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Introdução
É possível melhor algo que já era muito bom? E é possível fazer isso sem mudar a personalidade do produto ou o “feeling” original dele? Estamos em uma época em que se tem tido um foco muito grande nisso, e apesar de vermos essa tentativa de melhora em grande número, não é uma novidade em si. No início das novas gerações de consoles sempre ocorrem coisas do tipo, pois requerem menos tempo para serem feitas e dão mais tempo para novos materiais originais serem criados.
Se não está entendendo do que estou falando, saiba que estou me referendo a grande onda de remakes de alguns jogos clássicos que estão sendo produzidos. Dead Space é um desses casos, onde se pega um jogo de muita qualidade, mas que já está um pouco defasado ou de difícil acesso, e o refaz usando as tecnologias mais recentes.
Com o crescente número de remakes sendo feitos, alguns tem sido bons, outros nem tanto. Alguns necessitavam de remake, outros nem tanto. Alguns foram fiéis ao jogo original, outros nem tanto. Alguns bem-sucedidos, outros nem tanto. E todas essas variáveis geram alguns burburinhos, que as vezes são meio desnecessários.
Alguns exemplos recentes de sucesso foram os remakes de Resident Evil 2, Demon Souls, Final Fantasy VII, entre outros. Jogos bem datados que receberam uma nova roupagem, trazendo novamente aquele conteúdo que encantou (ou não) os jogadores na época mas com visual renovado. Mas um problema que vem com isso é o fato de que alguns fãs mais chatos tendem a se prender naquelas experiência passada e julgando erradamente o novo produto.
O Final Fantasy VII por exemplo, teve uma remake muito ambicioso a ponto de precisar ser dividido para entregar uma experiência satisfatória, mas com esse aumento de escopo, algumas alterações foram necessárias serem feitas, o que causou histeria para os fãs mais puristas.
Mas se vemos um caso que as mudanças são mais sutis, como é o caso do remake de The Last of Us: Part 1 que traz uma experiência definitiva melhorando todos os aspectos do jogo, mas permanecendo fiel ao modelo original, reclamam também. Será que eles têm razão ou reclamar é apenas uma moda? Bom, de fato o jogo não é tão antigo a ponto de necessitar ser refeito, mas ao jogar, é perceptível o ganho que a experiência de jogar esse jogo incrível novamente traz.
E Dead Space entra nessa história de maneira muito semelhante ao que rolou com o The Last of Us: Part 1, isso porque o jogo original ainda é um jogo bem atual e que não geraria muita dificuldade ao jogá-lo. E assim como defini o remake de TLOU Part 1, o remake de Dead Space traz uma experiência definitiva melhorando todos os aspectos do jogo e permanecendo fiel a “obra” original. Mas como diria o Jack Estripador, “vamos por partes”, inclusive, essa frase combina perfeitamente com o jogo, mas vamos desmembrar isso mais à frente.
Do que se trata Dead Space?
Caso esteja em algum buraco e não conheça a franquia (é claro que você pode ser jovem ou simplesmente não conhecer, então ignore a piada), Dead Space é um jogo de survival horror onde controlamos Isaac Clarke e enfrentamos monstros assustadores chamados aqui de “necromorfos”. Na verdade, Dead Space não é apenas um jogo, e sim uma franquia, tendo tido uma trilogia de jogos nas gerações passadas, indo de um survival horror raiz para um jogo de ação, tal qual Resident Evil.
Apesar de haver essa mudança com o tempo, seu início foi totalmente focado no survival horror, e foi um jogo tão bom que virou referência por muito tempo, inclusive até os dias atuais, mas com a tristeza de ser mais uma das franquias destruídas pela EA. Apesar de marcar a indústria, a evolução indo em direção ao gênero de ação acabou tirando um pouco da personalidade da franquia, o que diminuiu seus números e a fez ficar esquecida.
Os fãs da franquia ficaram anos e anos sem ter o contato que a franquia merecia, mas em 2023, a tendencia de jogos survival horror parece estar voltando com tudo, iniciando com o já citado retorno da franquia Resident Evil, mas também de outras franquias clássicas como Silent Hill, Alone in The Dark, jogos que passaram para esse gênero como o Alan Wake 2 e até mesmo experiências novas como The Callisto Protocol.
Com o gênero em alta, o retorno de Dead Space era mais do que bem vindo, afinal, muito do que vemos hoje no gênero tem influência desse jogo. E felizmente, ele retorna da melhor maneira possível, trazendo uma experiência fiel ao jogo original, trazendo um visual totalmente renovado e algumas boas adições.
