

A Morte do Demônio: A Ascensão é focado em duas novas personagens: Beth e sua irmã Ellie, que mora com os três filhos em um apartamento em Los Angeles. A reunião toma caminhos sinistros quando os filhos de Ellie descobrem um misterioso livro no porão do prédio onde moram. O tal livro é nada mais que o Naturon Demonto (ou Necronomicon Ex-Mortis), o Livro dos Mortos que dá início a uma nova infestação de demônios.

NotaEstá é uma crítica sem spoilers, a fim de não estragar sua experiência em assistir ao filme. A crítica consiste em uma opinião do escritor e não deve ser considerada absoluta ou uma resposta definitiva para a sua dúvida de assistir ao filme ou não. Sempre priorize ver para estimular o trabalho dos realizadoresAs informações contidas na crítica já foram apresentadas em sinopses e trailers.

A história de A Morte do Demônio: A Ascensão em si é curiosa e muito atraente, graças à premissa que tenta trazer novos ares para a franquia nos cinemas ao deslocar o enredo “da floresta para a cidade grande“. E com magia do cinema podemos conferir se essa ideia foi boa ou não pelas mãos do roteirista e diretor Lee Cronin (The Hole in the Ground), que recebeu humildemente essa tarefa de modernizar e reimaginar A Morte do Demônio da melhor maneira possível com muitas homenagens aos filmes originais de Sam Raimi mas também com muita inspiração da versão dirigida por Fede Álvarez aproveitando todos os cenários possíveis em que jovens amantes de livros invocam vários demônios sádicos.

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Imagem: “A Morte do Demônio: A Ascensão” – (Reprodução: Warner Bros. Pictures).

Em outras palavras, A Morte do Demônio: A Ascensão é uma atualização fantástica para a franquia. Para transmitir a tensão e o terror, a composição artística idealizada pelo diretor Lee Cronin brilha com cenas bem pensadas com uma série de ângulos e movimentos de câmera fortes que sugerem a falta de consistência na nova realidade dos personagens centrais e que certamente ficarão na memória dos espectadores. Close-ups invasivos nos rostos dos personagens, belo uso do escuro e do desfoque que proporcionam um tom ameaçador. O design de produção pinta uma estética típica de filme de terror concentrando-se no comum urbano com características sombrias e cores despotadas. 

O design de som e a música são tão enervantes quanto as cenas gráficas da morte que vêm com quantidades excessivas de gore e jumpscare. Inclusive, um dos pontos mais estranhos de A Morte do Demônio: A Ascensão, ao que parece, é o enfático gore. Ao jogar o recorde de 6.500 litros de sangue na tela, o filme sabe, precisamente, o que devemos sentir ao que vemos. O nojo pelo festival de tripas e culpa pelas risadas arrancadas pelos antagonistas e seu humor sádico.

Cronin e sua equipe técnica – incluindo o diretor de fotografia Dave Garbett – sabem exatamente o que estão fazendo em A Morte do Demônio: A Ascensão e fornecem todos os arranhões sangrentos do ralador de queijo, estrangulamento demoníaco por fio e sustos de se esperar. É uma sensação bizarra de expectativa e receio de ver algo muito absurdo ou nojento que mantém os nossos olhos na tela. Se isso é bom ou ruim, eu acredito que vai de cada pessoa.

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Imagem: “A Morte do Demônio: A Ascensão” – (Reprodução: Warner Bros. Pictures).

Acontece que A Morte do Demônio: A Ascensão é um ótimo terror sobrenaturalperturbador e aterrorizante, mas para imaginar uma história circunstancial em torno da família, dos demônios e da sanguinolência, as batidas do enredo costumam tomar um rumo facilmente detectáveis a quilômetros de distância – é como acontece, e não o que acontece, que impulsiona o roteiro de Cronin – e o cenário de um apartamento sem dúvida atrapalha tanto quanto ajuda, mantendo a tensão alta, mas deixando o filme parecendo pequeno demais em escala se levarmos em conta os fatos da história. Mas essas queixas deixam de ser relevantes, pois apesar de uma história clichê, os espectadores se conectam com história, na verdade, a partir dos personagens.

O trabalho com os personagens em A Morte do Demônio: A Ascensão está no mesmo nível dos melhores da franquia, com as irmãs Beth e Ellie lutando contra seus próprios demônios pessoais muito antes de qualquer demônio real ser despertado. Mas esse não é o principal atrativo desta série, e Cronin sabe disso. Essa honra pertence aos Deadites, os demônios hediondos, que são magnificamente travessos e malévolos aqui. Provocam e atormentam. Eles decapitam, desfiguram e rastejam sob a pele dos personagens do filme e do público, e os mastigam como vidro entre os molares, cuspindo você em uma bagunça sangrenta.

Felizmente, os atores do elenco estão operantes. Alyssa Sutherland e Lily Sullivan carregam A Morte do Demônio: A Ascensão nas costas com seus desempenhos extraordinários. A Ellie de Sutherland é uma personagem fascinante e hipnotizante que eu gostaria que fosse um pouco mais desenvolvida antes que o inferno começasse. Sendo mãe-solteira recente, ela às vezes é uma disciplinadora muito dura; para Beth de Sullivan, a maternidade se torna uma prova de fogo, pois ela deve assumir a liderança durante os acontecimentos do filme e a atriz esbanja carisma.

Conclusão Em Um Parágrafo:

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Imagem: “A Morte do Demônio: A Ascensão” – (Distribuição: Warner Bros. Pictures).

A Morte do Demônio: A Ascensão certamente não é perfeito, mas se beneficia com o contexto em torno desse renascimento de um dos tesouros mais amados do terror. Já se passou muito tempo desde que A Morte do Demônio/Uma Noite Alucinante/Evil Dead apareceu pela última vez na tela grande, e muito mais tempo desde a verdadeira magia brutal da trilogia original, pois o remake de 2013 dirigido por Fede Álvarez, foi uma tentativa admirável que teve de tudo, menos as amarras de humor maluco da franquia. E o bem recebido, mas recentemente canceladoAsh Vs Evil Dead nunca saiu dos limites de sua tela pequena. Em A Morte do Demônio: A Ascensão, a franquia recuperou seu ritmo.

A Morte do Demônio: A Ascensão estreia dia 20 de abril nos cinemas brasileiros.
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