Após 24 anos de construção de um legado espetacular, e seis anos desde o seu último lançamento, The King of Fighters XV finalmente vem com a missão de acalmar o coração dos “kofeiros” e convidar aqueles que nunca conheceram a franquia para uma experiência inesquecível em jogos de luta.
É inevitável deixar de comentar sobre os momentos de tensão que a mudança drástica no visual da série com a transição do estilo 2D para o 3D em KOF XIV causou à época.
Além de abalar o saudosismo pelos sprites pixelados que beiravam a perfeição, mas que não eram suficientes para competir com outros títulos famosos como Street Fighter V e Mortal Kombat X, a mudança não foi de todo bem feita e muito menos bem recepcionada.
Sendo assim, para espantar os maus espíritos do passado (KOF: Maximum Impact e KOF XIV) e dar esperança a você, fã de KOF ou que sempre quis conhecer a franquia, irei abrir esse review comentando justamente o novo visual da série, além dos pontos positivos e negativos encontrados durante a gameplay.
Novo visual, gráficos e texturas:
Logo de cara, a boa notícia é que The King of Fighters XV dá um passo para frente mirabolante nesse quesito, mostrando que era só questão de tempo (e investimento, obrigado EGDC) para que a turma da SNK pudesse botar a mão na massa e se reinventar de uma forma positiva.
Resultado: uma reprodução com maestria dos icônicos personagens de KOF em um novo modelo gráfico que é de encher os olhos!
Mantendo a ideia de trazer os personagens em 3D com cenários em duas dimensões, as novas texturas aplicadas em KOF XV retiram totalmente aquele toque “seco” da ausência de contornos (o que me fazia lembrar de uma forma muito negativa os jogos da franquia Tekken ou Dead or Alive).
Substituindo por uma proposta infinitamente melhor, o novo estilo mais “cartunizado” dá um ar de sobrevida à KOF, permitindo que o carisma dos lutadores e a identidade da série coexistam junto a outros grandes títulos da categoria, sem a necessidade de estarem presos à modelagem em 2D.
Campanha, personagens e colecionáveis:
Um dos pontos não tão fortes do jogo, o que infelizmente acaba sendo um padrão quando se trata de jogos de luta, é a campanha de The King of Fighters XV.
Introduzida em KOF XIII, o modo campanha tinha um toque de visual novel (estilo bem famoso no Japão, que utiliza imagens estáticas e caixas de diálogo) acompanhada de cutscenes muito bem desenhadas.
Infelizmente, o estilo acabou não agradando muito aos ocidentais, que em sua grande maioria se identificam muito mais com histórias contadas em CGI.
Sendo assim, tentando agradar o máximo de jogadores possíveis, além introduzir KOF XIV para uma modelagem em três dimensões, a SNK introduziu o formato CGI nas cutscenes da campanha e nos diálogos pré-luta (de um jeito um pouco traumatizante).
Mas, para nossa felicidade, a direção artística de KOF XV colocou a mão na massa e transformou o CGI em uma experiência muito mais agradável!
Quanto ao enredo, a história de KOF XV continua diretamente após os eventos da campanha predecessora, mantendo a fórmula torneio + confronto com forças malignas, alterando somente alguns personagens da trama. O produtor Yasuyuki Oda e o diretor criativo Eisuke Ogura já haviam revelado anteriormente que o protagonista da história é Shun’ei, herdeiro dos poderes da entidade Verse e discípulo de Tung Fu Rue.
As semelhanças são tão grandes com o título predecessor, que a impressão que fica é a de que tudo em KOF XV se trata de uma tentativa bem-sucedida da SNK de reparar os erros que foram cometidos seis anos atrás em KOF XIV.
A duração da campanha talvez seja a mais curta de todas, variando de 25 a 30 minutos, contando com 8 lutas e a possibilidade de aplicar um sistema de handicap negativo para o adversário, caso o jogador esteja com dificuldades em vencer o oponente (Ex.: diminuir a barra de vida do adversário em 50% e começar com a barra de energia completa).
Com isso, a maneira que o jogo propõe o fator-replay da campanha se encontra nos colecionáveis:
Algumas conquistas, cutscenes, cenas pós-créditos, músicas e acesso às falas dos lutadores só serão liberados caso você termine a história com times específicos que são indicados na descrição dos extras, sendo que, em alguns casos, constarão apenas dois dos três lutadores necessários, ficando à cargo do jogador descobrir o terceiro lutador misterioso dentro das 37 opções restantes.
