Anunciado no início do ano e lançado em agosto, Cult of The Lamb é o mais novo lançamento da Publisher Devolver Digital, famosa por seus jogos indie muito criativos e quase sempre bons. Desenvolvido pela Massive Monster, um pequeno estúdio europeu responsável por nos trazer anteriormente jogos como The Adventure Pals, Never Give Up e unicycle Giraffe.
A primeira coisa que chamou atenção em seu anúncio foi o seu visual carismático, mas que tem um pano de fundo bem pesado, semelhante ao que encontramos em Cuphead, que possui um visual bonitinho, mas com um background sombrio. Mas apesar de uma semelhança artística, em matéria de jogo, são totalmente diferentes. Curioso para saber como o jogo funciona? Então vem com a gente nessa jornada!
Um jogo onde literalmente fazemos um pacto com o diabo
Cult of The Lamb é mais um daqueles jogos de um dos gêneros do momento: rogue-like. Com o crescente número de jogos desse gênero, é fácil encontrarmos exemplos de jogos que não agregam em nada no crescimento do gênero, mas temos alguns exemplos de jogos que elevam o nível criativamente e são capazes de quebrar alguns paradigmas. Exemplos recentes de jogos rogue-like bons são os jogos Hades e Returnal, que estão inclusos nesse gênero, mas não deixam de ter um lado criativo.
O novo jogo da Devolver é um desses jogos que, apesar de não inovar em nada, traz alguns elementos de outros gêneros e faz a experiência de jogar ser enriquecida satisfatoriamente. Mas apesar disso, o sistema rogue-like dele funciona muito bem, eu sou uma pessoa que geralmente não gosta muito de jogos desse gênero, mas no caso de Cult of The Lamb, fui surpreendido por suas possibilidades. Mas como o jogo funciona?
Para responder essa pergunta, vamos falar um pouco sobre o enredo do jogo, pois muitas das mecânicas presentes nele derivam de sua história, o que é um ponto positivo. No universo do jogo, o mundo é povoado por versões humanoides dos animais que conhecemos da vida real, e nós somos uma ovelha, a última da espécie inclusive. No início do jogo, estamos sendo levados para a nossa execução, como uma maneira de ritual para manter preso um “demônio” por assim dizer.
Porém, ao matar o protagonista, os ritualistas fizeram exatamente o que esse “demônio” queria, pois no mundo dos mortos ele teria o contato que desejava com a ovelha, com o protagonista. Então, nós fazemos um pacto com o diabo, literalmente, para termos nossa vida de volta, mas em troca disso, teríamos que libertá-lo. E é aí que a história toma seu início de fato.
O mundo do jogo está tomado por essas criaturas que tentaram nos matar, que o tomaram junto com seus seguidores do culto antigo. E para tomar o mundo de volta, e consequentemente, libertar o “demônio”, nós precisamos criar nosso próprio culto para derrotarmos cada um dos quatro líderes do culta antigo, e ao derrotá-los, destruir cada uma das quatro correntes que prendem o nosso libertador.
Porém, cada um desses líderes está atrás de uma porta, e para abri-las, precisamos de uma certa quantidade de liderados, e assim, ter força suficiente para enfrentá-los. Ou seja, aumentar o nosso culto é uma das principais tarefas que devemos ter para realizar nossos objetivos. Mas como conseguimos mais seguidores? A resposta é bem simples.
Ao passar pelas fases do jogo, que são geradas de forma procedural, somos capazes de escolher o caminho que queremos seguir. Mas como assim? Bom, ao passar da fase inicial, é aberto um mapa de possíveis caminhas que podemos seguir. Cada um desses caminhos nos possibilita passar por coisa diferentes, por exemplo, tem um caminho com foco em batalha, outro com foco em farm, outro secreto e assim por diante. Devemos escolher sabiamente o caminho a seguir, de acordo com nossa necessidade, pois, ao prosseguir, não é possível retornar.
Uma das formas de adquirir novos seguidores é escolhendo um caminho que vá te levar a um deles, ou derrotar os chefes e subchefes que encontramos nas fases. Mas encontrar novos seguidores é só uma parte de todo o processo. Ao recrutar um devoto, ele fará parte de nosso culto e será enviado para nosso “QG”. Lá, ele realizará algumas tarefas de acordo com o nosso desejo, e geralmente ficam entre modos de farmar itens, como destruir pedras e árvores, ou adorar, o que nos dá o XP do jogo.
