O Call of Duty de 2021 volta a segunda guerra mundial, mas dessa vez trazendo uma maior variedade de cenários e mecânicas do que antes visto na franquia
Call of Duty é uma das franquias anuais mais rentáveis da atualidade, com vendas que beiram o absurdo ano a ano, e isso se deve principalmente a qualidade encontrada nesses jogos, que quase sempre se mantém constante. E com COD: Vanguard, não acontece diferente. É importante ressaltar que essa análise está relacionada especificamente ao modo campanha do jogo, uma outra análise será feita para falar melhor sobre os modos multiplayer e zombies.
Sendo um jogo que lança todos os anos, cada um da franquia é feito prioritariamente por um estúdio específico, e no caso do Call of Duty: Vanguard, estamos falando da Sledgehammer Games, o mesmo estúdio responsável pelo Modern Warfare 3, Advanced Warfare e WWII. E é claro, o jogo é distribuído pela gigante Activision.
Audiovisual
Esse novo capítulo da franquia utiliza IW Engine 8.0, a mesma utilizada no reboot do Modern Warfare de 2019, da Infinity Ward. Essa engine foi refeita do zero e se tornou uma das engines mais bonitas em relação aos visuais. O Modern Warfare foi feito inteiramente na engine, e por conta disso, seu visual é simplesmente espetacular. O jogo do ano seguinte, Black Ops Cold War, utilizou a engine própria da franquia, mas com alguns elementos da IW, e apesar de ser um jogo bonito, é perceptível que visualmente ele é inferior ao jogo anterior.
Já o Vanguard segue a linha do MW, foi feito inteiramente na IW engine, com algumas melhorias que sempre acompanham os jogos mais recentes. O resultado disso é que Vanguard é um jogo visualmente lindo, com texturas e efeitos que enchem os olhos, assim como uma física e destruição de cenários aprimorados. Os personagens também são bem modelados e possuem expressões faciais bem decentes, é perceptível uma evolução de um jogo para o outro.
Os efeitos são um ponto que chamam bastante atenção em Vanguard, tudo está muito bonito e traz uma sensação de fluidez agradável aos olhos. Sendo um jogo de tiro em primeira pessoa num cenário de guerra, vamos ver muitas explosões e destruição causadas pelas armas de fogo ao longo do jogo, e tudo o que se vê é muito satisfatório.
Os efeitos de iluminação também são um ponto a se destacar, pois são, novamente, visualmente muito impressionantes, principalmente em cenários mais escuros. O jogo não tem ray-tracing, utiliza o sistema de iluminação da própria engine, que mais uma vez se mostra mais do que capaz de lidar com esse recurso. Todos os pontos de luz afetam os cenários, personagens e armas de forma muito natural e, no caso do efeito de fogo, é bem vívido, o que chama atenção, positivamente. Inclusive, que fogo bonito esse jogo tem. Seu visual causa uma sensação, novamente, de fluidez e satisfação, ele reage de forma realista com os cenários, mas é bem estático.
Efeitos são o que não faltam por aqui, e todos eles muito bonitos, como os efeitos da chuva presente em algumas fases, afeitos de fumaça que aparecem com frequência no jogo. E é interessante que os efeitos são implementados até mesmo nos projéteis dos tiros, que podemos ver o quão longe ele vai por exemplo. E na parte da noite, fica ainda mais visível esse fato.
É um jogo que em nenhum momento se torna cansativo visualmente falando, pois, cada uma das suas fases se passa em um cenário totalmente diferente. Variedade de cenários é o que não falta. E cada um dos cenários parece ter sido cuidadosamente modelado, com texturas em alta definição, nada nova geração ainda, mas ainda assim, está em um nível acima do satisfatório.
Agora, se tem uma coisa que impressiona mesmo são as cenas pré-renderizadas, assim como aconteceu no Modern Warfare. As cenas são muito bem-feitas e dirigidas, com gráficos tão realistas que em determinados momentos parecem até que são reais. Nesse ponto eles não economizaram, como de costume em Call of Duty, trazendo alguns atores que se destacam no mundo das séries e filmes. As cenas costumam ocorrer como transição entre um capítulo e outro no jogo, e em todas as vezes que isso ocorre, é de cair o queixo.
Falando um pouco sobre a parte sonora, temos também aquele nível de excelência que estamos acostumados a encontrar na franquia. Os sons das armas estão totalmente condizentes com a mesma, cada uma possuindo um som único. E é interessante perceber que o som da arma sofre interferência do cenário, tendo um eco maior em cenários mais fechado ou tendo o som abafado em outros tipos de cenários. O mesmo ocorre com outros tipos de sons, como por exemplo, o som das explosões, em geral, o design de som é muito bom, como de costume.
A trilha sonora do jogo não é nada muito impressionante, mas não deixa de ser boa. Em todos os momentos que ela se encontra presente, cumpre bem com seu objetivo de trazer uma maior intensidade e emoção aos momentos. Nada muito específico a se falar dela.
Uma última questão em relação a parte audiovisual do jogo é que nos consoles de nova geração é possível jogar o modo campanha com taxa de quadros elevada, chegando aos 120 fps. Esse modo deixa tudo mais fluido e dinâmico e não tem muitas quedas, mas é claro, para aproveitar isso, é necessário ter uma TV ou monitor capaz de suportar essa alta taxa de quadros.
