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Tchia | REVIEW

Sempre me empolguei com cada um dos trailers mostrados de Tchia, tanto nos eventos quanto na lista de vídeos que nos davam uma ideia de como foi o desenvolvimento. E sempre que o jogo era demonstrado, uma mensagem sobre Nova Caledônia, um território localizado na França. Me empolguei bastante pois a cultura desses lugares mais remotos do planeta sempre se mostrava muito interessantes, mas nunca esperei encontrar a qualidade de conteúdo que encontrei em Tchia.

Desenvolvido pela Awaceb, sendo o segundo jogo do estúdio, Tchia traz uma história emocionante, com uma trilha sonora magnífica e visuais incríveis que colocam o estúdio como um dos mais promissores que já vi nos últimos anos. É um trabalho feito com amor e isso é facilmente visível em cada uma das cenas que acompanhamos no jogo.

A inspiração foi retirada das ricas e variadas paisagens, culturas, músicas, idiomas, folclores e tradições locais para criar um mundo fictício e contar uma história universal que qualquer pessoa possa entender e apreciar. Os personagens são dublados por talentos locais em idiomas tradicionais e legendados em vários idiomas, incluindo inglês, francês, russo, chinês, alemão, espanhol e, felizmente, em português do Brasil.

Por onde começamos?

Em Tchia, tomamos o controle da personagem que dá nome ao jogo, e de cara somos recebidos com um visual de encher os olhos. Um cenário tropical simplesmente lindo, que deve traduzir bem o que encontramos no arquipélago de Nova Caledônia, mas não apenas os visuais que nos chama atenção. Desde de o início, e perceptível a sensibilidade dos desenvolvedores ao criar aquele mundo e personagens e isso se torna ainda mais visível ao contemplarmos a música do jogo

Algo que não esperava encontrar em Tchia, que nos foi apresentado em trailers, mas que não sabia que teria tanta importância eram as músicas. Conforme exibido em alguns trailers, o jogo possui uma mecânica que nos possibilita tocar um ukulele, e por meio dessa mecânica eu fui agraciado por momentos simples, mas com um poder incrível capaz de transmitir em forma de música sensações indescritíveis.

A música aparecia em diversos momentos, e tem uma mecânica de gameplay por cima, mas confesso que nesses momentos eu só queria parar de tocar e simplesmente aproveitar aquele momento. Felizmente o jogo nos dá a opção de colocar a música para tocar automaticamente, mas falarei mais sobre as mecânicas do jogo mais à frente.

Tenho para mim que o estúdio queria por meio desse jogo mostrar um pouco o quão rica é a cultura do local de onde eles vieram, e pelo menos comigo, eles foram certeiros na maneira de fazer isso. Eu sempre me empolguei com a divulgação do jogo mas em nenhum momento achei que fosse um jogo que me tocaria tanto, minha experiência não poderia ter sido melhor. Caso queira saber mais sobre o local que o jogo se inspira, a Awaceb criou alguns pequenos vídeos para explicar um pouco e você pode ver abaixo:

O jogo se inicia no aniversário da Tchia, e esse dia é descrito como um dia “estranho” para ela, e inicialmente não é explicado o porquê. A Tchia vivia numa pequena ilha com seu pai, Joxu, e lá eles viviam bem com a companhia um do outro. Mas eles não viviam isolados de outras pessoas, constantemente recebiam a visita de Tre, um amigo que trazia mantimentos para os dois. Porém, em uma dessas visitas, Tre é seguido e o pai da Tchia acaba sendo capturado. Nossa jornada se inicia com essa busca para reencontrar seu pai.

Durante a jornada, conhecemos diversas outras pessoas, muito interessantes, e por meio do contato com elas, somos introduzidos a diversos elementos da cultura, folclore e tradições de Nova Caledônia, assim como a sua fauna e seus diferentes biomas. A história toma rumos muito corajosos para um jogo teoricamente infantil, cresce em escopo e em emoção, e entrega um jogo com muito coração e com uma história que merece ser contada.

Mesmo no início do jogo, é fácil entender o porquê de ser tão importante para esses desenvolvedores mostrar ao mundo o quão incrível e belo é o arquipélago de Nova Caledônia. Antes desse jogo, nem sabia da existência desse local, mas após jogá-lo, se tornou um dos locais que um dia quero visitar e adentrar ainda mais sobre sua cultura.

E caso não tenha ficado claro, a história de Tchia brilha, nos trazendo infinitamente mais do que os trailers haviam prometido. Foi uma surpresa muito boa confesso, pois os trailers para mim mostraram menos de 1/5 daquilo que encontrei no jogo. Uma história emocionante, sensível, inclusiva, com personagens bem escritos, relações bem estabelecidas e um mundo cheio de possibilidades.