Mas antes de falar sobre as questões técnicas do jogo, vou falar um pouco sobre a história, mas sem aprofundar muito para que a experiência seja genuína. Como já dito, temos o controle de Isaac Clarke, um engenheiro que, junto a sua equipe, partem em uma viagem espacial para responder um pedido de ajuda para a manutenção de uma grande nave mineradora.
Antes mesmo de chegar, já é perceptível que algo de errado estava acontecendo naquela nave, e ao adentrá-la, o caos se inicia com sangue e corpos para todo o lado e com criaturas nunca antes vistas rodando por aquele lugar. Então o nosso protagonista parte em uma jornada para entender o que havia acontecido e para reencontrar a sua esposa que trabalhava nesta mesma nave.
A história começa meio lenta, mas vai subindo em escala gradualmente, mas uma coisa é presente no jogo do início ao fim: a tensão. É uma história cheia de reviravoltas e com uma profundidade bem grande, e que, importante, dura o tempo que precisa ser. Não é um jogo longo, mas na minha opinião, é uma duração perfeita. Mas isso também é algo meio polêmico pois não é um jogo extremamente longo, porém seu preço é bem salgado. Eu acho que vale a pena, mas a sua opinião não necessariamente vai ser a mesma que a minha e tudo bem com isso.
Dito isso, em relação a história, personagens, clima etc., era esperado que a qualidade fosse lá em cima por que o jogo original já era assim, não é mesmo. E novamente repito, esse jogo é a experiência definitiva de Dead Space, porém, podemos nos aprofundar um pouco mais nas partes técnicas do jogo.
Remake de verdade?
Um remake é basicamente definido quando se pega algo que já existe e o refaz dando uma nova cara. Em filmes ocorre bastante, quando por exemplo um filme possui uma boa história mas que tem muitos elementos de uma cultura x. E aí alguns remakes podem ser feitos mudando esses elementos e trazendo aquela história específica com uma nova roupagem, sendo feito do zero.
Não é obrigatório que hajam mudanças tão radicais assim, por exemplo, temos filmes de animação como A Bela e a Fera, Cinderela, Aladdin, entre outros, que foram totalmente refeitos no formato live-action, mudando visualmente o filme mas não necessariamente alterando a estrutura original da história.
Dead Space segue essa linha, e convenhamos, não era uma tarefa muito difícil. O jogo original, apesar de ter sua idade, ainda é muito bonito hoje em dia, podendo ser jogado tranquilamente. Mas só porque a tarefa não era difícil, não significa que não há mérito ao fazê-la. Dead Space (2023) consegue fazer com que um jogo bonito, apesar de pouco defasado, se torne um jogo ainda mais bonito e atual.
Os gráficos são muito bons, com texturas bem definidas, efeitos de iluminação realista, modelos detalhados, física refinada, entre outros fatores. O jogo é beneficiado pelo fato de estar disponível apenas para a nova geração, podendo entregar gráficos de alta qualidade sem tanto esforço. Não é o jogo mais bonito de todos, nem mesmo o remake mais bonito, mas a qualidade que ele entrega é inegável.
Ele não é exatamente igual ao jogo original, alguns dos modelos foram alterados quase que totalmente e um dos maiores exemplos é o próprio protagonista, que está bem diferente do jogo original, o que me causou uma certa estranheza nos trailers mas que passa totalmente batido quando se está jogando. É uma mudança grande, mas que não afeta em nada na jogatina.
Os necromorfos sofreram algumas mudanças também, mudanças essas que os tornam ainda mais assustadores. Apesar de o jogo original ainda ser bonito, os necromorfos foi uma das coisas que envelheceu mal, e aqui temos uma grande melhoria. E a melhoria não fica apenas na questão dos modelos dos inimigos, vai bem além.
A melhor maneira de se derrotar os necromorfos é desmembrando-os, pois isso os torna mais lentos e eventualmente os mata também. E nesse sentido há uma evolução grande, pois agora eles possuem uma sistema onde as partes do corpo, como esqueleto e a carne, funcionam de maneira individual. Por exemplo, um tiro destroça a carne do inimigo, mas não necessariamente tem poder para destruir o osso ao mesmo tempo. Isso torna a experiência de derrotar os inimigos mais realista, tanto na maneira que ocorre quanto visualmente.