Enredo
Já que citamos essas cenas de transição, vamos falar um pouco da história do jogo, evitando ao máximo spoilers, tentarei ser bem sucinto. Como de costume na franquia, vemos uma equipe de soldados unidos numa missão importante que pode mudar o rumo da guerra. Em Vanguard, se trata de uma equipe com múltipla nacionalidade, considerados os melhores em cada área.
O líder da equipe é Arthur Kingsley, um soldado britânico, negro, que traz a questão de racismo ao jogo, visto que se passa na segunda guerra mundial, onde os alemães se consideravam uma “raça superior”. Temos também Polina Petrova, uma exímia sniper soviética, Lucas Riggs, um especialista em bombas australiano e por fim, Wade Jackson, piloto americano. Existem outros personagens presentes no jogo, mas vou citar apenas esse pois é neles que o jogo possui um foco maior.
Temos a equipe desse Call of Duty, como de costume, porém, em Vanguard, cada um desses personagens é tratado com muito carinho, pois cada um deles tem uma forte motivação, bem estabelecida, para estarem ali naquele lugar e estarem fazendo aquilo. O jogo faz questão de mostrar momentos específicos para cada um deles visando aumentar a empatia do jogador com os personagens, e pelo menos para mim, funcionou muito bem.
Essa equipe de soldados excepcional tem como objetivo recuperar algo que eles sabem apenas o nome, chamado aqui de “Projeto Fenix”. E o jogo decorre na missão de conseguir pegar essa coisa. As cenas de transição citadas anteriormente são parte importante na história, pois são nessas cenas que a história “anda”. Em sua maior parte, essas cenas são marcadas por uma grande quantidade de diálogos, mostrando o ponto de vista tanto dos protagonistas como dos antagonistas.
É uma história que em si, não possui nada de excepcional, mas que vale a pena só de existir, diferente de alguns outros jogos que preferiram retirá-la. Não que o COD nunca tenha feito isso, é valido lembrar o que ocorreu com o Black Ops 4, mas eles aprenderam com o erro. É uma história simples, mas que toca em pontos muito importantes da sociedade em geral, além das guerras. É cativante e emocionante, que traz alguns momentos de tirar o fôlego e é super válida.
Jogabilidade
Bom, a jogabilidade é uma coisa que é muito fácil de se falar quando se trata de COD né? Pois basicamente todos os jogos seguem uma base, uma fórmula, que apesar de ser a mesma em basicamente todos os COD, não deixa de ser divertida em nenhum momento. Mas esse jogo até vai além disso em alguns momentos, e vamos falar mais desses momentos um pouco mais a frente.
O que podemos fazer em Call of Duty: Vanguard? Bom, nós podemos andar, correr, mirar, atirar, trocar de arma, atirar itens arremessáveis, esses que tem itens rimários e secundário, além de pular alguns obstáculos. Todos são coisa que todos bom FPS tem que ter não é mesmo? O básico, mas o suficiente para se ter uma experiência de jogo satisfatória.
E não é só porque tem essas mecânicas básicas que o jogo vai ser um jogo bom. Existem muitos casos de FPS que tem isso tudo e até mais, mas que no final não fazem o jogo ser bom. E é claro que com Vanguard, todos esses elementos fazem ser um jogo muito gostoso de se jogar, como de costume nessa franquia que tem tantos anos de experiência. E mesmo assim, Vanguard não se mantém apenas com essas mecânicas básicas de FPS.
Em determinados momentos do jogo, nós trocamos de personagem, jogamos com cada um daqueles personagens citados anteriormente. E não é uma mudança de personagem gratuita, cada um desses personagens possui uma experiência de jogabilidade diferenciada.
O primeiro diferencial, já citado anteriormente, é que cada um deles é especialista em uma área diferente, então, já teríamos aqui uma diferença nas armas e itens, mesmo que mínima. Mas o jogo vai além disso, dando a cada um desses personagens uma habilidade única, que diferencia a gameplay de cada um desses personagens. Por exemplo, o Arthur tem a habilidade de ordenar ataque para os outros membros da equipe, enquanto o Wade é capaz de ver inimigos atrás das paredes e mirar neles com mais facilidade. São habilidades ativas, e que requerem um tempo para serem recarregadas após serem utilizadas.
O jogo também tem uma verticalidade maior em comparação aos jogos anteriores, principalmente quando jogamos com a Polina. Ela é capaz de subir paredes para encontrar posições melhores para acertar alvos. Mas é claro, é uma coisa bem limitada, não podemos fazer isso livremente em qualquer lugar, mas é algo interessante e que pode ser evoluído em jogos futuros.
Conclusão
O modo campanha de Call of Duty: Vanguard não é dos mais longos. Na minha gameplay, terminei a campanha em mais ou menos 8 horas, jogando no nível Veterano. É possível terminar ainda mais rápido jogando nos níveis mais baixos. E apesar de ter dificuldades mais elevadas, não é um jogo punitivo e em nenhum momento ele se torna estressante e desanimador mesmo na dificuldade mais alta.
Se você é fã de jogos com histórias mais lineares, ou mesmo se é fã de um bom FPS, saiba que ainda não chegou o dia em que a campanha de Call of Duty se tornou decepcionante. O modo campanha de Vanguard é muito divertido, com uma boa história, momentos de tirar o fôlego e uma duração que eu considero ok. É um jogo bem caro, mas que além da história, possui um modo multiplayer massivo que vai te prender por dezenas ou centenas de horas.
Call of Duty: Vanguard está disponível para Microsoft Windows, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One e Xbox Series X / S.
*Key cedida para análise.
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