Anunciado em 2019 e lançado no início de 2022, Martha is Dead é um jogo de suspense psicológico ambientado na Itália de 1944, em plena segunda guerra mundial. O jogo foi desenvolvido pela LKA, a mesma desenvolvedora de The Town of Light, que também tocava em alguns temas mais delicados.
Desde seu anúncio, fiquei bem entusiasmado com o jogo, apesar de não ter visto muito sobre ele para manter a surpresa. O fato de ser um jogo de suspense me deixou animado pois é um gênero que carece de jogos hoje em dia. Os jogos desse tipo costumam ter um foco muito grande em jumpscare e uma história não tão bem desenvolvida, e meu pensamento era que Martha is Dead seria diferente. Mas ele é? Vamos discutir…
Como já dito, o jogo se passa na Itália de 1944, e de acordo com a própria sinopse oficial do jogo, “Martha Is Dead é um suspense psicológico sombrio em primeira pessoa que mescla realidade, superstição e a tragédia da guerra. Enquanto o conflito entre as forças aliadas e alemãs se intensifica, o corpo violado de uma mulher afogada é encontrado… Martha!
Martha morreu e sua irmã gêmea, Giulia, a filha mais nova de um soldado alemão, precisa lidar sozinha com o trauma avassalador da perda e as consequências do assassinato. A busca pela verdade está envolta pelo folclore misterioso e pelo horror extremo da guerra, que está cada vez mais próxima.”
O fato é que o jogo me surpreendeu muito em relação a história, mas fico me perguntando se isso é positivo ou negativo. Se o objetivo do jogo era te colocar em situações desconfortáveis e te colocar uma pulga atrás da orelha em cada uma de nossas ações, devo dizer que ele concluiu esse objetivo com sucesso.
O fato de a história ser boa ou ruim é bem discutível, mas que ela consegue te prender durante todo o jogo, que não é tão grande por sinal, sendo possível terminar ele 100% com mais ou menos 6 horas de jogo. É um jogo que tem pontos altos e baixos em relação a história, mas que eu dou valor pelo fato de ele sair da mesmice que o gênero se encontra hoje em dia.
Algum tempo antes de seu lançamento, houve uma polêmica em relação a uma certa censura que o jogo teria na versão de PlayStation e de fato tem. Mas a boa notícia para aqueles que ficaram um pouco decepcionados com a existência dela é que ela é totalmente opcional. Ao início do jogo, o jogador pode selecionar se quer ou não assistir as cenas pesadas presentes no jogo. E quando elas estão sendo reproduzidas, é exibido um botão para pular a cena. Apesar de todo o estardalhaço criado pela presença dessas cenas pesadas, elas ocorrem poucas vezes no decorrer do jogo.
Como o jogo funciona?
Martha is Dead me surpreendeu positivamente em relação a quantidade de mecânicas que o jogo possui, mas apesar disso, não há muita variedade em relação a gameplay. Nossa visão, como já dito, é em primeira pessoa e nós podemos andar e correr, podemos ainda utilizar uma bicicleta para nos locomovermos de forma mais rápida, porém, são poucos os lugares que podemos utilizar a bicicleta.
Podemos interagir com diversos objetos no mapa, que podem ser itens de história ou não, e carregamos conosco o item que mais utilizamos no decorrer do jogo: uma câmera. Muito da história do jogo é contada de acordo com as fotos que tiramos e o processo de tirá-las não é tão simples, mas também não é difícil de se aprender.
Ao tirar fotos, temos que levar em consideração algumas coisas como iluminação, foco e enquadramento. Além disso, encontramos no decorrer do jogo uma grande quantidade de acessórios que podem ser utilizados na câmera, mas infelizmente só tive que utilizar no máximo três deles. É legal a presença de muitos deles, mas a maioria não serve muito para a história, e o mesmo pode ser dito em relação as diferentes skins que a câmera tem, que não ficam visíveis em nenhum momento.
Ao tirar fotografias, temos também o processo de as revelar em uma sala escura, que aqui é bem simplificado, porém, o jogo se deu ao trabalho de explicar passo a passo a maneira que ocorre na vida real. Ao as fotos, elas ficam guardadas em um álbum que fica guardado dentro de nossa bolsa, juntos com outros itens que utilizamos na história, como o diário, um isqueiro, cartas de tarô, um mapa, entre outros.
O jogo possui um mapa pois temos a capacidade de andar por um mapa obviamente. Ele não é totalmente linear, apesar de existirem alguns poucos momentos assim. Mas também não acho que seja certo ser dito que ele possui um mundo aberto, acho que seria melhor dizer ser um sandbox, porém, o cenário não é passível de muita exploração. E é extremamente limitado.
