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O Urso do Pó Branco (2023) – Crítica

O que aconteceria se um enorme urso ingerisse uma grande carga de cocaína? 

O Urso do Pó Branco, filme de terror cômico dirigido por Elizabeth Banks, imagina os resultados: um caótico festival de sangue, promovido por um urso chapado de cocaína. O filme foi lançado nos cinemas dos EUA (e em alguns outros países) em fevereiro de 2023 e teve um sucesso considerável, arrecadando cerca de U$75 milhões contra um orçamento de U$ 30-35 milhões. Mas a história verdadeira por trás do urso não é motivo de riso.

Vídeo: “Trailer oficial de O Urso do Pó Branco” – (Divulgação/Universal Pictures).
Inspiração Em Uma História Real:

O longa foi inspirado no incidente causado por Andrew Carter Thornton II, que encontrou no tráfico de drogas a ocupação perfeita para ganhar alguns dólares extras. Em 1985, Thornton II voou para uma simples missão de contrabando, saltando de um avião sobre fronteira florestal entre os estados da Geórgia e Tennessee nos EUA, com uma mochila contendo U$ 15 milhões em cocaína, mas ele morreu quando seu paraquedas falhou.

Dois meses após a morte de Thornton II, um caçador na Geórgia encontrou um urso negro americano de 90 kg morto cercado pelos restos de uma mochila que os investigadores mais tarde descobriram ser do contrabandista. Um médico legista concluiu que o urso morreu de overdose por cocaína após ingerir cerca de 34 kg de droga. A descoberta foi notícia de primeira página e rendeu ao urso apelidos de brincadeira como “Pablo Escobear“.

NotaEstá é uma crítica sem spoilers, a fim de não estragar sua experiência em assistir ao filme. A crítica consiste em uma opinião do escritor e não deve ser considerada absoluta ou uma resposta definitiva para a sua dúvida de assistir ao filme ou não. Sempre priorize ver para estimular o trabalho dos realizadoresAs informações contidas na crítica já foram apresentadas em sinopses e trailers.

Crítica:
Imagem: O Urso do Pó Branco - (Divulgação/Universal Pictures).
Imagem: “O Urso do Pó Branco” – (Divulgação/Universal Pictures).

A história de O Urso do Pó Branco em si é curiosa e muito atraente, graças aos fatos reais em que ele se inspira e com magia do cinema podemos responder à pergunta “o que teria acontecido se o urso não morresse, ficando apenas chapado com os efeitos da droga e cruzado com humanos?”.

O roteirista Jimmy Warden recebeu essa tarefa de imaginar a resposta em uma história da forma mais cinematográfica possível e escreveu o roteiro de O Urso do Pó Branco com muita inspiração no gênero slasher, mas também com uma comédia escrachada e absurda, para aproveitar todos os cenários possíveis em que um urso viciado em cocaína pode ser o grande protagonista e antagonista ao mesmo tempo, em estilo T-Rex em Jurassic Park – Parque dos Dinossauros.

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Imagem: “O Urso do Pó Branco” – (Reprodução/Universal Pictures).

Inclusive, um dos pontos mais estranhos de O Urso do Pó Branco são os cruzamentos de gêneros e de tons, que não nos permite saber, precisamente, o que estamos sentindo diante ao que está na tela. O medo pelo festival de sangue e as risadas não faltam de jeito nenhum. Ora é um slasher bem anos 90 e ora é um thriller policial com alguns diálogos cômicos dignos do diretor Taika Waititi (Jojo Rabbit). É uma sensação realmente bizarra de expectativa e receio de ver algo muito absurdo que mantém os nossos olhos na tela e se isso é bom ou ruim, eu acredito que vai de cada pessoa (Eu achei ótimo).

A composição artística idealizada para O Urso do Pó Branco pela diretora Elizabeth Banks (As Panteras) brilha e salva o filme em várias ocasiões com cenas bem pensadas que certamente ficarão na memória dos espectadores. Seja pelo momento em que o urso se aproxima de um grupo em um gazebo de madeira ou seja àquela hora em que ele persegue uma ambulância a toda velocidade. Há sequências que serão memoráveis pelo absurdo de seu conteúdo.

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Imagem: “O Urso do Pó Branco” – (Reprodução/Universal Pictures).

Acontece que O Urso do Pó Branco é um filme que tem ótimos momentos… isolados, que não conseguem uma boa coesão entre eles. Para imaginar uma história circunstancial em torno do urso, o roteiro de Warden apresenta diversos personagens que carregam suas próprias histórias. Policiais em busca do carregamento de drogas; a quadrilha criminosa que busca recuperar sua carga; uma mãe em busca de sua filha que vagueia pela floresta ou uma gangue de adolescentes procurando problemas com a guarda-florestal da região.

Embora cada personagem e cada história sejam moderadamente interessantes, O Urso do Pó Branco se esforça demais para dar a cada um, o seu lugar e acaba não dando a nenhum deles. Pareceu uma tarefa exaustiva para a edição encontrar um ritmo adequado para conduzir as linhas narrativas e fazê-las colidir organicamente. O resultado é como uma coleção de esquetes no estilo Saturday Night Live (ou talvez no estilo Zorra Total e Porta dos Fundos), cada uma brilhando por conta própria.

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Imagem: “O Urso do Pó Branco” – (Reprodução/Universal Pictures).

Felizmente, os atores do elenco estão operantes, alguns não conseguem transmitir carisma, outros estão no piloto automático e Isiah Whitlock Jr. (Destacamento Blood), O’Shea Jackson Jr. (Straight Outta Compton: A História do N.W.A) e Alden Ehrenreich (Han Solo – Uma Aventura Star Wars), que conseguem trabalhar com um timing cômico inusitado e aproveitam o surreal de cada momento. (Há um bônus sentimental: admirar a atuação final do falecido Ray Liotta, em um personagem que homenageia e zomba de seus grandes papéis em filmes de gângsteres.)

Conclusão Em Um Parágrafo:
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Imagem: “O Urso do Pó Branco” – (Divulgação/Universal Pictures).

O Urso do Pó Branco certamente se beneficia em nunca se levar a sério e pela coragem de cruzar gêneros e tons com eficiência. Há momentos realmente muito valiosos aqui, mas a realidade é que o filme oscilará entre uma coleção de esquetes de comédia bem-feita que vai cativar o público e um produto comercial que será menosprezado pela crítica especializada. A mão de Jimmy Warden no roteiro não é totalmente virtuosa, como ele já teria mostrado em seus filmes anteriores como em A Babá (2017). Porém, é a particularidade da composição artística e o absurdo de sua história que fogem dos limites da sanidade e tornam o filme de Elizabeth Banks uma experiência, no mínimo, satisfatória.

O Urso do Pó Branco estreia em 30 de março de 2023 no Brasil.
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