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Um deleite audiovisual

Do primeiro ao ultimo instante do jogo, me encontrei encantado com os visuais que era exibidos na tela da minha TV. O jogo possui um visual bem cartunesco, mas ainda assim muito característico. Os personagens e animais que encontramos no mundo aberto são todos com uma estética cartoon bem diferente daquilo que já vi em outros jogos, mas sendo sincero, não é nada tão impressionante assim.

A real é que nem precisa, pois do jeito que é, foi suficiente para transmitir as sensações e emoções que o jogo precisa. Seja em momentos mais tranquilos e alegres como em momentos mais pesados e tristes. Cada personagem é único, sendo facilmente identificável no meio de uma multidão. A região em que se encontram também reflete suas características físicas, além é claro da diversidade de raças que o mundo em si possui.

A Tchia é a personagem que mais vemos do início ao fim, obviamente, e seu modelo é bem simples, porém, se torna marcante. É possível personalizar a personagens totalmente, seja em algo simples como sua roupa, até seu cabelo e ukulele, e até mesmo a jangada que utilizamos para nos locomover pelo mar.

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Se formos falar da fauna que encontramos no jogo, é bem grande a quantidade de animais que podemos ter contato. Eles são igualmente bem modelados e sofrem alterações conforme algumas ações que realizamos, e em alguns casos, são seres fantasiosos, o que requer uma certa criatividade. A real é que tanto seres animados quanto itens inanimados são bem-feitos pois todos são importantes de certa forma para a gameplay.

 As paisagens que encontramos são simplesmente sensacionais, é uma ilha tropical, então não é tão difícil ser bonito, não é mesmo? Porém, o trabalho feito deve ser exaltado, pois ao mesmo tempo que temos um visual cartoon para diversas coisas, os cenários possuem alguns elementos mais realistas mas sem perder a essência e coerência com o resto do jogo.

Os ambientes aquáticos são muito belos, nos incentivando fortemente a exploração, assim como os ambientes terrestres que escondem diversos segredos. E isso tudo ganha uma outra camada se levarmos o incrível ciclo de dia e noite. Não é nenhuma inovação, mas é muito bem desenvolvido, mudando drasticamente a paleta de cores do cenário de acordo com a hora que estamos, em conjunto com um céu igualmente belo. Ver o sol se pondo com o mar refletindo as cores do céu é uma coisa muito satisfatória.

Mas apesar de ser um cenário predominantemente tropical, temos alguns diferentes biomas no jogo, como algumas áreas mais pantanosas, outros com um terreno predominantemente de barro, regiões mais urbanas e alguns cenários mais fantasiosos. No mapa do jogo, encontramos diversas aldeias e cidades, cada uma com suas características próprias, seja no seu visual como nas pessoas que lá habitam.

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Na maior parte do tempo, encontramos o maior número de pessoas nas aldeias e cidades, porém, senti a sensação de um mundo vivo não importa onde eu estivesse. Sempre há alguma pessoa passeando da qual podemos interagir, ou algum animal igualmente interativo. E isso independe do local, seja numa praia, numa floresta, montanha, até mesmo em uma caverna escura, e claro, cada um desses encontros é totalmente condizente com o local onde ocorre.

Fiquei muito satisfeito com o visual do jogo, mas se existe algo que me impressionou tanto quanto, ou talvez até mais, foi a parte sonora. Os trailers do jogo já demonstravam que a trilha sonora era promissora, mas nossa, vendo no jogo, foi ainda melhor do que eu esperava. Tenho uma ligação muito forte com a música, e vê-la sendo utilizada em um jogo dessa forma me fez muito bem.

Geralmente, não costumo gostar muito de filmes, séries etc., com um foco musical pois para mim, músicas são uma forma de transmitir emoções e nem sempre é isso o que ocorre nessas mídias citadas. E é claro que não tem nada de errado nisso, essa é uma questão unicamente pessoa minha, pensar diferente não é nada incomum, tudo decorre das relações que a vida nos impõe e a música me ajudou muito em momentos que fizeram esse pensamento que tenho ser assim.

E nesse jogo, a música é utilizada exatamente da forma que eu citei: para transmitir emoções. As letras das músicas, ao mesmo tempo que são muito simples, dizem muita coisa, e as músicas são responsáveis por dar ainda mais peso as relações que existem entre os personagens. E as músicas marcam, principalmente aquelas utilizadas nessas relações.

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A trilha sonora foi composta por artistas da região, feita com amor pois eles nos transmitem por meio da música aquilo que eles vivem, aquilo que eles têm naquele lugar e por meio da música eu me senti imerso naquela cultura, na história e me senti parte das relações feitas no decorrer da jornada.    