É um daqueles jogos que podemos chamar de walking simulator, em nenhum momento sentimos um pingo de perigo, não temos nenhum tipo de perseguição, combate e não tem nenhuma cena muito impactante ou emocionante, mas comentei que fui surpreendido em relação a algumas mecânicas, não é mesmo?
Essas mecânicas são referentes a alguns minijogos presentes no jogo, que são bem diferenciados daqueles que estamos acostumados a ter em jogo, o que consequentemente leva a um maior tempo de aprendizagem. Mas ao aprendê-los, tudo funciona muito bem a ponto de se tornar divertido, sendo um ponto bem positivo do jogo. Porém, ocorrem pouco.
O jogo é bonito?
A resposta é sim, mas nas devidas proporções. Lembro que quando foi anunciado, foi dito que teriam gráficos realistas e de fato tem, mas novamente, nas devidas proporções. Não me pareceu ser um jogo muito inspirado visualmente, com texturas bem simples, assim como as modelagens dos personagens e objetos.
Falando em personagens, eles não têm nenhuma expressão e propositalmente pois não me lembro de chegar a ver o rosto de algum dos personagens, exceto aqueles que já estavam mortos. Existem umas cenas que vemos uma silhueta embaçada de um rosto falando, mas nada que seja muito conclusivo, então dá no mesmo que nada.
A trilha sonora foi algo que também não me pegou nesse jogo, mas isso não quer dizer que ela seja ruim. Acho que nesse caso, foi apenas uma falta de identificação da minha parte pelo design artístico das músicas. Mas o mesmo não pode ser dito em relação aos efeitos sonoros, que são muito simples e não causam nenhum impacto no jogo.
A dublagem presente no jogo também não apresenta nada acima da média mas o fato de ter dublagem em várias línguas é positivo. Apesar disso, não tem dublagem em português, mas pelo menos o jogo está totalmente legendado, tanto nos documentos de jogo e sistemas quanto nas famosas legendas voadoras.
Desempenho e Conclusão
Temos dois presets gráficos no jogo, podendo jogá-lo em Full HD ou em 4K, o que muda bastante nas resoluções (obviamente) e no framerate, que passa de 60 fps com a resolução menor para 30 fps com a resolução maior. Algo que me incomodou foi o brilho do jogo, que, ou era muito forte ou muito fraco, não tendo um bom equilíbrio, mesmo quando tentamos ajustá-lo.
Mas se tem um ponto que Martha is Dead falha é em sua performance, e isso foi extremamente frustrante. Essa review está saindo apenas hoje pelo fato de eu simplesmente não ter conseguido jogar por conta desse desempenho horrendo que o jogo tem. Em muitos momentos, podemos ver as texturas piscando ininterruptamente, paredes aparecerem e desaparecerem na sua frente, mas esse nem era o ponto mais baixo que o jogo chega.
A cada vez que o jogo salvava, uma queda de frame absurda acontecia a ponto de o jogo travar por alguns segundos, independente do modo que esteja jogando. Mas o pior nem é esse, não conseguia terminar o jogo pois ele travava em diversos momentos, o que me impedia de avançar. E não são aqueles crashs de erros que acontecem vez ou outra com alguns jogos.
O jogo de fato travava, impossibilitando até mesmo de acessar o menu do jogo. Quando isso ocorria, eu era obrigado a fechar o jogo e abrir novamente. O mais frustrante era quando isso ocorria em momentos que o jogo tinha sido salvo a muito tempo, o que me obrigava a jogar um bom pedaço de jogo novamente. É possível salvar o jogo manualmente, para quando ocorrer o travamento, voltar menos longe (olha o ponto que chega), mas o processo de salvamento manual não é simples e pode se tornar muito chato pela repetição.
Cheguei ao ponto de ter que reinstalar o jogo para ver se melhorava e infelizmente nem isso fez efeito. Só consegui terminar pois houve uma atualização recente que deixou um pouco mais jogável, e como já tinha chegado à parte final dessa maneira sofrida, consegui terminar.
O jogo em si é razoavelmente bom, trazendo uma história complexa, confusa e desnecessariamente polêmica em alguns momentos, mas apesar disso, a experiência que tive foi extremamente frustrante por conta desse grande número de problemas de desempenho. E isso independe da plataforma que for jogar. Recomendo pegar esse jogo em alguma promoção, mas também recomendo esperar um tempo bom até todos os problemas serem resolvidos.
*Key cedida para análise.
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- Desenvolvedor: LKA
- Plataformas: PlayStation 4, Xbox One, PlayStation 5, Xbox Series X, Microsoft Windows
- Plataforma de teste: PlayStation 5
- Data de Lançamento: 24 de Fevereiro de 2022
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