Sobreviva aos perigos da floresta amazônica, parta numa viagem que colocará a sua resistência à prova enquanto os efeitos da solidão se manifestam de forma física e psicológica em Green Hell.
Desenvolvido e publicado pela Creepy Jar, Green Hell se trata de um jogo de sobrevivência em primeira pessoa ambientado no centro da Floresta Amazônica. Disponível em diversas plataformas, Green Hell é mais um dos inúmeros jogos de sobrevivência disponíveis no mercado, mas que possui particularidades que o colocam acima do nível de diversos outros concorrentes.
As primeiras impressões que tive foram totalmente positivas ao jogar. Primeiramente, o jogo está totalmente localizado no nosso idioma nativo, o que já deveria ser normal hoje em dia, mas que infelizmente não é, então, quando acontece, é importante destacar, ainda mais se tratando de um estúdio razoavelmente pequeno.
Mas ao iniciar o jogo, outra coisa chama bastante a atenção, que é o seu visual. O jogo possui cenários visualmente muito bonitos, com uma ambientação rica e densa, com muitos detalhes e bem modelada. Em contrapartida, é perceptível alguns problemas justamente por conta de sua beleza. Acontecem pop-ups de textura excessivos e o FOV (campo de visão) é bem limitado, porém, após avançar no jogo, isso não incomoda tanto apesar de ainda estar presente.
Em geral, é um jogo bem modelado, mas que possui algumas limitações que nesse caso são totalmente compreensíveis. A água do jogo é bem bonita e fluida, se integrando bem ao bom visual do jogo, porém, a interação com ela é praticamente nula, no sentido de por exemplo, ela ter uma deformação ao ter contato com o personagem. Em questão de gameplay, ela é muito importante, como será explicado mais à frente.
Possui um ciclo de dia/noite bem decente, em questão ambiental, é um jogo muito bom em si. Em questão de modelagem de personagens, em questão de expressões faciais principalmente é onde se encontra sua maior limitação. Existem momentos que temos interações com outros personagens na história, e a todo mundo, é perceptível um esforço bem grande do estúdio para esconder o rosto dos outros personagens falando. É algo que acontece, mas que não atrapalha, pois o foco do jogo não é esse e tal limitação não é limitada a esse jogo em si, mas sim ao próprio gênero que ele está incluído. Coisa que talvez possa mudar com o advento de novas tecnologias como o Meta Human da Epic Games.
Foi dito anteriormente que o jogo estava num cenário com muitos concorrentes, mas que ele tinha um diferencial, e este se trata da sua história. Um jogo muito famoso do gênero é o The Forest, que tem como o seu diferencial o mesmo apresentado pelo Green Hell. Os jogos do gênero sobrevivência costumam ter um pano de fundo para situar o jogador no cenário onde se encontra, mas que não costuma ser bem desenvolvido. Uma grata surpresa é que isso não acontece aqui, a história tem uma certa importância, com direito até a algumas cutscenes.
Se tratando da história, o jogador toma controle de Jake, um antropólogo que parte numa expedição na Amazonia com sua mulher, Mia, em busca de algo revelado com o decorrer do jogo. Porém, algo acontece e a Mia se encontra em perigo, fazendo com que Jake parta em busca de encontrá-la novamente, mas várias outras tramas se desenvolvem no decorrer dessa jornada. E a parte de sobrevivência, que é o que os jogadores buscam quando querem jogos do gênero, está presente.
Assim como na realidade, a Amazonia é um local lindo e cheio de vida, mas que possui perigos a todo momento, em todo lugar. No Green Hell, Jake terá que enfrentar diversas ameaças como predadores animais e os inimigos mais perigosos do jogo, uma tribo de canibais. São os inimigos mais formidáveis aqui pois possuem uma boa IA, que varia de acordo com o nível escolhido do jogo, que atualmente são quatro níveis no modo história.
Porém, os inimigos não são a única maneira que a Amazônia tem de te matar. É necessário ficar a todo tempo de olho nos nutrientes do corpo e as suas necessidades. Aqui retornamos a importância da água, pois é com ela que o jogador sacia a sede do personagem. Outros fatores importantes a se ter cuidado são a fome e ao nível de sanidade que são exibidos o jogador por meio de um relógio multifuncional, que serve também como bussola e obviamente, um relógio.
Um fato interessante do relógio é que ele é inserido na gameplay de forma intrínseca, e aqui é um ponto a se parabenizar o estúdio também. O jogo possui uma HUD bem minimalista e agradável, mas que requer um tempo para acostumar-se, principalmente para aqueles que não costumam jogar jogos do gênero. Cada elemento da HUD, como o relógio, mochila etc. são inseridos no gameplay por meio da história, o que torna tudo bem mais natural, não tendo a sensação de que só estão simplesmente ali.
Falando da gameplay em si, em Green Hell, o jogador encontra tudo aquilo que os outros jogos de sobrevivência oferecem. É um jogo em primeira pessoa onde o personagem pode andar, correr, nadar, bater e pular. É possível acessar sua mochila que serve como inventário, e nela é possível ver todos os itens disponíveis, não apenas numa lista, você consegue ver o item modelado em si e a própria mochila.
Ao acessar a mochila, também é aberto um segundo “menu”, que possibilita ao jogador olhar determinados membros do corpo do Jake e procurar por ferimentos que aqui podem ser causados de inúmeras formas, como ataques de animais e até mesmo doenças. Como dito anteriormente, a inteligência dos inimigos e satisfatória, tendo suas variações de acordo com o nível, mas também disponibiliza os modos personalizado e turista, sendo esse último um modo onde não existem ataques hostis e nem de animais.
Como é comum em jogos do gênero, em Green Hell, o jogador vai encontrar um sistema de crafting robusto e cheio de possibilidades que vão desde criação de itens de cura até alguns tipos de armas e moradias seguindo, claro, as limitações de alguém que está sobrevivendo com somente aquilo que a floresta pode oferecer. É possível abrir e procurar servidores online para seguir jogando com outros amigos, compartilhando a história e as suas criações.
Agora, se tratando da Amazonia em si, aqui ela é tratada como um personagem e como um bom brasileiro, é bom ver ela sendo tratada com respeito do jeito que ela merece, mesmo que dentro de um jogo. É interessante ver que ela não foi colocada apenas como um pano de fundo, ela tem um propósito de estar ali, e é perceptível que o estúdio se deu o trabalho de pesquisar sobre ela antes de colocá-la ali. Isso se mostra quando vemos diversas informações sobre a cultura indígena, o uso da Ayahuasca, os animais que são realmente nativos da região, que a propósito são bem modelados, mas que possuem uma IA bem simples.
Green Hell é uma grata surpresa, possui uma gameplay consistente, uma história interessante e um visual deslumbrante. É um jogo muito divertido que vai render horas de gameplay e que, além disso, vai disseminar um pouco da cultura da nossa Amazonia, a maior floresta do mundo que esconde as mais belas e variadas formas de vida no mundo.
Green Hell está disponível para Microsoft Windows, Nintendo Switch, PlayStation 4 e Xbox One
*Key cedida para análise
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