A cena pós crédito de time genérico e mais algumas outras de times específicos (Team Sacred Treasures, fica a dica!) deixam pontas soltas que abrem espaço para uma próxima campanha no futuro, então não deixe de conferir todas!
Quanto aos lutadores, a própria página oficial do jogo disponibiliza um guia com o background dos times e dos personagens que se encontram disponíveis até o momento, sendo esses:
- Time Hero: Shun’ei, Meitenkun e Benimaru Nikaido
- Time Ash: Ash Crimson, Elizabeth Blanctorche e Kukri
- Time Sacred Treasures: Kyo Kusanagi, Chizuru Kagura e Iori Yagami
- Time K’: K’, Maxima e Whip
- Time Rival: Heidern, Isla e Dolores
- Time Fatal Fury: Terry Bogard, Andy Bogard e Joe Higashi
- Team Art of Fighting: Ryo Sakasaki, Robert Garcia e King
- Team Orochi: Yashiro Nanakase, Shermie e Chris
- Time Super Heroine: Athena Asamiya, Mai Shiranui e Yuri Sakazaki
- Time Ikari: Leona Heidern, Clark Still e Ralf Jones
- Time GAW: Ramon, Antonov e King of Dinosaurs
- Time Krohnen: Krohnen, Angel e Kula Diamond
- Time Secret Agent: Blue Mary, Vanessa e Luong
Apesar de não contar com nenhuma aparição inédita até o momento, a SNK fez questão de agradar aos “kofeiros” de longa data: o Time Sacred Treasures formado por Iori Yagami, Chizuru Kagura e Kyo Kusanagi, e o Time Orochi, formado por Yashiro Nanakase, Shermie e Chris (vulgo capeta em forma de guri) possuem a mesma formação da clássica saga Orochi do KOF ’97:
Para os mais aficionados com a franquia, não vai ser difícil identificar qual versão de KOF está sendo representada por cada personagem, com base na paleta de customização de cores disponíveis na tela de seleção de lutadores, fora a tonelada de nostalgia presente na sequência de combos (sim, a Chizuru continua extremamente roubada).
E não para por aí! Aumentando ainda mais o hype com o conteúdo extra, a SNK já publicou um trailer com os dois primeiros times a serem adicionados no jogo em formato de DLC. O Time Garou, que dessa vez conta com Rock Howard, Gato e B. Jenet chega ao jogo em março, enquanto o Time South Town, que conta com um dos maiores vilões de todos os tempos, Gesse Howard, e os demais integrantes Ryuji Yamazaki e Billy Kane, chegam em maio. Confira o trailer com a gente:
Para encerrar o tópico dos personagens, um dos pontos mais divertidos são as interações entre alguns personagens específicos antes da luta. Certamente momentos como Andy vs Mai Shiranui vão te render boas risadas!
Mecânica:
A mecânica, para alegria de todos, é talvez o ponto mais forte do jogo. Para aqueles jogadores (como eu) que são péssimos em jogos de luta, ou que estão iniciando na franquia, KOF XV herdou o sistema de Rush Combo do seu antecessor.
A mecânica permite que o jogador pressione repetidas vezes o botão de ataque leve próximo ao oponente para encaixar uma sequência de golpes e ativar no final uma das três variações de golpes especiais, que depende da quantidade de energia acumulada.
Confira a mecânica sendo utilizada aos 56 segundos da gameplay abaixo:
Para os que já estão acostumados com o ritmo frenético da franquia ou os novos jogadores que quiserem se aventurar em um estilo de jogo mais complexo, o bom e velho MAX MODE e a sua nova versão MAX MODE RÁPIDO ainda é o caminho necessário para que o jogador seja capaz de produzir combos de impressionar os amiguinhos e ser taxado de apelão.
E claro, não poderia faltar os malucos profissionais que já desvendaram combos na casa dos 80 na versão beta do jogo.
Para finalizar o tópico das mecânicas, não poderia faltar a defesa, que agora conta com variações repaginadas do Reverse, Cancel, Super Cancel , Advanced Cancel e Punish, além do novo sistema de parry Shatter Strike, que permite que o lutador gaste uma barra de energia para cancelar alguns combos do oponente e se posicionar em uma área segura.
Modo online e demais modos de jogo:
Se você é um daqueles que teve a experiência horrível de jogar o modo online de KOF XIII e XIV e quase tacou o joystick na parede, deve ter pulado a análise direto para essa seção.