Mas ainda na música, há uma variedade de gêneros. Pois temos essas músicas que tocam em momentos e cenas específicas, mas também temos algumas músicas ambiente ou músicas mais “comuns”. Por exemplo, no jogo fazemos grandes travessias no mar para nos locomovermos entre as ilhas, e nesses momentos temos algumas músicas mais tradicionais, não tão relacionadas com a cultura regional, mas é claro, de artistas da região. Mas isso não impede que, em momentos de história, haja músicas mais tocantes. É um jogo mágico, seja no seu visual quanto na sua trilha.

E como o jogo funciona?

Para início de conversa, como já ficou claro, e trata de um jogo em terceira pessoa em um mundo aberto, no qual temos a liberdade de nos locomover por terra, pelo mar e ate mesmo pelo ar. Essas formas de locomoção são bem variadas e dependem de algumas mecânicas de gameplay que explicarei mais a frente. De mecânicas básicas, podemos andar, pular, nos agachar, nadar, escalar, nos balançar em árvores, planar e atirar com o estilingue.

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O mapa do jogo é bem grande, e possui diversos níveis, desde o fundo do oceano até o pico de uma montanha. Portanto, temos algumas mecânicas, citadas acima, que viabilizam uma melhor locomoção. Por exemplo, ao invés de descer andando de uma montanha que escalamos, podemos pular e abrir uma espécie de paraquedas e planar, fazendo com que a locomoção de um ponto para o outro seja mais rápida.

Porém, para essas atividades de planar, escalar montanha ou árvores, nada etc. é necessário ficar de olho na barra de energia que é indicada por um símbolo de raio e um temporizador. Quando o temporizador chega a zero, a energia acaba. E por exemplo, se você estiver planando em uma altura muito grande e a energia acabar, simplesmente caímos lá de cima em uma queda mortal, ou se estiver nadando, perdemos o fôlego e morremos afogado. Então é bom ficar de olho nisso, mas pelo mapa, encontramos frutas de energia que faz com que a energia dure mais tempo.

Como já dito, temos grandes trechos de mar aberto, e atravessá-los a nado seria uma tarefa interminável. E é por isso que a nossa jangada é tão importante. Utilizando-a, a travessia no mar se torna mais rápida, apesar de ainda termos viagens de tempos consideráveis pelo grande tamanho do mapa.

Com a jangada, não é simplesmente pegar e andar como rola com carros em alguns jogos. Temos na jangada três pontos interativos, e quando se está interagindo com um, o outro não fica interativo. O primeiro ponto é a vela da jangada, onde podemos abrir mais ou fechar, fazendo com que a velocidade seja alterada. O segundo ponto é referente a direção, e nele controlamos, obviamente, a direção. E o terceiro e último ponto e a ancora, que utilizamos para fixar a jangada em algum lugar.

O jogo possui uma mecânica bem interessante e original que auxilia muito na travessia pelo mapa, mas que vai muito além disso. Me refiro a habilidade que a Tchia possui chamada aqui de Soul Jumping. É uma mecânica muito interessante que nos permite trocar de posse com algumas coisas.

Como citado, existem diversos animais espalhados pelo mapa do jogo, e por meio da Soul Jumping, podemos tomar posse de cada um deles e isso nos possibilita utilizar as habilidades únicas que cada um deles tem, habilidades essas que podem ser muito úteis, enquanto algumas nem tanto.

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Quando digo que essa mecânica é útil no travessia é pelo fato de que alguns animais tem a habilidade de correr em uma velocidade muito superior a que a Tchia é capaz de atingir. Os pássaros por exemplo podem voar, fazendo com que seja possível cobrir uma grande área em pouco tempo. Mas as habilidades não param por aí.

Alguns animais têm habilidades muito úteis para a gameplay, citarei alguns exemplos para ficar mais claro. Se tomarmos posse de um cachorro por exemplo, ele tem a habilidade de cavar, possibilitando encontrar alguns tesouros escondidos, os gatos conseguem enxergar no escuro, caranguejos consegue quebrar correntes com usa garras, galinhas colocam ovos explosivos etc. Habilidades muitos úteis, enquanto outros animais têm habilidades não tão úteis como os pássaros cuja habilidade é fazer cocô.

Mas a troca de posse não está relacionada apenas aos animais, podemos trocar de posse com alguns objetos também. Por exemplo, podemos trocar de posse com pedras, lâmpadas, explosivos, argila, entre outros. A lista de possibilidades é incrivelmente grande, e quando em posse deles, podemos arremessa-los, o que se torna muito útil em combates ou até mesmo para realizar alguns objetivos mais simples. Por exemplo, caso seja necessário acessar um local cuja entrada é muito pequena, é possível tomar posse de uma pedra pequena e nos locomover por meio da pedra, acessando o local que não seria acessível com o corpo padrão da Tchia.