Porém, temos que cuidar desses cultistas, pois eles têm pensamentos e atributos individuais, ficam cansados, tem fome e até mesmo podem perder a fé. Então é necessário ter muitos cuidados com eles pois são eles que nos geram XP, o que nos faz progredir no jogo, além de serem responsáveis também por abrir as portas dos inimigos.
Conforme passamos de nível, vamos ficando mais fortes, obviamente, mas conforme o tempo passa, mas difícil fica, também, aumentar o nível. Para que essa evolução fique um pouco mais natural, é possível também evoluir o nível dos cultistas, e fazemos isso abençoando-os ou realizando algumas tarefas solicitadas por eles.
Conforme evoluímos, vamos liberando novas habilidades e novas atividades de gameplay, o que nos dá a sensação de que conforme o tempo passa, o jogo fica cada vez melhor. De fato, pela variedade de coisas para fazer, não temos a sensação de que o jogo fica cansativo muito rápido, e nos dá a capacidade de jogarmos da forma que acharmos melhor. Por exemplo, quem quiser focar em derrotar os líderes do culto antigo e terminar a história, pode fazer, da mesma forma que quem quiser focar no crescimento do nosso culto, pode fazer também.
O jogo segue uma estrutura básica para derrotar cada um dos chefes, que é passar de 4 fases até chegar na luta final. Cada uma dessas fases possui um subchefe ao final, e podem ter mais ou menos caminhos disponíveis, o que dá uma certa variedade. Cada uma das fases tem seu próprio bioma e seu tipo de item único, e eles são em úteis para liberarmos itens bônus e facilitar ainda mais a sua jornada.
Bom, falamos um pouco sobre a estrutura do jogo, então vamos entrar um pouco mais no seu combate. Essa parte do jogo é bem simples, mas ainda assim, bem divertida. Ao iniciar as fases, nos pegamos um certo tipo de arma de curta distância, que possuem basicamente quatro variações, que mudam a quantidade de dano da arma e sua velocidade, e pegamos uma arma de longo alcance.
Cada variação de arma tem sua própria maneira de se jogar, o que requer um certo entendimento antes de partir para a porradaria, mas em geral, são bem fáceis de entender o funcionamento. O mesmo ocorre com as armas de longo alcance, mas no caso delas, a quantidade de golpes é limitada, sendo necessário recarregar novamente após atingir o limite de golpes.
Assim como temos uma variedade de armas, temos também uma variedade gigantesca de inimigos, que vão desde variações de um tipo básico de um inimigo até tipos de inimigos específicos de cada um dos biomas. Seus tipos de ataque mudam, mas a maneira de matá-los é sempre a mesma, bater, bater e bater. Assim como nós, os inimigos podem atacar tanto de perto quanto de longe.
É um jogo do gênero rogue-like né, ou seja, é bem provável que você vá morrer várias vezes até conseguir, mas ele possui um diferencial nesse quesito que não me recordo de ter visto anteriormente e outros jogos do gênero, que é a capacidade de selecionar o nível de dificuldade do jogo, o que o torna bastante acessível, mesmo para aqueles que não são muito adeptos do gênero, como é o meu caso.
Cult of The Lamb vale a pena?
O novo jogo da Massive Monster é um daqueles jogos que vai te prender por horas sem cansar pelo simples fato de ser muito divertido. Como disse um pouco mais acima, esse jogo é literalmente um pacto com o diabo pois é bem provável que ele te vicie, e isso pode acontecer de diversas maneiras diferentes.
É um jogo que quer ser muitas coisas ao mesmo tempo, e não é o melhor deles em nenhuma delas, mas isso não o faz ser menos divertido. É um jogo que te prende principalmente pela diversão, simplicidade e carisma, acessível para aqueles que querem uma experiência mais tranquila, mas que também atende aqueles que querem uma experiência mais hardcore.
Possui uma história bem simples, mas satisfatória o suficiente, e de fácil entendimento, principalmente por estar localizado no nosso idioma. Se você veio aqui procurando uma indicação de um bom jogo, Cult of The Lamb vai te atender muito bem, ainda mais estando disponível nas mais variadas plataformas.
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