Quanto a isso, lutador, se acalme! KOF XV FINALMENTE trouxe o maravilhoso sistema sólido de rollback netcode, em que o jogador deve escolher previamente o nível de qualidade da internet dos adversários com quem deseja competir, sendo “1” para “péssima” e “5” para “ótima”, tirando da busca aquele(a) sem vergonha que entra no modo online e está sempre com o ping nas alturas (eu ouvi um amém?).
Assim, após jogar algumas partidas, posso dizer que os níveis 4 e 5 são os mais seguros para garantir uma experiência saudável, com alguns poucos travamentos durante as cutscenes de interação dos personagens. Do nível 3 para baixo a experiência é menos atrativa, com diversos lags e perda de frames.
Além do modo online, KOF XV fornece uma variedade imensa de modos de jogos, sendo esses:
- Tutorial: faça, é curto e importantíssimo!
- Versus: modo clássico de luta Time vs Time (3×3) ou Duelo (1×1);
- História: Modo campanha;
- Treino: Modo de treino totalmente customizável;
- Modos online:
- Partida Ranqueada: partidas com pontuação que elevam ou diminuem o seu ranking
- Partida Casual: semelhante ao modo Versus, porém online
- Room Match: o modo “partida em sala” permite que até 8 jogadores joguem intercalando times, lutadores ou permaneçam apenas como espectadores, interagindo entre si;
- Online Training: modo de treinamento online totalmente customizável;
- Missões: modo em que o jogador escolhe um lutador para cumprir diversos desafios pré-estabelecidos no jogo.
Trilha sonora:
Por último, mas não menos importante, a Trilha Sonora vem para os amantes do bate-cabeça que só KOF sabe proporcionar.
Além das músicas de KOF XV trazerem os mais diversos temas de times e personagens rearranjados especialmente para o novo título, o menu de colecionáveis ainda traz mais de 300 músicas que podem ser desbloqueadas conforme a jogatina.
Sim, “kofeiro(a)”! Você poderá reviver grandes momentos da franquia desde o primeiro título de ’96, então não deixe de parar para ouvir o tema inesquecível do Kyo Kusanagi de KOF ’97, “Esaka Forever” ou de outros jogos da SNK como Fatal Fury e Metal Slug.
Conclusão:
Resumidamente, The King of Fighters XV, apesar de não oferecer uma das melhores campanhas em jogos de luta, tem tudo aquilo que um jogador do estilo procura: um visual extraordinário, suporte à um online decente, mecânica para iniciantes e uma infinidade de variações para os profissionais, estilo rápido de jogo, trilha sonora espetacular e cenários lindos (ufa!).
“Mas Nerds, mesmo com tudo isso, como saber se o jogo será um sucesso?”
– A resposta, gafanhoto, é simples: comunidade, suporte e conteúdo extra.
O sucesso dos jogos de luta, como outros jogos com foco no multiplayer dependem (além da qualidade do jogo, claro) de uma comunidade forte e que seja envolvida na busca por melhorias e sustentabilidade do game.
Infelizmente, os tropeços com os títulos anteriores abalaram os alicerces da comunidade “kofeira”, mas as melhorias que encontramos em KOF XV demonstram que a SNK ainda possui um carinho pela franquia e que ela também sabe identificar problemas e que está disposta à resolvê-los.
Para encerrar com chave de ouro, a frase “LIVE TO FIGHT ANOTHER DAY!” , estampada no último frame dos créditos, emociona, e acaba se tornando um memorando para aqueles com esperança de ver as suas franquias favoritas retornando com triunfo.
The King of Fighters XV tem tudo para retomar o seu lugar de destaque junto aos outros grandes títulos do gênero, nos proporcionando nostalgia, lutas épicas de se assistir e partidas épicas de se jogar.
- Desenvolvedora: SNK
- Plataformas: Playstation 4, Playstation 5, Xbox Series S/X, PC
- Plataforma de Teste: Xbox Series S
- Data de Lançamento Inicial: 14 de fevereiro de 2022
*Key recebida gratuitamente para review
Apaixonado desde sempre por jogos, filmes, séries, animes e quadrinhos, pai de dois gatos (Bruce Wayne e Zoe Maria) e com uma rotina quase impossível de acompanhar.
“Acreditar não é uma escolha, mas sim uma convicção.” – Clone Wars, S01E02
The King of Fighters XV
Pontos positivos
- Estilo Visual
- Mecânica
- Qualidade do Modo Online
- Trilha Sonora
- Localização em PT-BR
Pontos Negativos
- Modo Campanha