O Road 96 é uma viagem louca e linda. A descoberta de lugares emocionantes e pessoas incomuns em sua jornada pessoal para a liberdade. Uma aventura baseada em uma história em constante evolução inspirada em Tarantino, The Coen Brothers e Bong Joon-ho. Feito pelos criadores premiados de Valiant Hearts e Memories Retold.
Essa que você acabou de ler é a descrição oficial do jogo que agora iremos descobrir se tem alguma verdade ou não. Pegamos o jogo para análise a exatamente um mês atrás, inclusive agradecemos o envio com antecedência, pois dá tempo para analisar o game de forma mais calma e observar mais detalhes.
Desenvolvido pela Digixart e Plug in Digital que, como dito previamente, foram os estúdios responsáveis por jogos como Valiant Hearts e Memories Retold e de certa forma é bem evidente a mão por trás do jogo, mas explicarei melhor essa afirmação mais para frente. Primeiro vamos falar sobre a estrutura do jogo, que sinceramente, me pegou de surpresa pois não havia todo nenhum contato com o jogo antes de o analisar.
Ao iniciar o jogo, me deparei com uma visão em primeira pessoa e uma conversa muito bem escrita e não linear. As conversas entre os personagens ocorrem de acordo com a escolha do jogador, pois, assim como ocorre em jogos de RPG, podemos escolher o que o personagem vai falar no diálogo, o que tira um pouco da linearidade do jogo. A maioria das escolhas de diálogo só afetam o rumo da conversa, mas algumas tem uma certa influência no rumo da história.
No meio dessa conversa, podemos aceitar ou recusar jogar um minigame, e é justamente nesses minigames que encontramos a maior variação da jogabilidade no game. E são dos mais diversos tipos de minigames, desde jogos estilo pong, hockey de mesa até uma “simulação de bartender”. Mas o jogo não se baseia apenas nisso, em muitos momentos o jogador é colocado em situações que requerem um pouco de atenção na tomada de decisão, o que e determinados momentos é até difícil para determinadas pessoas, pois somos colocados em situações bem tensas.
Outra parte importante, na verdade, pode se dizer que é a essência do jogo, são os personagens que encontramos no meio da jornada, ou jornadas como também falaremos mais a frente. O nosso personagem, apesar de ter suas escolhas em diálogos, não tem em si uma personalidade, muito pela própria proposta do jogo, e por isso os personagens “coadjuvantes” são aqueles que levam a história para frente. São vários personagens diferentes, com personalidades próprias e é aqui que retomamos aquela afirmação lá no início de que é perceptível a mão do estúdio no jogo.
Nos deparamos com alguns personagens, em diferentes situações que traem um maior afeto com eles, principalmente vendo tudo o que eles passam. Cada personagem tem sua própria história e relações, e é bem impressionante a complexidade que eles possuem. São personagens tão bem escritos que um simples diálogo traz uma história inteira cheia de emoções.
Isso remete aos jogos anteriores do estúdio, como o Valiant Hearts, que tem uma história muito emocionante, e aqui acontece o mesmo, mas de maneira diferente aqui. Esses personagens possuem relações entre si que são mais bem exploradas com o decorrer do jogo. E possuem relação com a história geral dele.
Mas antes de falar da história geral, vamos falar sobre como funciona a estrutura do jogo. O nome do jogo não é Road 96 por acaso. Esse é o objetivo do jogo, somos colocados numa jornada para chegar a Road 96 e atravessar a fronteira. E para minha surpresa, isso aconteceu muito rápido, em mais ou menos uma hora. E foi aí que eu entendi como o jogo funcionava. Por isso disse anteriormente que seriam jornadas ao invés de somente jornada.
Controlamos diversos personagens que tem u objetivo em comum, atravessar a fronteira. Porém, cada uma dessas jornadas ocorre de maneira totalmente diferente, com exceção dos “coadjuvantes” que aparecem nas histórias. Mas sempre em situações diferentes, e essas situações situam os jogadores das relações que esses personagens têm entre si e de suas personalidades.
Mas voltando aos protagonistas, suas jornadas não são sem fundamento. E aqui é onde a história geral entra. O game se passa em uma cidade fictícia chamada Petria, que está passando por uma turbulenta eleição. O governo atual é bem impositivo e militante, e os que mas sofrem com essa situação são os jovens. E por isso todos eles têm o mesmo objetivo, fugir de seu país, mas as escolhas que fazemos nessa jornada podem mudar o futuro do país.
Anteriormente foi dito que os “protagonistas” não tem uma personalidade, de fato não tem, pois são nossas escolhas que os moldam, nós de certa forma criamos os personagens. E em meio a todo esse conflito político, os jovens são aqueles que de fato podem mudar o futuro de uma nação. É até filosófico se parar para pensar. No decorrer da jornada, voltando aos “coadjuvantes”, temos neles um olhar dos outros em relação a situação do país.
Todos ali são politizados. Alguns são mais ativos em relação a isso e outros apenas observam, mas cada um tem seu próprio olhar sobre a política local. E isso não quer dizer que temos uma visão estática com eles, pois assim como ocorre com pessoas reais, opiniões mudam e isso ocorre com alguns personagens no decorrer do jogo.
Agora falando um pouco sobre as partes mais técnicas do jogo, vamos falar sobre o visual dele. Como dito anteriormente, o jogo é na perspectiva de primeira pessoa e nele encontramos um gráfico bem simples, com um traço cel shading. É simples, mas a real é que não se tem necessidade de um gráfico mais aprimorado, pois o forte do jogo em si é a sua história. E apesar disso, existem momentos que ele pode até surpreender, principalmente em relação as expressões faciais, que não são nada de outro mundo, mas passam claramente o que o personagem está sentindo no momento.
Os cenários do jogo funcionam parecido, e são uma quantidade razoável de cenários que existem. São cenários pequenos, mas com grande variedade e que tem segredos que não são possíveis de serem acessados, dependendo do decorrer da jornada pois aprendemos também diferentes habilidades que possibilitam novas interações com o cenário.
Agora falando da trilha sonora, temos uma grande variedade de gêneros musicais aqui. Ela também tem uma relação com as mecânicas do jogo, pois muitas das músicas que toca no jogo são itens colecionáveis em forma de fitas que encontramos no decorrer do jogo. Em quase todos os momentos que a trilha sonora está presente, é porque uma dessas fitas foi colocada para tocar, uma sacada bem inteligente. É claro, em alguns momentos, a trilha sonora ocorre de maneira mais tradicional.
Então chegamos ao fim de mais uma análise e a minha opinião é que, se você busca um jogo com uma história muito bem escrita, personagens cativantes, jogabilidade diversa e que te faça pensar um pouco, Road 96 é um jogo que não vai te deixar na mão. É um jogo que visivelmente foi feito com muito carinho e que com certeza vai agradar aqueles que o jogarem e é claro, prendê-los até o fim. Recomendo jogar com calma, fazendo uma jornada de cada vez para uma experiência mais reflexiva, pois a cada jornada, aprendemos coisas e é bom parar um pouco para pensar em tudo o que aprendemos ali.
Road 96 está disponível para PC e Nintendo Switch.
*Key cedida para análise
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