São um total de 30 animais e centenas de objetos disponíveis. Em combate, essa troca de posse é útil por alguns inimigos só podem ser derrotados com algum tipo de objeto. Por exemplo, temos um tipo de inimigo que é feito inteiramente de tecido, e para esses inimigos, o único modo de derrotá-lo seria ateando fogo. E para isso, podemos tomar posse de objetos inflamáveis ou explosivos para arremessá-lo no inimigo.

Mas essa troca de posse não pode ser utilizada de maneira livre, temos uma barra que indica quanto tempo podemos ficar na posse do item ou animal. Assim como ocorre com a energia, é possível encontrar algumas frutas que fazem com que tenhamos mais barras e assim, fiquemos mais tempo com a posse.

Mas diferente das frutas de energia que encontramos no mapa, as frutas que aumentam o tempo de posse são mais complicadas. Pois temos que encontrar templos onde elas estão escondidas. E para acessar esses templos, precisamos criar totens exatamente como os exibidos na entrada do tempo, e assim, acessá-lo.

Outra mecânica de gameplay bem importante no jogo é o próprio ukulele. Como já dito, a música ao mesmo tempo que traz emoção as cenas, fazem parte da gameplay, e o fazem por meio do ukulele. Temos um círculo exibindo as notas musicais como botões, semelhante ao que rola em The Last of Us Part II.

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Nas cenas de música, funciona semelhante ao que ocorria com o Guitar Hero, obviamente adaptado para o formato do jogo. Os indicadores vêm em direção as notas musicais e precisamos apertar a nota correta na hora certa, de acordo com os indicadores. Mas suas funções não param por aí.

Eles são capazes de afetar o próprio mundo, quando acessado em exploração, podemos tocar melodias específicas causando efeitos no mundo. Por exemplo, tem uma melodia que faz com que o avance para a meia noite, amanhecer, meio dia e anoitecer, além de podermos invocar alguns animais, entre outras funções. E é claro, podemos tocar o ukulele de maneira livre para criarmos nossas próprias canções.

Agora falando um pouco sobre o mundo aberto, como já dito, ele é bem grande, e além de grande, possui uma imensa variedade de coisas a se fazer. A exploração é um fator muito importante no jogo, muitos dos itens e atividades aparecem no mapa apenas quando chegamos bem perto, e temos a capacidade de encontrar alguns lugares altos, no quais ao interagirmos, indica todos os itens e atividades da região.

Os indicativos são exibidos no mapa, mas o jogo não facilita totalmente as coisas. Apesar de termos os ícones exibidos no mapa, não é exibido a localização exata da Tchia, então cabe a nós comparar a topografia do ambiente com o mapa para nos guiarmos e irmos para os objetivos. Não tem uma minimapa mostrando exatamente onde temos que ir, mas temos o auxílio de uma bussola que indica algum local, se o marcarmos no mapa.

Ao acessar o mapa completo, é possível pedir uma dica, mas mesmo essa dica não deixa muito na cara onde estamos. E isso é muito bom pois faz com que nós busquemos a exploração do mapa de forma natural. Por exemplo, temos alguns mapas de tesouro no mapa, e para localizamos, temos que bater as imagens que temos com o próprio cenário, até conseguirmos chegar no local correto, e isso é muito legal.

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Dito isso, vale a pena jogar Tchia?

Caso tenha chegado até aqui, você deve ter reparado que não citei muitos pontos negativos do jogo, não é mesmo? Isso ocorre pois a experiência que tive foi muito boa, acima de qualquer expectativa que eu tivesse. Tive alguns pequenos problemas no decorrer de jogo, bugs em geral, mas nenhum deles me incomodou e muito provavelmente serão corrigidos até o lançamento.

O jogo conseguiu me tocar muito, das mais diversas formas, seja por sua história bem dirigida e escrita, por sua cultura cativante, por seu visual lindo ou por sua trilha sonora emocionante. Esse jogo é um jogo muito especial, com muito coração e que emana magia em cada um dos seus aspectos.

E que não é refém apenas de sua história, tendo uma gameplay cheia de possibilidades, muito divertida, que em nenhum momento traz aquela sensação de estar arrastado. Isso sem contar em algumas de suas mecânicas muito criativas e funcionais, além de seu belo mundo aberto, que nos oferece uma exploração superdivertida.

Além de todos esses fatores explanados, ainda é um jogo acessível. Estará disponível para PC via Epic Games e para PlayStation 4 e 5, chegando inclusive sem custos adicionais na assinatura da PlayStation Plus Extra | Deluxe. Caso tenha a oportunidade de jogar, recomendo fortemente, é uma experiência que vale a pena se presenciar.

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