Uma coisa que me decepcionou um pouco foi as mortes do protagonista, isso porque o jogo é uma das referências nesse tipo de coisa pois praticamente iniciou com o jogo original. O The Callisto Protocol por exemplo, que é um jogo fortemente inspirado em Dead Space, sendo inclusive feito pelo criador da franquia, apresenta mortes do protagonista bem mais criativas e viscerais do que o Dead Space remake. Temos basicamente uma repetição daquilo que havia no jogo original, o que é decepcionante, mas que não tira o brilho de jogar.
O jogo também apresenta duas maneiras de se jogar, algo que tem ficado cada vez mais comum nos jogos de nova geração. Podemos jogá-lo no modo padrão, com gráficos mais detalhados e fixados em 30 fps, ou podemos jogar no de maior taxa de quadros, onde o jogo tem alguns elementos gráficos reduzidos e a taxa de quadros elevada. Porém, jogando neste modo, tive algumas quedas na taxa de quadros que causavam alguns travamentos, travamentos estes que não experimentei utilizando o modo padrão.
Mas afinal, como o jogo funciona?
Como dito anteriormente, se trata de um jogo de survival horror, baseado na perspectiva de terceira pessoa. É basicamente um loot and shooter bem tenso onde os recursos são bem escassos e que devem ser utilizados com cuidado, ou seja, um survival horror raiz. Outro elemento presente que também dá muito a cara nos jogos desse gênero é o leva e traz de itens e a resolução de puzzles.
Com o protagonista, podemos basicamente andar de forma lenta ou rápida, mirar e atirar, sendo disponíveis tiros principais e secundários. Além disso, podemos usar habilidades tele cinéticas além de podemos utilizar uma grande variedade de itens consumíveis, estes que podem ser adquiridos explorando o cenário ou comprados utilizando o dinheiro que adquirimos por meio da exploração.
As armas, assim como no jogo original, são bem variadas e únicas, o que afasta e muito a sensação de repetição no tiroteio, além de que temos também uma ampla variedade de inimigos e muitos deles requerem estratégias diferentes para serem derrotados. As armas, assim como o traje, podem ser aprimorados, o que faz com que o jogo possua uma progressão bem competente.
Uma coisa que melhorou muito foi o modo de gravidade zero, onde podemos flutuar livremente em alguns momentos do jogo. Nesse sentido, houve uma melhora bem grande em relação ao controle do personagem, sendo mais simples e divertido de ser feito.
Mas o jogo não apenas melhora o que ele já possuía. No jogo original tínhamos a história principal do jogo e ponto final. A remake incluiu algumas missões secundárias que aumentam um pouco o tempo de jogatina e apesar de não serem tão complexas, conseguem preencher um espaço que nem imaginava que existia, é um bom complemento para o jogo.
Outra coisa que o jogo original tinha e que o remake mantém são os menus intrínsecos do jogo. Alguns menos aparecem de forma bem natural do jogo, não sendo necessário exibir nenhum tipo de janela fixa na tela. É claro, alguns momentos temos esse tipo de coisa como no próprio menu de pausa, mas grande parte dos menus não é assim, inclusive, a vida do personagem é exibida no próprio modelo, assim como o status da habilidade de telecinese.
O jogo possui diversos níveis de dificuldade tornando a experiência bem mais acessível a jogadores mais causais, porém, senti falta de algumas adições de acessibilidade para jogadores com algum tipo de deficiência. Existem opções de acessibilidade no jogo, mas são bem poucas e não me parecem fazer uma diferença muito perceptível.
Afinal, vale ou não a pena?
Dead Space era um jogo excelente, e esse remake só vem pra nos mostrar isso, porém, ele consegue ir além disso e traz uma experiência extremamente satisfatória e divertida. Mas se vale ou não a pena, é uma coisa bem pessoal e que só ao jogá-lo será possível chegar na resposta.
Como já dito, algumas pessoas exigem em excesso desses remakes e possuem uma facilidade na hora de criticar, seja por preciosismo ou apenas pelo prazer de criticar. Na minha opinião, é um jogo fantástico, mas é um jogo curto e caro. Felizmente eu fui agraciado com um código do jogo, que inclusive agradeço a EA, mas comprar é uma questão totalmente diferente que depende apenas de você.
Um jogo de qualidade você vai encontrar, isso é fato, mas até onde está disposto a ir ou a pagar por essa qualidade, é uma resposta que não posso responder. Se busca uma indicação, posso garantir que, assim como eu não me arrependi de jogar, não vai se arrepender da aquisição.
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